O osso (do latimossu) é cada uma das peças formadas por tecido rígido que compõe os esqueletos dos vertebrados.[1] O conjunto dos ossos de um animal é o esqueleto, que sustenta o corpo e serve de apoio para os músculos, permitindo, assim, o movimento, principalmente pelo princípio da alavanca. Certos conjuntos de ossos protegem alguns órgãos internos, como o crânio, que protege o cérebro.
Nem todos os animais vertebrados possuem ossos em seu esqueleto (não confundir com invertebrados)ː por exemplo, o tubarão possui esqueleto exclusivamente cartilaginoso.
Os ossos também possuem relação com o metabolismo do cálcio, e a medula óssea está relacionada com a formação das células do sangue. O estudo dos ossos chama-se osteologia. O esqueleto humano adulto tem normalmente 206 ossos com sua identificação própria,[2] mais um número variável de ossos sesamoides (pequenos ossos de diversas partes do corpo – o nome faz alusão à semente de sésamo, pela semelhança no formato).
Formação
A formação dos ossos é chamada osteogênese ou ossificação (também chamado mineralização óssea na remodelação óssea).[3][4] O processo é realizado por células chamadas osteoblastos. Existem dois processos de osteogênese: ossificação intramembranosa e ossificação endocondral.[5] Ambos começam com a transformação de uma rede trabecular de tecido ósseo primário (também chamada de esponjosa primária) em tecido ósseo maduro.[6] No entanto, a ossificação intramembranosa dos ossos consiste na transformação de um molde mesenquimal em tecido ósseo. Já a ossificação endocondral forma-se na substituição de um molde preexistente de cartilagem hialina em tecido ósseo.[5]
os osteócitos, que se situam dentro da matriz óssea;
os osteoblastos, que produzem a parte orgânica da matriz;
os osteoclastos, que participam da remodelação óssea.
Osteócitos
Os osteócitos estão dentro da matriz óssea; há comunicação entre os osteócitos, por onde passam pequenos íons; essa característica é essencial para a manutenção da matriz. Quando esta célula morre há reabsorção pela matriz.
Osteoblastos
Os osteoblastos são responsáveis pela produção da parte orgânica da matriz, ou seja, colágeno tipo I, proteoglicanas e glicoproteínas. Concentram fosfato de cálcio e participam da mineralização óssea.[3] Na formação da matriz, ao redor do osteoblasto e quando não está calcificada ainda, chama-se osteoide. Cabe aqui salientar que diversos hormônios e outros sinalizadores estão intrinsecamente relacionados com a atividade dos osteoblastos.[4][6]
Osteoclastos
Osteoclastos são células gigantes, intensamente ramificadas. Elas secretam para dentro da matriz óssea íons de hidrogênio, colagenases e hidrolases, digerindo a matriz óssea e dissolvendo os cristais de sais de cálcio. A atividade desta célula é comandada pela calcitonina e paratormônio.
Matriz óssea
É uma substância do tecido ósseo onde encontramos lacunas que alojam os osteócitos; ela é constituída por uma parte inorgânica e outra parte orgânica. A parte inorgânica é principalmente constituída por íons de cálcio e fosfato, mas podemos também encontrar íons de potássio, magnésio, citrato, sódio e bicarbonato. O cálcio e o fosfato formam cristais que estudos de difração de raios-x mostram ter uma estrutura de hidroxiapatita. A parte orgânica da matriz é constituída por grande quantidade de fibras colágenas de tipo I (95%) e uma pequena quantidade de glicoproteínas e proteoglicanas. A dureza e a resistência do osso deve-se a associação das fibras colágenas de tipo I com hidroxiapatita.
Forma dos ossos
Quanto à forma, os ossos podem ser longos, curtos e chatos. Os ossos longos apresentam o comprimento maior que a largura e a espessura. Exemplos: o fêmur (o ossos da coxa), o úmero (o osso do braço) e a tíbia (um dos ossos da perna). Os ossos curtos apresentam comprimento, largura e espessura quase iguais. Exemplos: a patela, antigamente conhecida como "rótula"[7] (osso do joelho), os ossos do carpo (alguns dos ossos da mão) e do tarso (alguns dos ossos do pé).[8] Os ossos chatos são relativamente finos e achatados. Exemplos: a escápula, osso situado na região do ombro, as costelas e no crânio.[8]
Em relação à forma, existem três tipos principais de ossos:
Ossos longos - Apresentam comprimento maior que largura e espessura, são tubulares (ou seja, apresentam um canal no centro, normalmente preenchido por medula óssea) e apresentam extremidades dilatadas. São representados, principalmente, por ossos dos membros, como o fêmur, o úmero, a tíbia, o rádio e a ulna (antigamente conhecida como "cúbito"[9]);
Ossos planos, laminares ou chatos - Apresentam comprimento e largura semelhantes e maiores que a espessura. Geralmente têm função protetora. São representados pela escápula, osso do quadril e alguns ossos do crânio, como o frontal, occipital e parietal;
Ossos curtos - Apresentam forma cuboide, ou seja, possuem as três dimensões semelhantes e só são representados pelos ossos carpais e tarsais.
Ossos sesamoides - São ossos que se desenvolvem dentro de tendões. O principal exemplo é a patela. Os demais ossos sesamoides são supranumerários.
Ossos supranumerários - São ossos que excedem a condição de normalidade, ou seja, ossos em excesso no corpo humano.
Ossos irregulares - Não apresentam relação entre suas dimensões, diferindo de ossos longos, curtos e planos. São representados pelas vértebras no corpo humano.
Terminologia
Muitos termos são usados para referência a estruturas e componentes dos ossos ao longo do corpo:
Estrutura óssea
Definição
Processo articular
Uma projeção que faz contato com um osso adjacente.
Articulação
Uma região onde ossos adjacentes se conectam - uma junta.
Canal
Um longo forame em forma de túnel, usualmente a passagem para nervos linfáticos.
Côndilo
Um grande e redondo processo articular.
Crista
Uma linha proeminente.
Eminência
Uma pequena projeção.
Epicôndilo
Uma projeção perto de um côndilo, mas que não faz parte da junta.
A região terminal de um osso longo; região de ossificação secundária.
Linha epifisária
No osso longo é um fino disco de cartilagem hialina que é posicionado transversalmente entre a epífise e a metáfise. Nos ossos longos dos humanos, a linha epifisária desaparece por volta dos vinte anos.
Cabeça
A extremidade articular proximal de um osso.
Metáfise
A região de um osso longo encontrada entre a epífise e a diáfise.
Colo
A região do osso entre a cabeça e o corpo.
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↑ abRafael José Vieira; Francesca Salvador (15 de abril de 2023). «Formação de osso - Ossificação». Kenhub. Consultado em 19 de abril de 2024
↑ abKIERSZENBAUM, Abraham L (2008). Marcelo Sampaio Narciso; Adriana Paulino do Nascimento, eds. Histologia e biologia celular: Uma introdução a patalogia. Rio de Janeiro: Elsevier. ISBN978-8535283372