Localizado no extremo meridional da África do Sul, o Reino Florístico do Cabo (ou Capensis na designação originalmente adoptada por Armen Takhtajan) é o menor fitocório (phytochorion ou reino floral) dos seis em que a parte emersa da Terra se encontra dividida. Apesar da sua pequena dimensão, é uma área de extraordinária diversidade de espécies de plantas e de forte endemismo, abrigando
mais de 9 000 espécies de plantas vasculares, das quais cerca de 69 porcento são endémicas.[1] Cobrindo 78 555 km², o hotspot de biodiversidade do Reino Florístico do Cabo está localizado inteiramente dentro das fronteiras da África do Sul.
Com a maior concentração não tropical de espécies de plantas superiores no mundo, a região é o único hotspot de biodiversidade que engloba todo um reino florístico, abrigando 5 das 12 famílias de plantas endémicas da África do Sul e cerca de 160 géneros endémicos. Muita desta extraordinária biodiversidade vegetal está associada com o bioma conhecido por fynbos (literalmente bosque fino), uma formação vegetal de matos rasteiros do tipo mediterrânico constituídos por arbustos propensos aos fogos florestais.[1]
Este fitocório é um dos cinco sistemas de clima temperado do tipo mediterrâneo incluídos na lista de pontos de maior biodiversidade (os hotspots de biodiversidade) e é um dos dois únicos pontos que abrangem todo um reino floral (o outro é Nova Caledónia). O fitocório coincide com a região de clima mediterrânico da África do Sul, centrada na actual Província do Cabo Ocidental, no extremo sudoeste do país, estendendo-se para leste até à Província do Cabo Oriental, uma zona de transição entre a região de predominância de chuvas de inverno, situada para oeste, e a região de predominância das chuvas de verão, para o leste, em KwaZulu-Natal.
A maior parte da região é coberta por fynbos, um matagalesclerófilo que ocorre preferencialmente sobre solos constituídos por areias ácidas ou sobre solos pobres em nutrientes derivados de arenitos da formação geológica conhecida por Table Mountain (do Supergrupo do Cabo ou Cape Supergroup). O fynbos é constituído por uma grande variedade de espécies de plantas, incluindo muitos membros das famílias Proteaceae, Ericaceae e Restionaceae.
Entre os outros tipos de vegetação presentes contam-se: (1) o sandveld, um mato arbustivo costeiro, dominado por espécies não esclerófitas, de folhagem macia, que ocorre principalmente na costa oeste da Província do Cabo Ocidental, instalado em solos pobres derivados de areias terciárias; (2) o renosterveld, uma formação de gramíneas, embora com uma importante componente arbustiva, dominada por membros da família das Asteraceae, particularmente renosterbos (a espécie Elytropappus rhinocerotis), e por espécies graminóides e geófitos, ocorrendo sobre solos de xistosos ricos em bases; e (3) pequenos focos de floresta Afromontana (Floresta Afrotemperada do Sul) ocorrendo em áreas húmidas e abrigadas.
Embora difícil de estimar, o valor económico da biodiversidade do fynbos, especialmente na recolha de flores silvestres e como produto de ecoturismo, está estimado em mais de 77 milhões de randes por ano.[1]
↑Odendaal, L.J.; Haupt, T.M.; Griffiths, C.L. (2008), «The alien invasive land snail Theba pisana in the West Coast National Park: Is there cause for concern?», Koedoe, 50 (1): 93–98, doi:10.4102/koedoe.v50i1.153
↑Тахтаджян А. Л. Флористические области Земли / Академия наук СССР. Ботанический институт им. В. Л. Комарова. — Л.: Наука, Ленинградское отделение, 1978. — 247 с. — 4000 экз. DjVu, Google Books.
↑Takhtajan, A. (1986). Floristic Regions of the World. (translated by T.J. Crovello & A. Cronquist). University of California Press, Berkeley, PDF, DjVu.