O Quarto Concílio Budista se refere a dois concílios budistas diferentes, o primeiro aconteceu no século I a.C., em Sri Lanka, e o segundo no século I d.C., na Caxemira. No concílio de Sri Lanka, o cânone páli foi transcrito pela primeira vez em folhas de palmeira.[1]
Concílio na Sri Lanka
O Quarto Concílio Budista da escola Theravada aconteceu em 25 a.C., em Tambapanni, sob a proteção do rei Vattagamani, e foi liderado pelo monge Maharakkhita. O concílio aconteceu em um ano em que as colheitas na Sri Lanka eram especialmente pobres, e muitos monges budistas morreram de fome. Assim, como na época o cânone Páli era transmitido oralmente pelos dhammabhāṇakas, foi reconhecido o perigo de que os ensinamentos fossem perdidos se não houvesse a preservação da escrita.[1]
O projeto de transcrição do cânone foi feito em uma caverna, chamada de Aloka Lena, perto de Matale, onde no século XVIII seriam colocadas diversas imagens de Buda.[2] Depois desse concílio, as cópias do cânone completo, feitas em folhas de palmeira, foram levadas a países próximos, como a Tailândia, Laos e o Camboja.[3] Atualmente, o cânone páli existe em várias línguas, como páli, sânscrito, e línguas regionais, mas a versão de Sri Lanka é a mais completa. Na sua forma mais antiga, o cânone foi escrito em finas folhas de palmeira, mantidas juntas por pequenas hastes, e guardadas cobertas por um tecido dentro de uma caixa.[2]
O Quarto Concílio Budista da tradição Sarvastivada aconteceu provavelmente em 78 em Jalandar ou na Caxemira, sob a proteção do rei Canisca I do Império Cuchana. É dito que este concílio reuniu mais de quinhentos monges, liderados por Vasumitra, em parte para compilar comentários sobre o Abidarma do Sarvastivada.[5] Este concílio não é reconhecido pela escola Teravada, mas as escrituras deste podem ser encontradas nas escrituras da escola Maaiana. O principal fruto desse concílio foi o Mahāvibhāṣā, uma larga referência no Abidarma.[5]
Acredita-se também que próximo desse ano foi feita uma tradução de uma versão em Prakriti do cânone Sarvastivada para o sânscrito. Essa mudança foi especialmente importante, pois o sânscrito é a língua sagrada do bramanismo na Índia, e era na época utilizada por vários pensadores, aumentando assim a capacidade de divulgação dos ideiais e das práticas budistas. Depois dessa ocasião, todos os grandes textos das escolas Mahayana e Sarvastivada foram escritos nessa língua.[3] No entanto, Buda sempre afirmou que os ensinamentos poderiam ser estudados e transmitidos em qualquer linguagem, de forma que a Theravada manteve o páli em seus ensinamentos, não acreditando em "línguas sagradas".[6]