Reciclagem de baterias

Coletor de pilhas para reciclagem

A reciclagem de baterias é um processo de recuperação dos materiais constituintes das mesmas, tendo em vista não só o seu reaproveitamento, como remover a sua deposição em aterros sanitários, diminuindo assim o seu volume, e a contaminação de aquíferos subterrâneos.[1][2]

Em termos técnicos, a reciclagem consiste na recapturação dos materiais, nomeadamente Manganês, Zinco, Aço e Carbono, para serem reintroduzidos no processo industrial, evitando com isso a deposição dos metais pesados, tóxicos e altamente poluentes na natureza, ao mesmo tempo que diminui a necessidade de exploração mineira para a obtenção dos mesmos.[3]

Podemos considerar que a maior parte das baterias podem ser recicladas. No entanto, algumas conseguem passar por este processo com mais facilidade que outras. Há diferentes composições possíveis para baterias, além de mais de um método para a reciclagem em si. Além disso, as diretrizes de descarte variam de acordo com a região[4].[5]

A tabela abaixo mostra sobre os danos irreversíveis ao ser humano que podem ser gerados pelos produtos químicos presentes nas pilhas e baterias. [6]

Componente Características
Mercúrio Quando em concentrações superiores aos valores normalmente presentes na natureza, surge o risco de contaminação ambiental, atingindo o ser humano e várias formas de vida. O mercúrio apresenta a qualidade de se combinar ao carbono em compostos orgânicos. Facilmente inalado e absorvido pelas vias respiratórias quando em suspensão; ingestão de alimentos contaminados e nos

tratamentos dentários. No homem, causa prejuízos ao fígado e ao cérebro e distúrbios neurológicos.

Cádmio A meia-vida do cádmio em seres humanos é de 20 a 30 anos. É bioacumulativo (rins, fígado e ossos), podendo levar a disfunções renais e osteoporose.
Chumbo Causa anemia, neurite periférica (paralisia), problemas pulmonares sérios, encefalopatia (sonolência, convulsões, delírios e coma) e disfunção renal, quando inalado ou absorvido.
Lítio Disfunção neurológica e renal; torna-se cáustico em contato com a pele e mucosas.
Manganês Atinge o sistema nervoso, causando gagueira e insônia.
Níquel Cancerígeno.
Baterias representam um risco de poluição ambiental

Gestão de Pilhas e Acumuladores

Em Portugal, o Decreto-Lei nº 6/2009[7], de 6 de Janeiro (que revoga o Decreto-Lei n.º 62/2001 de 19 de Fevereiro e as Portarias n.º 571/2001 e 572/2001, de 6 de Junho), confere o regime de colocação no mercado de pilhas e acumuladores, bem como um regime de recolha, tratamento, reciclagem e eliminação dos resíduos resultantes da inutilização das pilhas e acumuladores. Trata-se da transposição da Directiva n.º 2006/66/CE, de 6 de Setembro.[8][9]

Logística Reversa

No Brasil a Lei 12.305/10 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos definiu que pilhas e baterias estão incluídas entre os materiais em que os os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes tem a obrigatoriedade de estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.[10][11]

Em 2019, teve início a implementação do sistema de logística reversa de baterias automotivas de chumbo ácido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Essa iniciativa está integrada a um acordo intersetorial celebrado com a Associação Brasileira de Baterias Automotivas e Industriais (Abrabat), a Associação Nacional dos Sincopeças do Brasil (Sincopeças-BR) e o Instituto Brasileiro de Energia Reciclável (Iber).[12][13]

Ver também

Referências

  1. Minozzo, Renato; Minozzo, Edson Leandro; Deimling, Luiz Irineu; Santos-Mello, Renato (dezembro de 2008). «Plumbemia em trabalhadores da indústria de reciclagem de baterias automotivas da Grande Porto Alegre, RS». Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial: 407–412. ISSN 1676-2444. doi:10.1590/S1676-24442008000600003. Consultado em 12 de junho de 2024 
  2. admin (10 de julho de 2022). «Saiba como funciona o processo de reaproveitamento do plástico e do ácido das baterias chumbo-ácido • IBER». IBER. Consultado em 12 de junho de 2024 
  3. Bezerra, Fabíola (20 de dezembro de 2007). «Reciclagem mais barata». Ciência Hoje. Consultado em 12 de junho de 2024 
  4. «Recicla Sampa - Tudo o que você precisa saber sobre reciclagem de pilhas». www.reciclasampa.com.br. 8 de maio de 2018. Consultado em 12 de junho de 2024 
  5. Badra, Mateus (20 de junho de 2022). «É possível reciclar baterias de lítio?». Canal Solar. Consultado em 12 de junho de 2024 
  6. Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Conte, Andria Angélica (março de 2016). «Ecoeficiência, logística reversa e a reciclagem de pilhas e baterias: revisão». Revista Brasileira de Ciências Ambientais (Online) (39): 124–139. doi:10.5327/Z2176-947820167114. Consultado em 17 de outubro de 2022 
  7. «Wayback Machine» (PDF). web.archive.org. 3 de março de 2016. Consultado em 17 de outubro de 2022 
  8. Directiva 2006/66/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Setembro de 2006 , relativa a pilhas e acumuladores e respectivos resíduos e que revoga a Directiva 91/157/CEE (Texto relevante para efeitos do EEE), 266, 6 de setembro de 2006, consultado em 12 de junho de 2024 
  9. «Estabelece o regime de colocação no mercado de pilhas e acumuladores e o regime de recolha, tratamento, reciclagem e eliminação dos resíduos de pilhas e de acumuladores». diariodarepublica.pt. 1 de junho de 2009. Consultado em 12 de junho de 2024 
  10. «Pilhas e baterias». Ibama. Consultado em 12 de junho de 2024 
  11. «Como fazer o descarte correto de pilhas e baterias usadas?». idec.org.br. Consultado em 12 de junho de 2024 
  12. «Brasil vai reciclar 155 mil toneladas de chumbo até 2023». Serviços e Informações do Brasil. Consultado em 12 de junho de 2024 
  13. «Reciclagem de baterias automotivas atende 43% da frota brasileira». Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Consultado em 12 de junho de 2024 

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