Em 1967 Jorge Ben encontrava-se em São Paulo, morando com o cantor Erasmo Carlos em seu sobrado na Rua Kansas 239, no bairro do Brooklin.[4] Nessa época deixou a gravadora Philips Records e resolveu iniciar a gravação de seu novo álbum, sob contrato da pequena gravadora Artistas Unidos (selo da Fábrica de Discos Rozenblit). Os ensaios na casa do Brooklin iam até tarde da noite e passaram a incomodar os vizinhos. Um deles gritou em diversas ocasiões "Silêncio no Brooklin!" , interrompendo Jorge Ben em várias ocasiões. Posteriormente Ben batizou o álbum como "O Bidú - Silêncio no Brooklin" (sendo Bidu apelido dado a Ben na época).[5][6][7]
Faixas
Dados retirados do sítio oficial do artista:[2]
Todas as canções escritas e compostas por Jorge Ben Jor, exceto onde indicado.
Em 1966 Jorge Ben rompeu com o movimento Bossa nova e acabou atraído para a Jovem Guarda por intermédio de seu amigo Erasmo Carlos.[8] Sua "adesão" acabou não sendo bem aceita pela crítica sediada no Rio de Janeiro e expoentes do samba.[9]Naquela época Ben e a Jovem Guarda chegaram a anunciar a criação do subgênero "Samba Jovem".[10] Dessa forma, O Bidú: Silêncio no Brooklin foi fortemente criticado no Rio de Janeiro.
Juvenal Portela, do Jornal do Brasil teceu fortes críticas ao álbum, ao artista e ao produtor Roberto Corte Real em um artigo intitutlado "O mal do Jorge Ben".[11]:
"...Em primeiro lugar, dou conta de um som horrível que envolve as 12 faixas. Depois, da péssima seleção musical, onde nada escapa ao medíocre. Contam-se, ainda, os falsos e lamentáveis arranjos, o acompanhamento e a interpretação, tudo em um primarismo impressionante...
— Juvenal Portela, Jornal do Brasil, 16 de junho de 1967.
"...É triste ouvir-se um LP como este último de Jorge Ben. A música que projetou o rapaz era inspirada, de boa qualidade e principalmente marcada por um ritmo vivo e pessoal. De lá pra cá a qualidade das composições de Ben caiu vertiginosamente...Consegue com suas composições, ficar num limbo entre coisas como iêiêiê, chanchado, bailão e até mesmo samba. É triste essa fase, justamente quando Chove Chuva e Mas que Nada fazem sucesso no exterior"...
— Mauro Ivan, Correio da Manhã, 2 de julho de 1967.
"... Do primeiro ao último sulco do LP, nada encontramos que valha a pena ser ouvido..."
— L.P. Braconnot, Tribuna da Imprensa, 5 de julho de 1967.
Em São Paulo a crítica foi mais favorável ao disco. Em O Estado de S. Paulo, Carlos Vergueiro escreveu[14]:
"... Todas [as canções são] bem modernas, interpretadas com o tom muito pessoal de Jorge Ben."
— Carlos Vergueiro, O Estado de S. Paulo, 13 de junho de 1967.
Notas
↑Segundo as normas ortográficas da língua portuguesa, a palavra bidu deve ser grafada sem acento, pois é uma oxítona terminada em u antecedida por consoante.
↑Paulo da Costa e Silva (4 de outubro de 2012). «Imbatível ao extremo». Instituto Moreira Salles. Consultado em 20 de fevereiro de 2022
↑Artistas Unidos (agosto de 1967). «Anúncio de discos». Cinelândia, edição 324, página 43/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 20 de fevereiro de 2022
↑«Jorge Ben fêz inimigos porque aderiu ao Iêiêiê». Intervalo, Ano IV, edição 167, página 9/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 20 de março de 1966. Consultado em 21 de fevereiro de 2022
↑«Nasce o Samba Jovem». Intervalo, Ano IV, edição 170, página 10/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 10 de abril de 1966. Consultado em 21 de fevereiro de 2022
↑Juvenal Portela (16 de junho de 1967). «O mal do Jorge Ben». Jornal do Brasil, ano LXXVII, edição 60, Caderno B, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 20 de fevereiro de 2022
↑Mauro Ivan (2 de julho de 1967). «Ben, Cats, Cinema, Laurindo e Astrud». Correio da Manhã, ano LXVII, edição 22773, 5º Caderno, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 21 de fevereiro de 2022
↑L.P. Braconnot (5 de julho de 1967). «Discos». Tribuna da Imprensa, ano XVIII, edição 5309, Segundo Caderno, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 21 de fevereiro de 2022
↑Carlos Vergueiro (13 de junho de 1967). «Conjunto francês interpreta Bach». O Estado de S. Paulo, ano 88, edição 28270, página 9. Consultado em 21 de fevereiro de 2022
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