O Olympique de Marseille (pronúncia em francês: [ɔlɛ̃pik də maʁsɛj]), mais conhecido em países lusófonos como Olympique de Marselha ou simplesmente Marselha, e ainda pela abreviação OM, é um clube de futebol profissional francês da cidade de Marselha. Compete na Ligue 1, a primeira divisão do sistema de ligas da França. Manda seus jogos desde 1937 no Stade Vélodrome, com capacidade para 67.395 pessoas.[1] O lema do clube Droit au But (em francês para "Direto ao Gol"), estampado no escudo, remete aos dias em que o principal esporte do clube era o râguebi.[2]
Fundado em 1892 por René Dufaure de Montmirail como um clube poliesportivo, era chamado de Sporting Club, US Phocéenne, e Football Club de Marseille[4] nos seus primeiros cinco anos de vida. O nome Olympique de Marseille foi adotado apenas em 1899, ano em que se considera a fundação oficial do clube no formato atual. No começo, o rugby era o principal esporte dentro do clube, vindo o futebol a ser praticado apenas em 1902. Em 1904, o Olympique venceu seu primeiro campeonato, o Championnat du Littoral ("Campeonato do Litoral"), que tinha como participantes outros times da cidade, lhe dando a oportunidade de participar do Campeonato Francês da USFSA pela primeira vez, certame em que apenas conseguiu chegar às semifinais por três vezes, em 1904, 1907 e 1908.[4]
As primeiras glórias
Na década de 1920, conseguiu conquistar três Copas da França, em 1923–24, 1925–26 e 1926–27 e ainda o Campeonato Francês de Amadores em 1928–29, campeonato de maior importância na época. Na década seguinte, com a profissionalização do futebol e a criação do Campeonato Francês no formato atual, o Olympique foi campeão em 1936–37, considerado vencedor apenas pelo número de vitórias[5] (uma vez que terminou com o mesmo número de pontos do Sochaux), vice-campeão em 1937–38 e 1938–39 e terceiro colocado por mais dois anos, além de ter vencido mais três Copas da França, em 1934–35, 1937–38 e 1942–43, se tornando o maior vencedor do certame, título que ainda carrega.[5]
Sua segunda conquista do Campeonato Francês veio em 1947–48, mais uma vez numa disputa acirrada, dessa vez com o Lille, terminando o certame apenas um ponto a frente do rival.[5]
Do fundo do poço até o topo
Na década de 1950 e década de 1960, passou pela época mais difícil de sua história. Nesse período, disputou seis temporadas a Segunda Divisão Francesa, quando foi rebaixado em 1958–59, voltando 1962–63, novamente sucumbindo e retornando em definitivo apenas na temporada 1965–66. Sua única conquista foi a Copa Charles Drago, em 1959–60, além de ter sido finalista da Copa da França uma vez.
No seu retorno à Primeira Divisão, já contando com uma nova direção, tendo como presidente Marcel Leclerc, o clube voltou a estar no topo, conquistando três Copas da França e dois Campeonatos Franceses. Com jogadores como Roger Magnusson e Josip Skoblar (que levou a Bota de Ouro como jogador que mais fez gols em toda a Europa em 1971) fez história no futebol francês, participando ainda pelas primeiras vezes da Taça dos Clubes Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões da UEFA).[6] Porém, logo nas primeiras fases, enfrentou as favoritas Ajax e Juventus, que se sagraram campeã e vice-campeã, em 1971–72 e 1972–73, respectivamente.[7][8]
Mas o sucesso não durou muito e, com a demissão do presidente, que ameaçou a Liga de tirar sua equipe da disputa do certame por não poder mais contratar estrangeiros para seu time, outro rebaixamento veio em 1979–80, com o retorno vindo apenas em 1984–85.
Recorde (tetracampeonato nacional) e uma decepção em nível continental
Devido ao alto investimento, o Olympique conquistou quatro Campeonatos Franceses consecutivos, um recorde, igualando-se ao AS Saint-Étienne, que tinha o feito vinte anos antes, além de mais uma Copa da França. O primeiro título, em 1988–89 teve sabor especial devido à rivalidade, que estava tomando ares mais sérios na época, com o Paris Saint-Germain. A três rodadas do fim do campeonato, os dois times eram os únicos possibilitados de conquistar o certame e se enfrentariam. Com a partida empatada em 0–0 até o último minuto, Franck Sauzée marcou o gol da vitória e do título marselhano.
No ano seguinte, mais uma disputa acirrada, dessa vez com o Bordeaux, que ficou apenas dois pontos atrás do campeão. Em 1990–91 e 1991–92, duas conquistas em cima do Monaco.
O sucesso não gerou apenas reconhecimento nacional. Na sua primeira participação em muitos anos na Taça dos Campeões Europeus, o Olympique chegou às semifinais, depois de eliminar, com certa folga, Brøndby IF, AEK Athens e CSKA Sofia. O adversário da vez era o Benfica. Na partida de ida, na França, o Marseille fez 2–1, obtendo vantagem de empate para o jogo de volta. Nesta, o empate de 0–0, até os 82 min, dava a classificação inédita ao time de Marselha, porém, num erro infeliz do árbitro belga Marcel van Langenhove, o atacante angolano Vata, do time português, escorou a bola para o gol com a mão, fazendo o placar necessário para a classificação do Benfica, que veio a sucumbir diante do Milan na final.[10]
Um ano depois, na Taça de 1990–91, o Marseille foi ainda mais eficiente. Depois de bater Dinamo Tirana, Lech Poznań, o poderoso Milan e o Spartak Moscou, a final, que seria disputada contra o surpreendente Estrela Vermelha de Belgrado, era considerada uma tarefa não muito árdua. Porém, num empate em 0–0 no tempo regulamentar, a partida foi para a disputa de pênaltis, tendo Manuel Amoros, da equipe francesa, errado o alvo logo na primeira cobrança, o que se tornaria fatal para o time, já que mais nenhum pênalti foi desperdiçado, permanecendo o placar nas penalidades em 5–3, dando o título ao rival.
Na temporada seguinte, não conseguiu passar da segunda fase, sendo eliminado pelo Sparta Praga.
A maior glória do país
A maior glória de um clube francês na história veio em 1992–93. Na primeira fase, contra o Glentoran, da Irlanda do Norte, o Marseille fez 8–0 no agregado, passando facilmente, diferentemente da segunda, quando pegou o Dinamo Bucureşti, da Romênia. Precisando do resultado no jogo de volta, já que o placar não foi aberto no de ida, a tarefa de marcar os dois gols da vitória por 2–0 foi de Alen Bokšić.
Na fase seguinte, que só classificava um clube por grupo, o Olympique enfrentou Rangers, Club Brugge e CSKA Moscou, e teve três vitórias e três empates, permanecendo invicto.
Porém, devido a um escândalo envolvendo seu presidente na época, Bernard Tapie, o clube foi forçado a jogar a Segunda Divisão por dois anos, teve retirado seu título francês de 1992–93, que seria seu quinto consecutivo, e ainda não pôde participar da Copa Intercontinental do mesmo ano, que teve como clube substituto o vice-campeão europeu, AC Milan. A denúncia partiu de jogadores do Valenciennes, Jacques Glassmann,[11]Jorge Burruchaga[12] e Christophe Robert, que afirmaram ter sido contactados por Jean-Jacques Eydelie para deixarem o clube de Marselha vencer e, mais importante, não lesionarem nenhum jogador do Olympique para não prejudicar a final da Liga dos Campeões, que seria jogada dias depois.
Assim, o clube acabou campeão da Ligue 2 de 1994–95, mas foi impedido de subir para a Ligue 1. Sua volta foi na temporada seguinte, com o vice campeonato da Segunda Divisão.
Décadas atuais
Desde então, o clube vem tentando recuperar seu prestígio internacional, tendo sido vicecampeão da Copa da UEFA por duas oportunidades, em 1998–99, sendo derrotado pelo Parma,[13] e em 2003–04, depois de bater adversários como Internazionale, Liverpool e Newcastle, caindo diante do Valencia da Espanha.[14] Vice-campeonatos recentes ainda de duas Copas da França e dois Campeonatos Franceses ainda mantém o clube na elite do futebol francês.
Em 2009–10, quebrou o jejum que passou por quinze anos sem um título nacional, conquistando a Copa da Liga Francesa de 2009–10, em cima do Bordeaux por 3–1. Na mesma temporada, outro jejum foi quebrado. Dezoito anos depois, após assumir a liderança na trigésima primeira rodada, o Olympique foi campeão francês pela nona vez na sua história, com duas rodadas de antecedência.
Em 3 de maio de 2018, o Olympique alcançou a final da Liga Europa depois de eliminar o Salzburg nas semifinais (2–0, 1–2 a.e.t.), 14 anos após sua última final em uma competição europeia em 2004 contra o Valencia. Na final, o clube foi derrotado pelo Atlético de Madri (0–3).
Estrutura
Stade de l'Huveaune
O Marseille utilizou o Stade de l'Huveaune, que tinha capacidade para 15.000 pessoas, de 1904 a 1937.
O estádio do Olympique de Marseille é o Stade Vélodrome, com capacidade de 67.000 lugares, é localizado na cidade de Marselha. O estádio foi inaugurado dia 13 de junho de 1937 e é um dos maiores e mais belos estádios da França.
Na Copa do Mundo de 1938, recebeu dois jogos, entre eles, a semifinal entre Itália e Brasil, que terminou com a vitória italiana por 2–1, sendo que o Brasil não contou com seu principal jogador Leônidas, que estava machucado.
Para a Copa do Mundo de 1998, foi reformado e sua capacidade passou de 42.000 lugares para 60.013. Naquela ocasião, foi o palco de inúmeros jogos, entre eles a semifinal entre Brasil e Holanda, que terminou em 1–1 e com vitória brasileira na disputa de pênaltis.
O Vélodrome passou por reformas recentemente para sediar partidas da Euro 2016, que fora disputada em território francês. Assim, o estádio agora possui capacidade para 67.000 espectadores. As obras custaram aproximadamente 270 milhões de euros.[15]
Centro de treinamento Robert Louis-Dreyfus
Construído em julho de 1991, num terreno de 40.000 m², era chamado oficialmente de La Commanderie, porém foi renomeado em 2009 em homenagem a Robert Louis-Dreyfus, antigo presidente do clube, falecido no mesmo ano vítima da leucemia.
O Olympique de Marseille mantém uma rivalidade na França com o Paris Saint-Germain, chamado de Le Classique ("O Clássico"), desde 1971, quando o time de Marselha venceu o de Paris por 4 a 2. Os dois clubes são os maiores detentores de títulos nacionais e os únicos do país a terem conquistado títulos europeus de grande porte, tendo o OM vencido uma Liga dos Campeões da UEFA em 1992–93 e o PSG vencido a Taça dos Clubes Vencedores de Taças em 1996. Tal rivalidade está para muito além dos gramados, visto que são as duas maiores cidades francesas e tem fortes diferenças culturais entre si.[16][17]
O clube também enfrenta o Olympique Lyonnais, também chamado de Lyon, no clássico Choc des Olympiques ("Choque dos Olímpicos"). Ao contrário do Le Classique, a rivalidade não tem brigas e confusões dentro dela e, em vez disso, decorre da competitividade dos jogadores, treinadores, torcedores e hierarquia presidencial de cada clube.[18]
Há também outros clubes em Marselha, como o Athlético Marseille, porém raramente acontecem jogos entre esses clubes, visto que este disputa a Championnat National 2, a quarta divisão nacional.
↑«Three's a charm for Parma» (em inglês). sportsillustrated.cnn.com. 12 de maio de 1999. Consultado em 9 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 25 de setembro de 2010
↑«Valencia 2-0 Marseille» (em inglês). bbc.co.uk. 19 de maio de 2004. Consultado em 9 de dezembro de 2010