Em 1880, na esteira de tais mobilizações, Patrocínio (também fundador, no mesmo ano, da Associação Central Abolicionista), Nabuco e o engenheiro e empresário André Rebouças (responsável pela ponte entre os dois primeiros[6]) fundaram a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, instituição que pretendia:
agregar referências de diferentes classes sociais em torno do abolicionismo, visando uma reforma monárquica. A fundação da própria sociedade, cabe destacar, seguia uma série de iniciativas de determinados setores das elites da época, país afora: a manutenção de clubes e associações liberais voltadas à defesa do abolicionismo
Esta Sociedade, por exemplo,abrange á todos; está aberta não só aos homens de Estado que possam compreender o plano e os detalhes de uma obra gigantesca de renovação social, como também aos homens obscuros do povo que só possam odiar a escravidão como instinto de homens livres.
A SBCE também editou o jornal O Abolicionista (batizado em alusão a um jornal abolicionista da Espanha,[6] chamado El Abolicionista Español[8]), que circulou entre 1880 e 1881.[5] O fim do jornal se deveu à decisão de tornar o jornal Gazeta da Tarde, de Patrocínio, a voz nacional do movimento.[6]
A SBCE, pelas mãos de Nabuco, buscou se aproximar de importantes instituições abolicionistas na Europa, com a circulação e tradução de seu Manifesto para o Inglês, o francês e o espanhol.[6] A criação da instituição brasileira foi noticiada no prestigiado periódico francês Revue des Deux Mondes[9] e saudada pela British Foreign and Anti-Slavery Society (BFASS). Como nota a socióloga Angela Alonso, o próprio nome da SBCE era uma tradução do da instituição britânica, que inspirava a militância abolicionista de Nabuco e com a qual o parlamentar mantinha contato desde 1879.[6]
Em 1883, Patrocínio e Rebouças também lideraram o processo da fundação da Confederação Abolicionista, entidade que visava reunir as associações abolicionistas do Rio de Janeiro e de outras províncias como Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Ceará e Pernambuco.[3] Os dois também foram autores do Manifesto da Confederação.[10] Também foi sócio fundador e secretário da Sociedade Brasileira contra a Escravidão, João Clapp, um dos fundadores e presidente da Confederação Abolicionista.
↑BRITO, Ênio José da Costa. "O primeiro grande movimento social brasileiro: a campanha abolicionista (1868-1888)". Horizonte, Belo Horizonte, v. 15, n. 47, p. 1056-1073, jul./set. 2017
↑ abcALONSO, Angela. Flores, votos e balas. O Movimento Abolicionista brasileiro (1868- 1888). São Paulo: Companhia das Letras. 2015
↑BERENGER, Paul. "Le Brésil in 1879". Revue des Deux Mondes, nº 37, 1880, pp. 434-57, p. 440.
↑PATROCÍNIO; REBOUÇAS, José do; André (1883). Manifesto da Confederação Abolicionista do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Typ. da Gazeta da Tarde. 22 páginas