Nêuston é a designação dada em Ecologia ao grupo de organismos que tem por habitat a camada superficial das massas de água (em geral considerando-se como tal os primeiros 10 cm). O nêuston é o conjunto de organismos microscópicos que compõem o plêuston, e que por isso se encontram na camada superficial que separa a água da atmosfera.[1] A etimologia do termo nêuston radica-se no adjectivo grego: νευστόνneustón ("o nadador") derivado do verbo νεῖνnein ("nadar"; aoristo: neus-).[2]
Em contraste com os termos plâncton (os organismos que flutuam ou se movem lentamente na coluna de água), nécton (os organismos nadadores capazes de determinar livremente o seu movimento), os membros do nêuston permanecem confinados à imediata vizinhança da interface entre a água e o ar. Em consequência, a designação nêuston é por vezes limitada aos organismos flutuantes microscópicos que vivem na directa dependência da superfície da água[4] ou àqueles que dependem da tensão superficial da água para flutuar.[5] O termo pleuston é nalguns casos usado para designar os organismos que flutuam por impulsão ou são macroscópicos.
Outro grupo abundante e com grande biodiversidade são os Collembola, que inclui os géneros Podura e Sminthurides quase exclusivamente neustónicos e o género Hypogastrura cujas espécies frequentemente se agregam junto à superfície de lagos e lagoas.
Entre as adaptações a estes habitats está a capacidade de explorar a tensão superficial da água, bem patente no género Gerris, cujas espécies «caminham» sobre a água.
Por extensão o termo tem sido utilizado em ciências do ambiente para designar o material flutuante que forma agregações à superfície das águas, nomeadamente pequenos resíduos resistentes à decomposição como a grande ilha de lixo do Pacífico.
Subdivisões e importância
Recebem a designação epinêuston os organismos que vivem na fase aérea (sobre a película de água) e de hiponeuston os que vivem na fase aquosa (por debaixo da superfície da água).[1][6]
A partir da década de 1960 começou a estudar-se este sistema ecológico e a determinar-se a sua biodiversidade,[8] em especial as finas películas azuladas formadas por fitoplâncton e bactérias com actividade biológica muito elevada, cuja duração não excede algumas horas. Estas formações esporádicas denominam-se slicks e podem biodegradar o petróleo bruto em águas contaminadas.[1]
Notas
↑ abcDajoz, Roger; Leiva Morales, María José (2003). Tratado de Ecología. [S.l.]: Mundi-prensa Libros. p. 586. ISBN9788471148285. Consultado em 3 de fevereiro de 2010 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑Enciclopedia Microsoft Encarta Online 2007. «Neuston». Consultado em 3 de fevereiro de 2010
↑Hardy, J. T. (1982). «The sea surface microlayer: Biology, chemistry and anthropogenic enrichment». Progress In Oceanography (em inglês). 11 (4): 307-328. doi:10.1016/0079-6611(82)90001-5