Segundo o que se sabe, o Padre Francisco Xavier Leite Fragoas era pároco da cidade São Miguel de Soutelo, hoje chamada apenas de Soutelo, na arquidiocese de Braga, no ano de 1790. O pároco era oriundo de uma família abastada e muito piedosa. Segundo o que diz na obra "O Santuário do Alívio"[2] ele também era gentil e caridoso com os paroquianos, era um homem que procurava imitar a Cristo, renunciando a toda ostentação e vaidade. Também era zeloso com a aparência e limpeza da igreja, pois tinha de cuidar com zelo a casa do Senhor.[2][3]
Infelizmente o piedoso padre adoeceu, era uma grande enfermidade que o impossibilitava até de levantar-se de sua cama, foi necessário chamar vários médicos, que o diagnosticaram com enfermidades de gravidade imensurável, conforme os dias iam se passando o pobre padre continuava piorando, cada vez mais a doença avançava, sem que nenhum dos médicos conseguissem tratamento ou cura. Todavia, o piedoso padre não tinha intenção de falecer sem concluir suas obras para a igreja matriz. Sendo ele um fervoroso devoto de Nossa Senhora decidiu pedir em oração a cura de suas gravíssimas enfermidades, prometendo a mãe de Deus edificar uma igreja em sua honra.[3]
Na Alvorada, o assistente do padre caminha rumo ao seu quarto para servir-lhe o almoço, porém ao se aproximar percebeu uma forte claridade que refletia pela brecha da porta, cheio de curiosidade e sabendo ele que não deveria ter ninguém fazendo companhia para o padre naquela hora e também sabendo que as janelas deveriam está fechados ele decidiu esperar uns segundos e entrar, ao adentrar no quarto, aquela claridade já não mais se encontrava, porém ali se encontrava o pároco com um olhar vivido, uma postura calma e a sua voz audível gozando de boa saúde. Com um sorriso esperançoso no rosto o padre pergunta se ele tinha observado algo incomum naquela manhã. O assistente ainda curioso descreveu a claridade que tinha avistado refletir pela brecha da porta. Contente, Pe. Xavier o responde: "Foi Nossa Senhora que me apareceu! Esteve aqui no quarto, eu vi-a! Ela me curará e assim eu poderei concluir as obras da igreja!" Logo a seguir a melhora do padre foi muito rápida o possibilitado voltar as suas funções paroquiais[3].
A construção da capela
Tendo recebido a graça da Virgem Santíssima, o padre iniciou a cumprir suas promessas. A sua vontade era construir a maior capela que seu dinheiro pudesse permitir. Assim, em 1794 escreveu uma carta ao D. Frei Caetano Brandão[4], arcebispo de Braga, requisitando autorização para construir uma capela em louvor de Maria Santíssima, ele deixou dinheiro suficiente para a edificação e manutenção da capela. A solicitação foi deferida, fato o fez ele insistisse novamente a pedir ao bispo[4], dizendo que a referida capela seria para veneração a Nossa Senhora do Alívio[3][4].
A construção da capela começou no dia 18 de agosto de 1794, assim que o arcebispo concede autorização para a construção da capela[5]. já em 18 de junho de 1798, comunica ao arcebispo de Braga pedindo suas bênçãos e alegremente informando que concluiu a construção da capela. A consagração ocorreu no dia 7 de setembro de 1798. Nesse dia houve uma festa enorme, com muitos fies e festejos em Soutelo, além que várias autoridades da igreja estiveram presentes, junto com uma grande multidão. Eles logo fizeram uma grande procissão que levou a imagem de Nossa Senhora do Alívio saindo da igreja matriz de Soutelo até a capela construída, na companhia das imagens de doze apóstolos e doze anjos.[3]
Não demorou muito para que se fizessem romarias com pessoas de todas as partes. As festas para Nossa Senhora do Alívio ocorrem especialmente no segundo e no terceiro domingos de setembro. O santuário do Alívio também virou um importante centro de peregrinação, comprovado com a presença permanente de peregrinos, principalmente aos domingos.[3][6]
Oração a Nossa Senhora do Alívio
“Senhor Jesus Cristo, Mediador nosso junto do Pai, que, pelo poder do Espírito Santo, Vos dignastes escolher a Virgem Santíssima, Vossa Mãe, que invocamos como Senhora do Alívio, nossa Medianeira e auxílio nas doenças e preocupações, concedei misericordiosamente a quem por ela Vos invoca, procurando as Vossas graças, se alegre de as receber para louvor da Vossa Glória. Amém.”[7][3]
↑Dra. Adélia Santos, Dr. Mário Brito (novembro de 2005). «Roteiro de feiras, festas e romarias»(PDF). Câmara Municipal de Vila Verde. Consultado em 1 de setembro de 2020