A Serra da Guia, que dá nome à comunidade, faz jus ao complexo da Serra Negra, cadeia de morros situada na divisa entre os estados de Sergipe e Bahia. O direito sobre o seu território de 9.013,18 hectares foi validado por decreto de desapropriação publicado em 22 de novembro de 2012.[1]
História
O quilombo, que é um dos patrimônios culturais de Sergipe, chegou a ser no passado o ponto de refugio alternativo para os negros fugitivos das grandes fazendas.[1] Segundo os moradores, a denominação Guia faz referência justamente ao passado, onde a cordilheira representava um "caminho guia" demarcado como a melhor rota de fuga a ser usada pelos escravizados, originando um rápido agrupamento de indivíduos afrodescendentes que optaram por permanecer vivendo em volta da cadeia de montanhas.[2] Desta maneira, ao longo da serra, formaram-se pequenas comunidades compostas majoritariamente por indivíduos cuja ascendência genealógica remonta aos escravos que fugiam da opressão no Quilombo dos Palmares[1][2], na segunda metade do século XIX, de tal modo que foi esclarecido no Relatório Antropológico de 2009[4] acerca da Guia, publicado no Diário Oficial, onde sinaliza esta comunidade como uma área quilombola. Origem do Quilombo[1]:
O povoamento colonial da região do Sertão do São Francisco começou no século XVII, quando as primeiras sesmarias foram distribuídas na margem direita do Rio São Francisco. A Freguesia de São Pedro do Porto da Folha, região onde Poço Redondo está situado, surgiu no século XVIII e seus limites chegaram a abranger a maior parte do Sertão do São Francisco. Desde o século XVII, a região do Morgado de Porto da Folha, principalmente as matas fechadas da Serra Negra, serviu como esconderijo para os fugidos da escravidão. Registros históricos indicam que a posse da terra na região era disputada por colonos, indígenas, negros libertos e fugidos. As fontes históricas indicam também que desde o século XVII existiam vários mocambos – como também eram chamados os quilombos – na região do Sertão de Poço Redondo. Marca dessa presença é a denominação de três localidades no interior de Sergipe com o nome de Mocambo: uma no município de Aquidabã, outra em Porto da Folha e outra em Frei Paulo. Há registros da atuação de capitães-mores destacados para desarticular esses mocambos. Assim, as fontes confirmam que, mesmo antes da ocupação colonial das terras, a região era habitada por indígenas e quilombolas resistindo à escravidão (Frizero, 2016).
Diferentes escritos mencionam a existência de um antigo cemitério no topo da Serra Negra, onde foram sepultados os primeiros escravos que se refugiaram nesta localidade.[2] Algumas obras abordam que os destroços de objetos e as plantas cultivadas testemunham que também existiram moradias dos ancestrais quilombolas nas proximidades do fossário.[5]
↑ abSANTOS, M. C. C. O cotidiano escolar da EMMGR – Serra da Guia, Poço Redondo Sergipe (Comunidade Quilombola). Dissertação (Mestrado). Universidade Tiradentes. Aracaju. 2013.
↑NEVES, Paulo Sérgio da Costa; SOGBOSSI, Hippolyte Brice. Relatório de reconhecimento e delimitação do território da comunidade quilombola de Serra da Guia, Poço Redondo: Terras de Quilombos, 2009.