Nota: Se procura pela primeira esposa de Aristóteles, consulte Pítia (Aristóteles).
Pítia
Sacerdotisa de Delfos (1891), de John Collier; a pítia se inspirava através do pneuma, os vapores que sobem na parte inferior da tela.
A pítia (em grego: Πυθία, transl.Pythía) ou pitonisa (serpente) era a sacerdotisa do templo de Apolo, em Delfos, Antiga Grécia, situado nas encostas do monte Parnaso. A pítia era amplamente renomada por suas profecias, inspiradas por Apolo. O oráculo délfico foi fundado no século VIII a.C.,[1] e sua última resposta registrada ocorreu em 393 d.C., quando o imperador romanoTeodósio ordenou que os templos pagãos encerrassem suas operações. Até então o oráculo de Delfos era tido um dos mais prestigiosos e fiáveis oráculos do mundo grego.
O nome 'Pítia' vem de Pytho (cujo significado é serpente), o nome original de Delfos na mitologia. Os gregos derivaram este topônimo do verbo pythein (πύθειν, "serpente"), assim denominado por causa da sacerdotisa, a Pítia, que nele profetizava os oráculos.[2]
Para se tornar dono do oráculo, a mitologia grega apresenta Apolo matando a serpente Píton, que havia sido mandada pela deusa Hera para perseguir a deusa Leto.[3]
Um ponto de vista comum a seu respeito afirmava que a pítia apresentava seus oráculos durante um estado de frenesi causado por vapores que subiam de uma fenda no rochedo sobre o qual o templo havia sido construído, e que ela falava coisas aparentemente sem sentido que eram consideradas pelos sacerdotes do templo como enigmáticas profecias, preservadas na literatura grega.[4]
Este quadro foi questionado por acadêmicos como Joseph Fontenrose e Lisa Maurizio, que argumentam que as fontes antigas representam de maneira uniforme uma pitonisa que fala de maneira inteligível, e faz profecias com sua própria voz.[5] Investigações geológicas recentes mostraram que emissões de gás vindas de uma fenda geológica no solo local poderiam estar relacionadas ao oráculo de Delfos; alguns pesquisadores sugeriram a possibilidade de que o gás etileno causasse o estado de 'inspiração' da pítia. Outros argumentaram que o gás expelido poderia ser o metano, ou CO2 e sulfeto de hidrogênio (H2S), e que a fenda em si seria resultado de uma ruptura sísmica no solo.[6][7]
Plutarco, De defectu oraculorum ("Sobre o declínio dos oráculos") e De Pythiae Oraculis ("Sobre os oráculos da pítia"), em Moralia, vol. 5 (Loeb Library, Harvard University Press)
Fontes modernas
de Boer, J.Z., J.R. Hale, and J. Chanton, "New Evidence for the Geological Origins of the Ancient Delphic Oracle," Geology 29.8 (2001) 707-711.
Bouché-Leclercq, Auguste, Histoire de la divination dans l'Antiquité, I-IV volumes, Paris, 1879-1882.
Dodds, E. R.The Greeks and the Irrational (Berkeley, University of California Press, 1963).
Farnell, Lewis Richard, The Cults of the Greek States, in five volumes, Clarendon Press, 1896-1909. (Cf. especially, volume IV on the Pythoness and Delphi).
Fontenrose, Joseph Eddy, The Delphic oracle, its responses and operations, with a catalogue of responses, Berkeley : University of California Press, 1978. ISBN 0-520-03360-4
Fontenrose, Joseph Eddy, Python; a study of Delphic myth and its origins, Nova York, Biblio & Tannen, 1959, 1974. ISBN 0-8196-0285-X
Goodrich, Norma Lorre, Priestesses, New York : F. Watts, 1989. ISBN 0-531-15113-1; Harper Collins, Perennial, novembro de 1990, ISBN 0-06-097316-1
Guthrie, William Keith Chambers, The Greeks and their Gods, 1955.
Hale, John R., Jelle Zeilinga de Boer, Jeffrey P. Chandon and Henry A. Spiller, Questioning the Delphic Oracle, Scientific American August 2003.
Holland, Leicester B. "The Mantic Mechanism at Delphi," American Journal of Archaeology 37 (1933) 201-214.
Maass, E., De Sibyllarum Indicibus, Berlin, 1879.
Maurizio, Lisa, The Voice at the Centre of the World: The Pythia's Ambiguity and Authority pp. 46–50 in Andre Lardinois e Laura McClure, eds., Making Silence Speak: Women's Voices in Greek Literature and Society, (Princeton University Press 2001).
Miller, Water, Daedalus and Thespis Vol 1, 1929.
Morgan, Catherine. Athletes and Oracles (Cambridge 1990).
Mitford, William, The History of Greece, 1784. Cf. v.1, cap. III, seção 2, p. 177, Origin and Progress of the Oracles.
Parke, Herbert William, History of the Delphic Oracle, 1939.
Parke, Herbert William, Sibyls and Sibylline Prophecy, 1988.
Potter, David Stone, Prophecy and history in the crisis of the Roman Empire: a historical commentary on the Thirteenth Sibylline Oracle, 1990. Cf. cap. 3.
Spiller, Henry A., John R. Hale, and Jelle Z. de Boer. "The Delphic Oracle: A Multidisciplinary Defense of the Gaseous Vent Theory." Clinical Toxicology 40.2 (2000) 189-196.
West, Martin Litchfield (1983). The Orphic Poems. [S.l.]: Oxford. ISBN 0-19-814854-2