O jogador de futebol brasileiro Pelé é amplamente considerado um dos melhores e mais populares atletas da história. Sua influência transcende o futebol, o que lhe faz ser apresentado em diversas formas de mídia. Este artigo propõe-se a expor a importância de Pelé na cultura popular.[1]
Mídia
O próprio Pelé aparece
Pelé também atuou em diversos filmes e na televisão. Em 1969, Pelé estrelou a telenovela Os Estranhos, sobre o primeiro contato com alienígenas. Exibida pela TV Excelsior, a excêntrica produção foi feita por conta do interesse nas Missões Apollo e o sucesso do tema espacial, explorado nas séries Jornada nas Estrelas e Perdidos no Espaço.[2] Sua primeira participação no cinema se deu no filme O Barão Otelo no Barato dos Bilhões (1971), no qual faz uma participação especial como um banqueiro rico e generoso. No ano seguinte, estrelou A Marcha, interpretando Chico Bondade, um ex-escravo que buscava a libertação de seus companheiros. Pelé já participou de dezoito filmes no total,[3] incluindo o bastante criticado Pedro Mico, que trazia diversas cenas de nudez e sexo, e onde teve a voz dublada pelo ator Milton Gonçalves.[4]
Em 1979, protagonizou o filme Os Trombadinhas, cujo enfoque maior eram os menores de rua. Uma cena do filme virou meme e popularizou-se no YouTube graças a uma fala de Pelé.[5][nota 1] Também contracenou com Os Trapalhões na película Os Trapalhões e o Rei do Futebol, de 1986, interpretando o jornalista esportivo Nascimento (uma referência a seu sobrenome de batismo).[3] Seu filme mais conhecido internacionalmente foi Fuga para a Vitória, de 1981, dirigido por John Huston, com a participação de Sylvester Stallone e Michael Caine. Nele, Pelé e Stallone são prisioneiros numa prisão nazista, planejando sua fuga durante uma partida de futebol contra os oficiais alemães.[3][6] Em 2001, teve uma participação especial no filme satírico Mike Bassett: England Manager.[7] Segundo Pelé, "no cinema, se tinha um filme sobre criança e futebol, sempre chamavam o Pelé".[8] Em 2010, Pelé apresentou a série Um Minuto Com Pelé, composta de 27 episódios sobre a história da Copa do Mundo, pelo SBT.[9]
Pelé também atuou como comentarista esportivo em partidas de futebol. Em 1986, ele foi contratado para comentar a Copa do Mundo FIFA do mesmo ano pela Band.[10] Também participaram como comentaristas daquele torneio seus ex-companheiros Rivellino e Clodoaldo; a emissora aproveitou os três para evocar lembranças da vitoriosa seleção de 1970.[11] Nas duas Copas seguintes, comentou pela Rede Globo.[10] Na final da Copa do Mundo FIFA de 1994, ficou famosa a cena protagonizada entre Pelé e o narrador Galvão Bueno: após Roberto Baggio perder o pênalti decisivo, confirmando o título brasileiro, um Galvão eufórico abraça Pelé enquanto grita "É tetra!" aos pulos.[12][13] A imagem é considerada uma das mais famosas da história do futebol brasileiro;[12] a expressão "é tetra" acabou se consolidando como uma expressão popular de comemoração.[13]
Quem é aquele moço com a bola no pé?
(É o Rei Pelé!)
Eu perguntei quem é o moço com a bola no pé?
(É o Rei Pelé!)
A bola lhe deu dinheiro,
Lhe deu nome, lhe deu fama,
A bola lhe colocou
Entre os maiores dos homens
Composição "O Rei Pelé", de Jackson do Pandeiro.
Pelé também foi objeto de diversas canções nacionais. Em 1958, João Chamo e Souza Cruz lançam "Pelé e o Brotinho";[19] no ano seguinte, Alceu Menezes lançou "Pelé, Pelé", que fez sucesso no carnaval de 1960.[19] Em 1961, Wilson Batista, Luiz Wanderley e Jorge de Castro lançaram a composição de chá-chá-chá "Rei Pelé".[19][20] Na letra, uma criança pede para sua mãe que o leve ao Maracanã, para ver "um Rei jogar futebol — o Rei Pelé". Em 1962, a dupla sertaneja Craveiro & Cravinho lança "Pelé dos Pobres",[20] narrando a história do jogador "Pelé dos pobres" que, como o Pelé real, também se destaca em campo.[21] No mesmo ano, Gordurinha compõe o baião "Pelé", cantando por Paulo Tito, que narra uma briga entre a esposa de um homem e sua vizinha; segundo o homem, "Minha vizinha nunca foi Pelé/ Mas fica dando bola pra mim".[20] Em 1971, após Pelé se aposentar da seleção brasileira, Miguel Gustavo compôs o samba de gafieira "Obrigado, Pelé".[20] Em 1973, Luiz Américo lamentou a aposentadoria de Pelé na canção Camisa 10; ao criticar o meio-campo da seleção que se preparava para a Copa do Mundo de 1974, Américo fazia alusão a Pelé ao cantar "Dez é a camisa dele, quem é que vai no lugar dele".[22] Em 1974, Jackson do Pandeiro lança o rojão "Rei Pelé", no qual canta que a bola colocou Pelé "entre os maiores dos homens", e que Pelé "tem um drible certo/E tem um tiro certeiro", sendo o "rei dos artilheiros".[23] Em 1978, Caetano Veloso gravou a canção "Love, Love, Love", no qual faz referência ao discurso proferido por Pelé quando de seu último jogo pelo Cosmos.[20][24][25] Em 2004, Jorge Ben Jor compõe o samba-rock "O Nome do Rei É Pelé", que canta sobre a carreira do ex-jogador.[20] Em 2018, os irmãos Paulo Tatit e Zé Tatit, da dupla Palavra Cantada, lançaram a música infantil "Pelé", para apresentar o jogador às novas gerações.[20] Em 2020, Altay Veloso e Paulo César Feital compõem "O Homem dos Três Corações", título em referência à cidade natal de Pelé, Três Corações; na composição, cantada por Alcione, comparam Pelé a brasileiros famosos, como Zizinho, Oscar Niemeyer, Luiz Gonzaga, Pixinguinha e Candido Portinari, cantando ainda que a bola, após o gol, sonha "com o deus Pelé".
O escritor e quadrinista Mauricio de Sousa criou em 1976 o personagem Pelezinho, baseado na infância de Pelé.[27] Segundo Mauricio de Sousa, Pelé inicialmente foi contrário a criar uma versão infantil de si mesmo; preferia uma versão "superatleta", nas palavras de Sousa.[28] Sousa convenceu Pelé ao desenhar o personagem e pedir que ele mostrasse para seus filhos.[28] O personagem inicialmente era reproduzido em tiras de jornal;[29] em 1977 foi lançada a revista Turma do Pelezinho.[28] Foram lançadas 66 revistas, entre 1977 e 1986.[30] Em 1996, o personagem apareceu numa série animada espanhola, coproduzida pelo canal Antena 3,[31] Anima Dream e Worldwide Cartoons.[32] Em 2012, Mauricio de Sousa confirmou a volta da publicação da Turma do Pelezinho pela Panini Comics.[33] Em 2014, o personagem foi a estrela do curta-metragem de animação Pelezinho em: Planeta Futebol.[34]
O ex-jogador também está presente em diversos jogos eletrônicos. Foram lançados quatro jogos com o nome de Pelé: Pelé's Soccer, para o Atari 2600, em 1980; Pelé!, para o Mega Drive, em 1993, e sua continuação, Pelé II: World Tournament Soccer, no ano seguinte, para o mesmo console; e Pelé: Soccer Legend, lançado para IOS e Android.[35] Em 2009, a Ubisoft lançou o jogo Academy of Champions: Soccer, para o Wii, no qual o jogador participa de uma escola de futebol dirigida por Pelé e Mia Hamm.[36] Em 2014 o ex-atleta foi inserido na popular série FIFA, como um dos jogadores clássicos disponíveis.[35] Na versão de 2019, Pelé tem a nota mais alta possível no jogo.[37] Em 2020, em homenagem aos seus 80 anos, a Psyonix disponibilizou itens cosméticos com a temática do ex-jogador no videogameRocket League.[35]
Pelé já atuou em propagandas de diversas marcas internacionais, como Atari, Honda, Coca-Cola, Pepsi, Volkswagen, Emirates, Louis Vuitton e Mastercard. No Brasil, já atuou em comerciais da lã de aço Bombril, do medicamento Biotônico Fontoura e para a empresa de telecomunicações Vivo, dentre outras.[3][38][39][40][41][42] Sua fama como patrocinador de produtos foi satirizada pela série de animação Os Simpsons: no episódio "The Cartridge Family", Pelé é anunciado antes da final da Copa do Mundo, e ao falar ao microfone, faz propaganda de um produto, recebendo imediatamente um saco cheio de dinheiro.[43][44][45][46] Para parte da imprensa brasileira, Pelé foi retratado pela animação como um "mercenário".[43][44][45] Alguns comerciais estrelados por Pelé acabaram se tornando famosos, com destaque para a propaganda do Ministério da Educação "Toda Criança na Escola", na qual o ex-jogador canta o refrão "ABC, ABC, toda criança tem que ler e aprender". A campanha é até hoje lembrada,[3] e o jingle considerado um dos mais famosos do Brasil.[38] Pelé publicou várias autobiografias, estrelou em documentários e compôs peças musicais, incluindo a trilha sonora do filme Pelé, em 1977.[47]
↑Na cena em questão, a personagem da atriz Ana Maria Nascimento e Silva perguntava se ele era realmente o Pelé; a qual o mesmo rebatia ironicamente: "Não. Sou o Jô Soares, sua piranha!"[5]
↑Lowe, Justin; Lowe, Justin (20 de novembro de 2016). «'I Am Bolt': Film Review». The Hollywood Reporter (em inglês). Consultado em 5 de dezembro de 2022