O Palácio de Bucoleão (em grego: Βουκολέων; romaniz.: Boukoléon; em turco: Bukoleon Sarayı) era um dos palácios imperiais de Constantinopla, actual Istambul, pertencente ao complexo do Grande Palácio de Constantinopla e também conhecido como Palácio de Hormisda ou Palácio de Justiniano. Provavelmente, foi construído por Teodósio II durante o século V.
O palácio situa-se nas margens do Mar de Mármara. O nome original Hormisda derivava do príncipe persa da dinastia sassânidaHormisda, filho mais velho de Hormisda II(r. 302/303–309310) e irmão de Sapor II(r. 309/310–379), que se refugiara em Constantinopla durante o reinado de Constantino II e do qual tinha tomado nome toda aquela área da cidade onde residira. O nome Bucoleão (Boukoleon) surgiu provavelmente em finais do século VI, sob Justiniano, quando foi construído o pequeno porto em frente do palácio, que está agora completamente assoreado. De acordo com a tradição, erguia-se ali uma estátua representando um touro e um leão, dando ao porto o seu nome (βους e λέων são, respectivamente, os termos gregos para "touro" e "leão").
História
Erguido, provavelmente, por Teodósio II no século V, o palácio foi cada vez mais alargado, atingindo o auge da sua sumptuosidade no século VI, com Justiniano, quando tomou o nome de Palácio de Justiniano, ou Bucoleão. Diz-de que possuía mais de 500 salas, entre as quais um salão de banquetes para mais de 300 convidados. Nesta época, o imperador ergueu nas proximidades a Igreja dos Santos Sérgio e Baco (actualmente designada em turco Küçuk Ayasofya Camii).
No reinado de Teófilo, em meados do século IX, foram levados a cabo grandes trabalhos de reedificação, durante os quais foi construída a grande fachada dominando as Muralhas Marítimas, ainda hoje visível.
O palácio deixou de ser residência imperial durante a dinastia comnena, no século XII, cujos soberanos preferiram o Palácio de Blaquerna, considerado mais seguro. O novo palácio era uma verdadeira fortaleza adossada às poderosas Muralhas de Teodósio, erguido num lugar com atmosfera mais salubre, perfilando-se ao mesmo tempo sobre o campo e sobre o Corno de Ouro. O Palácio de Bucoleão permaneceu assim, juntamente com o Grande Palácio de Constantinopla, como residência de representação para as grandes cerimónias. Nesse período, o acesso marítimo ao palácio, o porto de Bucoleão, tornou-se no acesso cerimonial da cidade, destinado a acolher as visitas dos soberanos estrangeiros.[1]
(…) cavalgou ao longo de toda a margem, até ao Palácio de Bucoleão, e quando aí chegou, este rendeu-se, com a condição que as vidas de todos aqueles que estavam no interior fossem poupadas. Em Bucoleão foi encontrada a maior parte das grandes damas que tinham fugido para o castelo, entre as quais foi encontrada a irmã do Rei de França, que tinha sido imperatriz, e a irmã do Rei da Hungria, que também ela tinha sido imperatriz, e muitas outras damas. Do tesouro que foi encontrado naquele palácio não posso falar com precisão, senão que não era assim tanto para ser sem fim ou incalculável.
Os estragos causados pelos saques dos cruzados e o mau estado das finanças imperiais levaram a um progressivo abandono do complexo do Grande Palácio de Constantinopla e do Palácio de Bucoleão, tendo a corte imperial mudado definitivamente para o Palácio de Blaquerna.
Actualmente, o porto foi assoreado e do palácio não resta mais que um terraço com pórticos, uma torre e uma sala com colunas. As ruínas foram parcialmente destruídas em 1873 para permitir a construção da vizinha linha ferroviária. Partes importantes do palácio e das muralhas marítimas desapareceram. Depois disso, o conjunto manteve-se precariamente conservado.
Referências
↑cfr. Runciman, Steven: Storia delle Crociate, Volume Primeiro, Livro Segundo, Parte Quarta.
Bibliografia
Cyril Mango. The Palace of the Boukoleon. In: Cahiers Archéologiques 45, 1997.