O Retrato de um Homem em Giz Vermelho (c. 1510) na Biblioteca Real de Torino é amplamente, embora não universalmente, aceito como um autorretrato de Leonardo da Vinci. Pensa-se que Leonardo da Vinci desenhou este autorretrato por volta dos 60 anos de idade. O retrato foi amplamente reproduzido e tornou-se uma representação icónica de Leonardo como um polímata ou "Homem da Renascença". Apesar disso, alguns historiadores e estudiosos discordam quanto à verdadeira identidade do modelo.
Descrição e proveniência
O retrato é desenhado com giz vermelho sobre papel. Retrata a cabeça de um homem idoso em visão de três quartos, com o rosto voltado para o observador. O sujeito se distingue por seus longos cabelos e barba longa e ondulada que caem sobre os ombros e o peito. O comprimento do cabelo e da barba é incomum nos retratos renascentistas e sugere, como agora, uma pessoa de sagacidade. O rosto tem nariz um tanto aquilino e é marcado por linhas profundas na testa e bolsas abaixo dos olhos. Parece que o homem perdeu os dentes frontais superiores, causando aprofundamento dos sulcos das narinas. Os olhos da figura não prendem o espectador, mas olham para frente, velados pelas longas sobrancelhas. O desenho, em linhas finas e únicas, sombreado por hachuras e executado com a mão esquerda, como era hábito de Leonardo. O papel apresenta “marcas de raposa” acastanhadas causadas pelo acúmulo de sais de ferro devido à umidade.
Em 1839, Giovanni Volpato, um negociante de antiguidades que pode ter comprado o desenho na Inglaterra ou na França, vendeu-o ao príncipe Charles Albert da Sardenha junto com outros desenhos de grandes artistas como Rafael e Michelangelo. Está alojado em Torino, na Biblioteca Real, e geralmente não é visível ao público devido à sua fragilidade e mau estado[1]. Os pesquisadores desenvolveram uma forma não destrutiva de avaliar a condição do desenho, descrevendo e quantificando os cromóforos que afetam o papel. A sua técnica, descrita em Applied Physics Letters (2014), será utilizada para avaliar a taxa de deterioração da imagem e deverá ajudar no planeamento de estratégias de conservação adequadas[2].
História e atribuição
Estima-se que o desenho tenha sido desenhado c.1510, possivelmente como um autorretrato de Leonardo da Vinci. Em 1839, foi adquirido pelo rei Carlos Alberto da Sardenha[3]. A suposição de que o desenho é um autorretrato de Leonardo foi feita no século XIX, com base na semelhança do modelo com o possível retrato de Leonardo como Platão na Escola de Atenas de Rafael[4] e na alta qualidade do desenho, consistente com outros de Leonardo. Também foi decretado como um autorretrato com base em sua semelhança com o retrato de Leonardo no frontispício da segunda edição de Le vite de' più eccellenti pittori, scultori e architettori (1568), de Vasari. Durante a Segunda Guerra Mundial, o suposto autorretrato foi temporariamente transferido de Turim para Roma para evitar ser levado pelos nazistas, ficando um tanto danificado no processo[5]. Em 2000, Frank Zöllner refletiu que "Este desenho em giz vermelho determinou em grande parte a nossa ideia da aparência de Leonardo, pois durante muito tempo foi considerado seu único autorretrato autêntico."[6].