Na Mira foi um programa jornalístico brasileiro com o formato de jornalismo policial local transmitido pela TV Aratu entre 17 de novembro de 2008 e 28 de agosto de 2015.[2] Voltou ao ar no dia 11 de dezembro de 2017, sendo exibido pela Rede Brasil Bahia, mas voltou a ser descontinuado em 9 de março de 2018, após a emissora ser extinta por não ter autorização para gerar programas.[3]
Enquanto exibido pela TV Aratu, o programa se destacou devidos aos bons índices de audiência na medição do IBOPE em Salvador, na primeira fase.[2] Mas também pelas críticas por violar de forma sistemática uma série de direitos fundamentais, conforme denúncia do Ministério Público da Bahia. Quanto a isso, ainda ficou em quarto lugar na campanha feita por telespectadores, "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania", com denúncias fundamentadas sobre "sensacionalismo, apologia à violência e desrespeito à pessoa humana".[4]
Em abril de 2009 o Ministério Público da Bahia entrou com uma ação civil pública pedindo que o programa fosse suspenso do ar por usar "o pretexto de mostrar a vida real" e "apresentar diariamente cenas de extrema violência e reportagens constrangendo, ilegalmente e de forma humilhante, pessoas negras e pobres que são presas pela polícia, ofendendo, dessa forma, direitos e garantias fundamentais da pessoa humana." Também foi destacado pelos promotores o uso de cenas com cadáveres ensanguentados, pessoas torturadas e assassinadas em um horário muito acessível por crianças.[5]
Segundo os promotores Almiro Sena e Isabel Adelaide o Na Mira "viola de forma sistemática, reiterada e ostensiva, uma série de outros direitos fundamentais igualmente importantes (…) ao realizar a execração pública, inclusive com xingamentos de pessoas suspeitas, processadas ou condenadas pela prática de algum crime, o programa fomenta a discriminação desses e de todos que se encontrem em situação semelhante, mormente a população afrodescendente moradora de bairros periféricos, por ser essa a que é, quase exclusivamente, mostrada diariamente (…) [O programa], além de não prestar qualquer serviço dessa natureza, utiliza-se covardemente da justificativa de servir ao interesse público, para fazer exatamente o oposto. Ou será que humilhar, xingar, ridicularizar e expor indevidamente, e da pior forma possível, a imagem de pessoas pobres ou paupérrimas presas nas Delegacias de Polícia é atender ao interesse público?"[5]
Após a notificação do Ministério Público, a produção do Na Mira não melhorou o conteúdo e passou a fazer referências de que iria continuar com seu formato original, além de provocar o Ministério chamando-os de "homens de capa preta".[5] Dos DVD enviados para análise no Ministério Público, o juiz Manuel Bahia informou que encontrou facilmente "quadros chocantes, pavorosos, tétricos, macabros e dantescos." Foi determinada a suspensão temporária do programa, sob pena de multa diária de 10 mil reais em caso de desobediência.[6]
Referências
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