Partenogénese

O dragão-de-komodo é um animal capaz de reprodução por partenogénese, descoberta em 2007.

Partenogénese (português europeu) ou partenogênese (português brasileiro) (do grego παρθενος, "virgem", + γενεσις, "nascimento"; uma alusão à deusa grega Atena, cujo templo era denominado Partenon) refere-se ao crescimento e desenvolvimento de um embrião sem fertilização. São fêmeas que procriam sem precisar de machos que as fecundem.

Atualmente, a biologia evolutiva prefere utilizar o termo telitoquia, por considerá-lo menos abrangente que o termo partenogênese.

A partenogênese ocorre naturalmente em plantas agamospérmicas, invertebrados (e.g. pulgas de água, afídeos, abelhas) e alguns vertebrados (e.g. lagartos, salamandras, peixes, serpentes). Os organismos que se reproduzem por este método estão geralmente associados a ambientes isolados como ilhas oceânicas. Na maioria dos casos, no entanto, a partenogénese é apenas uma possibilidade eventual, sendo a reprodução com contribuição gênica paterna a mais comum. Esta alternância pode surgir por pressão ambiental.

Tipos de Partenogênese

De acordo com o sexo dos organismos gerados, a partenogênese pode ser de três tipos:

  • Partenogênese arrenótoca: origina apenas machos como abelhas (zangões)
  • Partenogênese telítoca: origina apenas fêmeas, por exemplo, afídeos (pulgões).
  • Partenogênese deuterótoca: origina machos e fêmeas como afídeos (pulgões).

Partenogênese em invertebrados

Em abelhas

Na sociedade das abelhas ocorre um fato curioso: tanto os óvulos fecundados como os não fecundados podem originar novos indivíduos. As rainhas e as operárias resultam do desenvolvimento de óvulos fecundados, sendo, portanto, diploides. A diferenciação entre elas é estabelecida pelo tipo de alimento fornecido às formas larvais:

  • As larvas que originam operárias são nutridas com mel e pólen.
  • As larvas que originam rainhas recebem geleia real como alimento.

Os zangões, cujas larvas são nutridas com pólen e mel, são haploides, uma vez que resultam do desenvolvimento de óvulos não fecundados. Os zangões, originando-se de óvulos não fecundados, herdam todos os genes que possuem da "mãe" (rainha), uma vez que não têm "pai".

Lista de casos

Ano Caso Quantidade Fonte
1984 Documentação de que os lagartos de manchas amarelas fêmeas podem procriar sem machos. Múltiplos filhotes [1]
2006 Partenogênese em dragão-de-komodo, no Zoológico de Chester, no Reino Unido. Múltiplos filhotes [2]
2007 Partenogênese em tubarões-martelo, no jardim Zoológico de Henry Doorly, em Nebraska. Um filhote [3]
2008 Partenogênese em tubarão-galha-preta, no aquário da Virgínia, nos Estados Unidos. Um filhote [4]
2017 Partenogênese em tubarão zebra, na Austrália. Três filhotes [5]
2019 Partenogênese em cobra sucuri, no Aquário de New England, nos Estados Unidos. Dois filhotes [6]
2019 Partenogênese em dragão-d'água-chinês, no instituto Smithsonian, nos Estados Unidos. Múltiplos filhotes [7]
2024 Partenogênese em cação-liso, onde fêmeas do aquário de Cala Gonome têm gerado filhotes desde 2020. Múltiplos filhotes [8]

Referências Bibliográficas


  1. Holmback, Erik (1 de janeiro de 1984). «Parthenogenesis in the Central American night lizard at San Antonio Zoo». International Zoo Yearbook (em inglês). 23 (1): 157–158. ISSN 1748-1090. doi:10.1111/j.1748-1090.1984.tb03023.x 
  2. Watts, Phillip C.; Buley, Kevin R.; Sanderson, Stephanie; Boardman, Wayne; Ciofi, Claudio; Gibson, Richard (21 de dezembro de 2006). «Parthenogenesis in Komodo dragons». Nature (em inglês). 444 (7122): 1021–1022. ISSN 0028-0836. doi:10.1038/4441021a 
  3. Chapman, Demian D.; Shivji, Mahmood S.; Louis, Ed; Sommer, Julie; Fletcher, Hugh; Prodöhl, Paulo A. (22 de agosto de 2007). «Virgin birth in a hammerhead shark». Biology Letters (em inglês). 3 (4): 425–427. ISSN 1744-9561. PMID 17519185. doi:10.1098/rsbl.2007.0189 
  4. Chapman, D. D.; Firchau, B.; Shivji, M. S. (1 de outubro de 2008). «Parthenogenesis in a large-bodied requiem shark, the blacktip Carcharhinus limbatus». Journal of Fish Biology (em inglês). 73 (6): 1473–1477. ISSN 1095-8649. doi:10.1111/j.1095-8649.2008.02018.x 
  5. Dudgeon, Christine L.; Coulton, Laura; Bone, Ren; Ovenden, Jennifer R.; Thomas, Severine (16 de janeiro de 2017). «Switch from sexual to parthenogenetic reproduction in a zebra shark». Scientific Reports (em inglês). 7. ISSN 2045-2322. PMID 28091617. doi:10.1038/srep40537 
  6. «Cobra sucuri fêmea engravida a si mesma e tem filhotes saudáveis». revistagalileu.globo.com. Consultado em 27 de maio de 2019 
  7. «Fêmea de espécie de lagarto consegue gerar filhotes sem a presença de macho». revistagalileu.globo.com. Consultado em 10 de junho de 2019 
  8. Esposito, Giuseppe; Meletiadis, Arianna; Sciuto, Simona; Prearo, Marino; Gagliardi, Flavio; Corrias, Ilaria; Pira, Angela; Dondo, Alessandro; Briguglio, Paolo (26 de julho de 2024). «First report of recurrent parthenogenesis as an adaptive reproductive strategy in the endangered common smooth-hound shark Mustelus mustelus». Scientific Reports (em inglês) (1). 17171 páginas. ISSN 2045-2322. doi:10.1038/s41598-024-67804-1. Consultado em 6 de outubro de 2024