Peter Loy Chong (30 de janeiro de 1961, Natovi, Tailevu) é um clérigo católico romano fijiano e arcebispo de Suva.
Biografia
Peter Loy Chong frequentou a escola católica de Natovi e o Saint John's College Cawaci, na ilha de Ovalau. Em 1984, entrou no Pacific Regional Seminary, onde completou sua formação sacerdotal.[1][2] Foi ordenado sacerdote em 11 de janeiro de 1992, pelo Arcebispo Petero Mataca.[3]
Depois da ordenação desempenhou os seguintes cargos: vigário paroquial de Nossa Senhora do Socorro, Lautoka (1992-1995); pároco do Imaculado Coração de Maria, Vatukoula (1996-2000); pároco da Imaculada Conceição, Soleva (2000-2005); estudos superiores na Jesuit School of Theology da Universidade de Santa Clara, na Califórnia, concluídos com o Doutorado em Teologia (2005-2012).[1][2]
O Papa Bento XVI nomeou-o Arcebispo de Suva em 19 de dezembro de 2012.[1] Recebeu a ordenação episcopal em 8 de junho de 2013 por seu antecessor Petero Mataca, na Arena Vodafone em Suva. Os co-consagradores foram o Bispo de Tonga, Soane Patita Paini Mafi, e o Arcebispo de Wellington, John Atcherley Dew.[3]
Na qualidade de arcebispo metropolitano, Mons. Chong recebeu a imposição do Pálio em 29 de junho de 2013, na Solenidade de São Pedro e São Paulo.[4] Em outubro de 2015, foi um dos dois representantes da Oceania na 14ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano.[5]
É um dos atuais oito membros do Conselho Executivo da Federação das Conferências dos Bispos Católicos da Oceania (FCBCO) no mandato 2023-2027.[6] Na Conferência Episcopal do Pacífico (CEPAC), assume as comissões de Missão e Unidade, Formação, Tribunal de Casamento, Supervisão de Fundos Médicos e representação na FCBCO.[7]
Posições públicas
Em dezembro de 2013, o novo arcebispo de Suva comentou sobre o tema da liberdade religiosa na carta constitucional adotada em setembro daquele ano: "Não queremos uma teocracia, jamais dissemos que gostaríamos de um Estado cristão. Todavia, estamos preocupados se um Estado laico reduzir a fé a um fato puramente individual”.[8]
Enquanto presidente da Federação das Conferências dos Bispos Católicos da Oceania (FCBCO) até 2023, o arcebispo Peter Loy Chong tem sido uma das vozes do catolicismo quanto a crise climática.[9] As ilhas Fiji estão ameaçadas pelo aumento constante do nível do mar devido às alterações climáticas, com efeitos devastadores para a população. Chong aponta o silenciamento quanto aos problemas do arquipélago e clama: "Estamos desaparecendo".[10] Em 2018, foi um dos seis presidentes de conferências episcopais continentais a assinar uma declaração convocando os líderes governamentais mundiais a tomarem ações para combater e superar os efeitos devastadores da crise climática com a efetiva implementação do Acordo de Paris.[11][12]
Em dezembro de 2019, na reunião da Comissão Internacional Católica para as Migrações (ICMC) em Banguecoque, Chong, na qualidade de Presidente da FCBCO, comentou mais uma vez sobre a encíclica Laudato si' do papa Francisco e apontou:[13]
“Como Igreja, precisamos falar a linguagem de Deus que fala com as vítimas, Deus [que] está do lado das vítimas [...] Como você dá voz às pessoas sem voz e coloca a voz delas no centro? A linguagem da mudança climática torna essas pessoas o centro, perturba os políticos e os faz perceber que algo está errado.”
Esteve em Lisboa em junho de 2022, quando pela primeira vez grupos católicos da Oceania participaram da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.[14] Arcebispo Chong destacou em entrevista que “Deus abraça todo o oceano, abraça todo o planeta” e destacou a responsabilidade que o episcopado tem assumido em denunciar a crise climática:[9]
Nós somos os profetas do oceano, no que diz respeito à Igreja Católica. Nós somos os bispos da Oceania e, se não falarmos sobre o oceano, daqui a uns anos, antes de fecharmos os olhos, podemos estar a viver noutro lugar.
A preocupação com o oceano também estava na mente das dezenas de bispos da Oceania reunidos em assembleia em Suva em fevereiro de 2023, para a Assembleia Continental da Oceania para o Sínodo 2021-2024.[15] A pedido de Chong, os bispos realizaram duas visitas oficiais para ver os efeitos das mudanças climáticas no vilarejo vizinho de Togoru e para avaliar como a indústria extrativa estava destruindo o ambiente local na aldeia Mau.[16]
Em dezembro de 2023, Chong falou em um evento de alto nível sobre o Tratado de Combustíveis Fósseis na COP28, nos Emirados Árabes Unidos.[17]
Em vídeo enviado a "Oceania Speaks", conferência realizada em Roma em junho de 2024, com a participação do corpo diplomático da Santa Sé, comunidades religiosas e organizações de caridade, Arcebispo Peter Loy Chong insistiu que "o mundo ainda tem de ouvir profundamente as vozes, em particular os 'tagi' [gritos] dos povos da Oceânia", que são vulneráveis aos impactos imediatos e duradouros das alterações climáticas.[18]
Em setembro de 2024, durante a visita do papa Francisco às ilhas do Pacífico, o tema do abuso praticado por clérigos esteve em pauta, pois ao longo dos anos, vários padres acusados de abusos contra menores foram transferidos para países insulares do Pacífico, o que os livrava de serem perseguidos pelas autoridades. Diante disso, Mons. Peter Loy Chong afirmou que não tinha registros de padres abusivos transferidos para sua jurisdição.[19]
Referências
- ↑ a b c «RINUNCE E NOMINE». press.vatican.va. 19 de dezembro de 2012. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ a b «OCEANIA/ILHAS FIJI - Renúncia do Arcebispo de Suva e nomeação do Sucessor - Agenzia Fides». www.fides.org. 21 de dezembro de 2012. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ a b «Archbishop Peter Loy Chong [Catholic-Hierarchy]». www.catholic-hierarchy.org. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «Três arcebispos brasileiros receberão imposição do Pálio - Notícias». noticias.cancaonova.com. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «Vaticano confirma delegados para o Sínodo - CNBB». www.cnbb.org.br. 16 de junho de 2015. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «FCBCO Executive Members – Federation of Catholic Bishops Conferences of Oceania» (em inglês). Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «CEPAC Structure». CEPAC (em inglês). Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «OCEANIA/ILHAS FIJI – O Arcebispo de Suva: "Não queremos um Estado cristão, mas o pleno respeito da liberdade religiosa" - Agenzia Fides». www.fides.org. 11 de dezembro de 2013. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ a b Marujo, António (21 de dezembro de 2023). «"Deus abraça todo o oceano, abraça todo o planeta"». Sete Margens. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ Guerini, Cristina (3 de setembro de 2018). «O grito do bispo de Fiji: "Estamos desaparecendo"». www.ihu.unisinos.br. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «Igreja em todo o mundo clama por ação climática ambiciosa e urgente - CIDSE». www.cidse.org. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «Igreja no mundo pede ações audaciosas e urgentes pelo clima». Canção Nova. 27 de outubro de 2018. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «God's Language Speaks to Victims, Including Those of Climate Change». The International Catholic Migration Commission (ICMC) (em inglês). 27 de março de 2020. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ Braden, Jonathon (24 de junho de 2022). «Grupos católicos da Oceania se unem para defender a Conferência dos Oceanos da ONU». Laudato Si' Movement. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ Carmo, Octávio (6 de fevereiro de 2023). «Sínodo 2021-2024: Igrejas da Oceânia reunidas na etapa continental, com atenção a territórios ameaçados de extinção». Agência ECCLESIA. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ Sbardelotto, Moisés (22 de fevereiro de 2023). «Assembleia dos bispos da Oceania debate e experimenta a crise climática». www.ihu.unisinos.br. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «Archbishop Peter Loy Chong's Speech on the Fossil Fuel Treaty». Archdiocese of Suva (em inglês). 3 de dezembro de 2023. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ Pure, Equipa Christian (26 de junho de 2024). «Conferência em Roma destaca o perigo climático das ilhas do Pacífico e apela a uma ação global | Christian Pure». Cristão Puro. Consultado em 10 de outubro de 2024
- ↑ «Papa Francisco visita Papua Nova Guiné, ilha do Pacífico que virou 'depósito' de padres acusados de abuso pela Igreja». O Globo. 7 de setembro de 2024. Consultado em 10 de outubro de 2024