Tatiana Belinky nasceu em Petrogrado, atual São Petersburgo, na Rússia, no dia 18 de março de 1919. Seus avós eram madeireiros, exportavam pinho-de-riga, madeira vendida para o mundo inteiro.[4] Quando tinha pouco mais de um ano, os pais, "filhos de gente abastada", segundo a própria autora diria décadas mais tarde,[4] voltaram para Riga, capital da Letônia, terra natal da família. Tatiana Belinky conta:
"Nasci em 1919 na Rússia, meus pais eram da Letônia. Minha mãe era feminista e comunista. Aliás, ela pensava que era comunista. Todo mundo queria que ninguém fosse pobre... Ela era cirurgiã-dentista e trabalhava na Rússia na época da Revolução de 1917. O clima estava ruim em São Petesburgo, e fomos para a Letônia. Meu pai ainda estava estudando psicologia. Fiquei até os 10 anos lá."[5]
Em setembro de 1929, em parte por conta das dificuldades socioeconômicas da crise de 1929, ela, então com 10 anos (sendo a irmã mais velha), os dois irmãos e os pais radicaram-se no Brasil, fixando residência na cidade de São Paulo. Nessa altura, já era fluente em russo, alemão e letão. A viagem foi de navio, e fixaram-se numa pensão. Dois meses depois, sua mãe conseguiu um consultório no Largo do Arouche, enquanto o pai, poliglota, representava grandes firmas de celulose no Canadá, Estados Unidos, Suécia, mas morreu aos 45 anos num acidente de avião, fazendo com que a família passasse por dificuldades econômicas.
No início, Tatiana Belinky estudou numa escola alemã na Praça Roosevelt, mas, segundo ela própria conta,[5] o clima do nazismo da Segunda Guerra Mundial fez com que a garota fosse transferida para uma escola americana no bairro de Higienópolis, passando a infância no Mackenzie.
Aos dezoito anos, após concluir um curso pela faculdade Mackenzie, Tatiana Belinky começou a trabalhar como secretária-correspondente bilíngue, nos idiomas português e inglês. Aos vinte ingressou no curso de Filosofia da Faculdade São Bento, mas abandonou em seguida, quando se casou com o médico e educador Júlio Gouveia, em 1940. O casal teve dois filhos.
No ano de 1948, começa a trabalhar em adaptações, traduções e criações de peças infantis para a prefeitura de São Paulo em parceria com o marido. Em 1952 encenam "Os Três Ursos" em pedido da TV Tupi, que atinge grande sucesso. O êxito deste trabalho foi definitivo para a carreira da escritora iniciante: o casal é convidado a ter um programa fixo.
Dentro da casa, Tatiana e Júlio fazem a primeira adaptação de o Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato. O trabalho do casal na Tupi seguiria até 1966. Nesse tempo Tatiana Belinky recebe seus primeiros prêmios como escritora, além de se tornar presidente da CET.
Em 1972 passou a trabalhar na TV Cultura e em grandes jornais do estado de São Paulo, como a Folha de S.Paulo e o Jornal da Tarde, escrevendo artigos, crônicas e crítica
Finalmente, em 1985, ela desponta como escritora de livros, colaborando em uma série infanto-juvenil. Em 1987 o primeiro livro, Limeriques, pela editora FTD, baseando-se nos limericks irlandeses. A partir dessa publicação, Tatiana passa a trabalhar fervorosamente sobre novas criações, chegando a escrever mais de cem obras. Suas publicações são acompanhadas por vários prêmios literários, entre eles o célebre Prêmio Jabuti, recebido em 1989.
De sua vasta obra, destacam-se Coral dos Bichos, Limeriques, O Grande Rabanete, Diversos russos, Limerique das Coisas Boas, entre outros. No final da vida, publicava livros de crônicas e memórias.
↑Gleiton Lentz e Andréia Guerini (26 de maio de 2005). «Tatiana Belinky». DITRA - Dicionário de tradutores literários no Brasil, UFSC. Consultado em 1 de setembro de 2016
↑Julia Priolli (16 de março de 2012). «O livro é um objeto mágico». Revista Educar para Crescer, Ed. Abril. Consultado em 14 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 14 de outubro de 2012
↑ ab"Entrevista: Tatiana Belinky". Escrevendo o Futuro. Revista Na Ponta do Lápis: Ano V, Número 12, dezembro de 2009. Acesso: 25/10/2020.