A unidade monitora é definida como a leitura da corrente integrada de uma câmara de ionização de placas paralelas contida acelerador linear, sendo que esta leitura é proporcional à intensidade média do feixe de radiação.[1]
As câmaras de ionização utilizadas como monitoras em feixes de fótons de alta energia normalmente são seladas de modo que não haja variações na leitura devido aos efeitos da pressão e da temperatura.[2][3] A dose absorvida por unidade monitora é calibrada em função da dose absorvida medida em um objeto simulador sob condições de referência especificadas em protocolos internacionais, sendo mais comumente utilizado o protocolo da Agência Internacional de Energia Atômica.[4]
Na radioterapia convencional, parte do processo de planejamento é determinar quantidade de unidades monitoras que será entregue por cada campo. Em IMRT, o significado difere ligeiramente dependendo do tipo de administração do feixe.
Cálculo de dose para verificação do planejamento de tratamento de Radioterapia (Cálculo de MU)
A verificação independente da dose por unidade de monitora (MU) para fornecer a dose prescrita a um paciente, tem sido um dos pilares da garantia de qualidade (QA) da radioterapia.[5]
Quase 60% dos erros relatados envolveram a falta de uma verificação secundária independente apropriada do plano de tratamento ou cálculo de dose .[6]
Com o desenvolvimento e os avanços tecnológicos, a radioterapia exige que altas doses de radiação sejam entregues ao tumor com precisão cada vez maior. De acordo com as recomendações da Comissão Internacional de Unidades e Medidas de Radiação (ICRU) na Publicação 24,[7] a dose administrada não deve desviar mais de ± 5% da dose prescrita. Mais recentemente, as novas recomendações da ICRU na Publicação 62[8]
Sistemas para cálculo e verificação de MU[9][10]
Publicações sobre garantia de qualidade em radioterapia recomendam verificações de rotina dos cálculos de MU por meio de cálculo automatizado independente.[11][12] Esse tipo de verificação também pode aumentar a confiança na precisão do algoritmo e na integridade dos dados dos feixes utilizados, além de fornecer uma indicação das limitações da aplicação de algoritmos convencionais de cálculo de dose utilizados por sistemas de planejamento[13]
No Brasil a norma CNEN NN 6.10[14] que dispõe sobre os "requisitos de segurança e proteção radiológica para serviços de radioterapia" em seu Art. 15 obriga que o titular do Serviço de Radioterapia seja o responsável pela segurança e proteção radiológica dos pacientes, equipe médica, indivíduos ocupacionalmente expostos e indivíduos do público e deve ainda:
XI - garantir que no Serviço de Radioterapia:[14]
d) exista um sistema computadorizado de planejamento de tratamento, regularizado junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para as práticas executadas;
e) exista um segundo sistema de cálculo de dose para verificação do planejamento de tratamento
f) exista um sistema computadorizado de gerenciamento de informação dos pacientes com cadastro e apresentação da fotografia do paciente em todos os documentos relacionados ao tratamento, assim como no painel de controle das fontes de radiação durante o tratamento;
O responsável técnico do Serviço de Radioterapia e seu substituto eventual devem obrigatoriamente segundo o Art. 17:[14]
IV - garantir que todos os planejamentos de tratamento sejam realizados por um especialista em física médica de radioterapia ou sob a sua supervisão, impressos em papel, e com uma segunda assinatura por conferência;
Softwares de cálculo de dose para verificação do planejamento de tratamento são produtos para saúde passíveis de registro junto à Anvisa, conforme disposições da Resolução RDC n° 185/2001.[15] Fabricação e comércio de softwares sem registro é considerado crime hediondo pelo artigo 273 do código penal, com pena de reclusão prevista entre 10 e 15 anos. Os responsáveis, além de responder judicialmente, ficarão sujeitos a multa, além da apreensão dos produtos.[16][17]
Comercialmente existem softwares conferência de cálculo de MU para verificação do planejamentos radioterápico os principais sistemas são:[10]
Referências
- ↑ Gibbons, John P.; Antolak, John A.; Followill, David S.; Huq, M. Saiful; Klein, Eric E.; Lam, Kwok L.; Palta, Jatinder R.; Roback, Donald M.; Reid, Mark (26 de fevereiro de 2014). «Monitor unit calculations for external photon and electron beams: Report of the AAPM Therapy Physics Committee Task Group No. 71». Medical Physics (3). 031501 páginas. ISSN 0094-2405. PMC 5148083. PMID 24593704. doi:10.1118/1.4864244. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ Bhagroo, Stephen; French, Samuel B.; Mathews, Joshua A.; Nazareth, Daryl P. (junho de 2019). «Secondary monitor unit calculations for VMAT using parallelized Monte Carlo simulations». Journal of Applied Clinical Medical Physics (6): 60–69. ISSN 1526-9914. PMC 6560245. PMID 31127699. doi:10.1002/acm2.12605. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ Xing, L; Chen, Y; Luxton, G; Li, J G; Boyer, A L (9 de fevereiro de 2000). «Monitor unit calculation for an intensity modulated photon field by a simple scatter-summation algorithm». Physics in Medicine and Biology (em inglês) (3): N1–N7. ISSN 0031-9155. doi:10.1088/0031-9155/45/3/401. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ Andreo P, Burns D T, Hohlfeld K, Huq M S, Kanai T, Laitano F, Smyth V, Vynckier S.
“Absorbed dose determination in external beam radiotherapy: an international Code
of Practice for dosimetry based on standards of absorbed dose to water. (2000)
Technical Reports Series 398”. Vienna, Austria, IAEA.
- ↑ Zhu, Timothy C.; Stathakis, Sotiris; Clark, Jennifer R.; Feng, Wenzheng; Georg, Dietmar; Holmes, Shannon M.; Kry, Stephen F.; Ma, Chang-Ming Charlie; Miften, Moyed (2021). «Report of AAPM Task Group 219 on independent calculation-based dose/MU verification for IMRT». Medical Physics (em inglês) (10): e808–e829. ISSN 2473-4209. doi:10.1002/mp.15069. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ ed. International Atomic Energy Agency., "Commissioning and Quality Assurance of Computerized Planning Systems for Radiation Treatment of Cancer"
- ↑ Determination of Absorbed Dose in a Patient Irradiated by Beams of X or Gamma Rays in Radiotheraphy Procedures, accessed July 29, 2021
- ↑ Prescribing, Recording and Reporting Photon Beam Therapy, accessed July 29, 2021
- ↑ Fraass, Benedick A.; Marks, Lawrence B.; Pawlicki, Todd (1 de julho de 2011). «Commentary: Safety considerations in contemporary radiation oncology: Introduction to a series of ASTRO safety white papers». Practical Radiation Oncology (em inglês) (3): 188–189. ISSN 1879-8500. PMID 24673949. doi:10.1016/j.prro.2011.04.009. Consultado em 15 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c Zhu, Timothy C.; Stathakis, Sotiris; Clark, Jennifer R.; Feng, Wenzheng; Georg, Dietmar; Holmes, Shannon M.; Kry, Stephen F.; Ma, Chang-Ming Charlie; Miften, Moyed (2021). «Report of AAPM Task Group 219 on independent calculation-based dose/MU verification for IMRT». Medical Physics (em inglês) (10): e808–e829. ISSN 2473-4209. doi:10.1002/mp.15069. Consultado em 15 de fevereiro de 2022
- ↑ Georg, D.; Heukelom, S.; Venselaar, J. (setembro de 2001). «Formalisms for MU calculations, ESTRO booklet 3 versus NCS report 12». Radiotherapy and Oncology: Journal of the European Society for Therapeutic Radiology and Oncology (3): 319–328. ISSN 0167-8140. PMID 11514012. doi:10.1016/s0167-8140(01)00348-6. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ Boyer, A.; Xing, L.; Ma, C. M.; Curran, B.; Hill, R.; Kania, A.; Bleier, A. (fevereiro de 1999). «Theoretical considerations of monitor unit calculations for intensity modulated beam treatment planning». Medical Physics (2): 187–195. ISSN 0094-2405. PMID 10076972. doi:10.1118/1.598502. Consultado em 12 de fevereiro de 2022
- ↑ An independent check method of radiotherapy computer plan derived monitor units, accessed July 29, 2021
- ↑ a b c CNEN, CNEN (30 de junho de 2017). «REQUISITOS DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO RADIOLÓGICA PARA SERVIÇOS DE RADIOTERAPIA» (PDF). COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR. Consultado em 1 de janeiro de 2021
- ↑ ANVISA, MINISTERIO DA SAUDE (22 de outubro de 2001). «RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 185» (PDF)
- ↑ Toth, Marina. «Artigo 273 do Código Penal: crime hediondo e os produtos sem registro na Anvisa». Conjur
- ↑ Araújo, Glauco (23 de maio de 2019). «Anvisa apreende equipamentos médicos e fecha estandes em feira hospitalar em SP»