Puxada do Mastro de São Sebastião
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Celebrado por
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Brasileiros
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Tipo
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Cultural e religiosa
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Data
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Mês de janeiro
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Significado
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Homenagem a São Sebastião
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Frequência
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Anual
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A Puxada do Mastro de São Sebastião é uma manifestação cultural e religiosa, de origem indígena e católica, tradicional na cidade de Ilhéus, no estado brasileiro da Bahia. Ocorre anualmente no mês de janeiro, no bairro de Olivença, em homenagem a São Sebastião.[1]
Na Puxada do Mastro de São Sebastião ocorre o sincretismo entre rituais católicos e indígenas, desde o período da colonização do Brasil.[2]
História
A Puxada do Mastro de São Sebastião tem sua origem no início do século XVI, durante a fundação do Aldeamento de Nossa Senhora das Neves pelos padres jesuítas e com a tradição dos índios Tupinambás, que puxavam toras de madeira em uma competição entre tribos na demonstração de força e coragem. Os jesuítas recriaram o ato da derrubada de árvores em uma homenagem a São Sebastião. O santo foi amarrado em um mastro e alvejado com flechas e a homenagem era um ato de pedido de perdão. Mesmo com a expulsão dos jesuítas do Brasil, os índios e caboclos continuaram com os rituais.[1][3]
Até o final do século XX, os festejos começavam no dia 6 de janeiro, juntamente com a Festa de Santos Reis.[2]
Na década de 1980, a prefeitura passou a investir nas festividades de São Sebastião e a contratar bandas e trios elétricos para tocarem ao longo do dia e se estendendo pela noite. A decoração das ruas, antes feita pelos moradores do bairro, passou a ser de responsabilidade da prefeitura também. O almoço coletivo, que antes era realizado na mata com cada um levando sua marmita e partilhando a refeição, passa a ser servido na praia do Sirihyba e a ser organizado pela Associação dos Machadeiros de Olivença, juntamente com comerciantes e patrocinadores.[1][2]
Festividades
No dia anterior do corte da árvore, durante o dia, o Bando de Mascarados circula pelas ruas do bairro, anunciando o início das festividades. Logo após o cortejo do Bando Mascarado, ocorre a apresentação do Terno das Camponesas e do Boi Estrela. À noite, ocorre a procissão e a missa de Tríduo ao São Sebastião e após a missa, começa o lado profano do evento, com os shows de bandas contratados pela prefeitura.[2][4]
No início da manhã do dia do corte da árvore, ocorre a alvorada e os machadeiros e moradores fazem a concentração na praça, onde realizam o ritual do Poranci (ritual indígena) e a missa dos machadeiros. O grupo de machadeiros se direcionam para a mata de Ipanema para a escolha da árvore que irá ser transformada em mastro do evento. Quando a árvore é definida, soltam fogos de artifícios para avisar a população que a escolha da árvore foi feita. Os machadeiros cortam a árvore, preparam o mastro e iniciam o cortejo, carregando o mastro até a praça do centro de Olivença. O cortejo inicia-se na mata, passa por uma estrada vicinal até chegar à Rodovia Ilhéus-Una, da rodovia o cortejo segue até a praia do Sirihyba, onde há uma pausa para o almoço coletivo e após o almoço, o cortejo segue para a praia do Cai N’água, quando chegam na área urbana da praia do Cai N’água, param na casa de antigos machadeiros, que já faleceram, e prestam homenagens O cortejo segue pela praia dos Milagres em direção à Avenida Lomanto Júnior, passam pela ponte do ribeirão Tororomba e, em corrida única, sobem a ladeira para chegar na praça. Todo o ritual é acompanhado pelo canto tradicional tocada pelos zabumbeiros, que utilizam como instrumentos o tambor, a flauta, o pandeiro e a zabumba. Paralelamente ao corte da árvore pelos adultos, crianças e adolescentes derrubam uma árvore de menor porte, preparam o mastaréu, que é uma versão menor do mastro dos adultos, e carregam o mastaréu até a praça onde finalizam os rituais da puxada do mastro de São Sebastião. Com a chegada do mastro, é iniciado os shows de banda contratados pela prefeitura.[1][2][3][4]
O dia do levantamento do mastro geralmente ocorre no domingo após a puxada do mastro, em frente à Igreja Nossa Senhora da Escada. Limpam e pintam o mastro novo e restauram a bandeira de São Sebastião, que é feita de madeira. Um grupo de homens levantam o mastro e colocam a bandeira em seu topo, neste momento é feito orações e promessas.[2][3]
Nas festividades de São João, no mês de junho, os machadeiros preparam o mastro e o mastaréu antigos para serem queimados na fogueira da festa.[2]
Canto tradicional
"Ajuê Dão, Ajuê Dan Dão,
Vamos puxar este mastro que é de São Sebastião (*).
Ajuê Dão, Ajuê Dan Dão,
Ajuê Dan Dão virou e Ajuê Dan Dão virá (*)
Ajuê Dão, Ajuê Dan Dão,
Eu pisei na casca da lima e vi o cheiro do limão (*)"[1]
(*) Esses versos são alterados durante as repetições da cantiga. Os versos mais cantados são:[2]
"Minha gente puxa e leva esse pau de bastião, aruê dão."[2]
"Pisei na casca da lima e vi o cheiro do limão, aruê dão."[2]
"O bem-te-vi come banana e o saruê come mamão, aruê dão."[2]
"É o aruê da minha terra, é o aruê do meu sertão, aruê dão."[2]
"Esse pau chega cinco horas e a seis não chega não, aruê dão."[2]
"As caboclas de Olivença nesse pau não pega não, aruê dão."[2]
"Fui na bica beber água, bebi água de sabão, aruê dão."[2]
"Eu já fui cravo já fui rosa, eu já fui do seu coração, aruê dão."[2]
Referências