O filme teria uma grande estreia mundial nos cinemas agendada para 27 de março de 2020, que veio a ser adiada nos Estados Unidos diversas vezes e depois cancelada por conta da decorrente pandemia de COVID-19. Em setembro do mesmo ano, o filme foi lançado através do Disney+ nos países em que o serviço de streaming está disponível e também contou com uma estreia nos cinemas nos países que permitiram a reabertura gradual de salas de cinema durante a pandemia. Mulan recebeu observações positivas de críticos que elogiaram as sequências de ação, figurino e as performances.
No dia 16 de agosto de 2019, após a atriz Liu Yifei, protagonista do filme, declarar publicamente seu apoio aos policiais acusados de agirem brutalmente contra manifestantes pró-democráticos em Hong Kong, um grupo de pessoas sugeriu que o filme sofresse um boicote.[4][5] A notícia se espalhou rapidamente pelo Twitter e logo tomou conta de toda a internet.[6] Posteriormente, em setembro de 2020, após o lançamento do filme no Disney+ e um pouco antes da estreia nos cinemas na China, a pressão por um boicote ao filme aumentou na internet pelo fato de parte do filme ter sido filmado na região de Xinjiang, onde ocorreram violações de direitos humanos.[7]
Elenco
Liu Yifei como Fa Mulan: Filha mais velha do lendário soldado Hua Zhou que desafia a tradição milenar e a lei de seu povo ao se disfarçar como homem no Exército Imperial, protegendo seu pai doente.
Donnie Yen como Comandante Tung: O severo e respeitado comandante do Exército Imperial e mentor de Mulan. É baseado no personagem Li Shang do filme animado.
Gong Li como Xianniang: Uma poderosa feiticeira cujas habilidades incluem assumir a forma de outros seres humanos. Por seu domínio de magia antiga, tem seu lugar rejeitado na corte chinesa e alia-se a Bori Khan sob promessa de ser aceita em uma nova era. Personagem introduzido nesta nova adaptação, tem paralelos com o personagem Hayabusa do filme animado.[8]
Jet Li como O Imperador: O sábio e benevolente líder do povo chinês que, para combater a ameaça de invasores do Norte, ordena a mobilização de tropas do Exército Imperial com o alistamento de um homem de cada família.[9][10]
Jason Scott Lee como Bori Khan: Um guerreiro habilidoso e líder dos Rouranos que busca vingança do Imperador da China pela morte de seu pai. É baseado no personagem Shan Yu, antagonista do filme animado.[11]
Yoson An como Chen Honghui: Um confiante e ambicioso recruta que faz parte da unidade comandada por Tun e cria uma grande admiração por Mulan. É baseado no personagem Li Shang do filme animado.
Ron Yuan como Sargento Qiang: O fiel subordinado de Comandante Tung no Exército Imperial.
Tzi Ma como Hua Zhou: Pai de Mulan e um respeitado veterano de guerra, conclamado pelo Exército Imperial contra os invasores do Norte apesar de sua saúde frágil.
Jimmy Wong como Ling: Um recruta da unidade do Exército Imperial comandada por Tung.[12]
Doua Moua como Chien-Po: Um recruta da unidade do Exército Imperial comandada por Tung.[12]
Chen Tang como Yao: Um recruta da unidade do Exército Imperial comandada por Tung.[12]
Nelson Lee como O Chanceler: Mais importante conselheiro do Imperador da China que emite um decreto convocando cada homem de uma família chinesa na guerra contra a invasão dos povos do Norte. É baseado no personagem Chi-Fu do filme animado.[13]
Cheng Pei-pei como A Casamenteira, uma mulher severa e imponente que é responsável por arranjar casamentos e julga de forma desagradável noivas em potencial, especialmente Mulan.[14]
Cheng reprisou seu papel na dublagem do filme em mandarim.[15]
Produção
Desenvolvimento
Por várias vezes nos anos recentes, a Walt Disney Pictures manifestou o interesse em realizar uma adaptação live action do filme de animação Mulan, de 1998, estrelando Zhang Ziyi e com a provável direção de Chuck Russell. Os planos para uma adaptação se tornaram mais concretos a partir de 2010, mas o projeto nunca foi levado a cabo.[17]
Em 30 de março de 2015, o jornal The Hollywood Reporter informou que a companhia havia dado início a produção da adaptação tendo Chris Bender e J. C. Spink como produtores e Elizabeth Martin e Lauren Hynek como roteiristas.[18] Em 4 de outubro de 2016, foi anunciado que Rick Jaffa e Amanda Silver iriam reescrever o roteiro combinando a lenda original chinesa com elementos do filme animado de 1998, enquanto Jason T. Reed se juntaria a equipe de produtores.[19] Foi anunciado que o novo filme não teria as canções da animação de 1998, o que gerou críticas dos fãs da animação. Em 15 de janeiro de 2020, a diretora do filme, Niki Caro, explicou que as canções da animação foram retiradas porque a ideia do novo filme é ser mais realista: "Voltando a questão do realismo, não tendemos a cantar quando entramos em guerra. Não que eu esteja dizendo algo contra a animação. As músicas são brilhantes e se eu pudesse encaixá-las ali, eu faria. Mas honramos a música da animação de uma maneira muito significativa". Algumas das canções da animação acabaram sendo usadas no novo filme em suas versões instrumentais.[20] Em 27 de fevereiro de 2020, o produtor Reed disse que o personagem Mushu, coadjuvante do filme animado e dublado por Eddie Murphy, foi retirado da nova adaptação devido a sua baixa receptividade pelo público chinês.[21][22] Reed também afirmou que, ao contrário do filme original, os produtores se basearam em várias outras adaptações da lenda chinesa alegando que "o público tradicional da Disney e o público de ascendência asiática viam o filme de uma maneira, e o público chinês na China via o filme de uma maneira muito diferente", os cineastas "tentaram se certificar de que estavam atingindo ambos os públicos".[21]
Seleção do elenco
Devido a intensas críticas sofridas por filmes estadunidenses pela alegada prática de embranquecimento no cinema, Mulan esteve sobre intensa observação desde a divulgação de que a Disney realizaria uma nova adaptação.[23][24] Uma petição motiva por internautas intitulada "Tell Disney You Don't Want A Whitewashed Mulan!" ("Diga a Disney que não queremos uma Mulan embranquecida", em tradução livre) recebeu mais de 100 mil assinaturas virtuais. Em 4 de outubro de 2016, a empresa anunciou que estava realizando uma busca global pela atriz a interpretar a personagem-título.[25] Uma equipe de cineastas visitou diversos países do globo e examinou cerca de 1.000 atrizes para o papel, exigindo que a atriz ideal tivesse consideráveis habilidade em artes marciais, Inglês fluente e reconhecimento mundial.[26]
Primeiramente, a Disney buscava a contratação de um cineasta asiático para o filme. A empresa considerou Ang Lee, cineasta taiwanês vencedor do Oscar de Melhor Diretor por Brokeback Mountain e Life of Pi em 2006 e 2013, respectivamente. A imprensa estadunidense mencionou que Lee foi contactado e recusou a oferta em 12 de outubro de 2016.[36] De acordo com a matéria publicada em 22 de novembro do mesmo ano, Lee concordava na contratação de um cineasta asiático para o longa, mas não assumiria a responsabilidade por estar envolvido na divulgação de Billy Lynn's Long Halftime Walk.[37] Em seguida, a Disney entrou em contato com Jiang Wen sem conclusões. Finalmente, em 14 de fevereiro de 2017, a cineasta neozelandesa Niki Caro foi anunciada como nova diretora do filme, sendo a segunda mulher a dirigir uma produção da Disney com orçamento acima de 100 milhões de dólares, depois da direção de Ava DuVernay em A Wrinkle in Time.[38][39]
Filmagens
A produção principal começou em 13 de agosto de 2018 em diferentes locais na Nova Zelândia e na China.[40]
Parte do filme foi filmado na região chinesa de Xinjiang. Isso gerou críticas pelo fato da região ser um local onde ocorreram violações de direitos humanos.[41][42] Depois que essas críticas surgiram no exterior, o governo chinês chegou a proibir parte da imprensa local de cobrir a estreia de Mulan na China, para evitar chamar a atenção para controvérsias políticas em torno do filme.[43] Christine McCarthy, uma das diretoras da Disney, falou em resposta às críticas que o filme foi filmado quase completamente na Nova Zelândia e que as filmagens na China foram um esforço para retratar algumas das paisagens e geografias únicas do país.[44]
Em 4 de agosto de 2020, a Disney anunciou que cancelaria o lançamento tradicional do filme nos Estados Unidos e o lançaria nas plataformas digitais do Disney+ em 4 de setembro de 2020. O lançamento do filme nesse serviço de streaming também ocorreu nos outros países que tinham o serviço disponível, já que em muitos lugares os cinemas ainda estavam fechados por causa da pandemia.[51]Mulan ficou disponível para aquisição na plataforma até 2 de novembro de 2020 pelo valor de U$ 29,99, antes de ser disponibilizado para todos os assinantes em 4 de dezembro de 2020.[52] Sobre o valor de aquisição do filme, o então presidente da Disney Bob Chapek afirmou: "Estamos tentando estabelecer uma janela de acesso ao lançamento para capturar o investimento sobre o filme."[51] Na França, o dono de um cinema em Paris gravou um vídeo destruindo um banner de Mulan, em protesto contra o lançamento do filme no Disney+.[53]
O filme ainda foi lançado nos cinemas dos países que não tinham o serviço do Disney+ e que reabriram as salas de cinema durante a pandemia de COVID-19.[54] Na China, o filme foi lançado nos cinemas em 11 de setembro de 2020.[55]
Recepção
Vendas online
A revista estadunidense Variety estimava que Mulan precisaria de 8,4 milhões de compradores virtuais para ser considerado um sucesso comercial.[56] Na semana do lançamento do filme, a plataforma de streamingDisney+ registrou 68% a mais de downloads do que as vendas da semana anterior, em comparação aos 72% de Hamilton no mês de julho.[57] Após a semana de estreia, a Business Insider divulgou que o filme havia sido assistido por 1 milhão de pontos de acesso (incluindo aqueles conectados por aparelhos televisores), o que resultaria em 33,5 milhões de dólares em lucros para a companhia.[58]
Em 4 de novembro de 2020, a Variety informou que Mulan foi o sexto título mais assistido nos serviços de streaming em 2020 até aquele momento.[59] Em 12 de novembro de 2020, o então presidente da Disney, Bob Chapek, disse que o desempenho do filme no Disney+ foi satisfatório. Porém, ainda assim, teria sido abaixo do esperado.[60]
Bilheteria nos cinemas
Mulan arrecadou 5,9 milhões de dólares em nove diferentes países durante sua semana de estreia, incluindo 1,2 milhão na Tailândia e 700 mil em Singapura, ambos países em que o filme é a maior estreia do ano. Mulan também arrecadou 800 mil nos Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.[61][62] Na sua segunda semana de exibição, o filme somou 29 milhões de dólares em 17 países, incluindo 1,8 milhão na Rússia e sendo o filme mais assistido na Ucrânia, Hungria e África do Sul.[63]
Devido a diversos fatores, incluindo a óbvia representação asiática em filmes de grande sucesso, o lançamento anterior do filme através das plataformas digitais, o fato da estreia nos cinemas na China ter sido anunciada apenas alguns dias antes (dando assim poucas chances de construir uma forte campanha de marketing no país) e de parte da imprensa local não ter coberto a estreia do filme por causa da polêmica em torno das filmagens em Xinjiang , Mulan teve o seu desempenho muito prejudicado no mercado chinês.[64] O filme arrecadou 23,2 milhões de dólares na semana de estreia no país, números considerados baixos e, no entanto, 23% mais rentável do que Aladdin, lançado um ano antes.[65] Em seu segundo final de semana na China, o filme obteve apenas 6,5 milhões de dólares, uma queda de 72% em relação a primeira semana.[66]
Por causa principalmente da pandemia de COVID-19, que afastou muitas pessoas das salas de cinema e chegou a fechar completamente os cinemas de muitos países, a bilheteria de Mulan nos cinemas foi muito afetada e terminou sendo de U$ 69,9 milhões.[67][68]
Recepção crítica
No site Rotten Tomatoes, o filme mantém taxa de aprovação de 75% baseada em 253 análises, com média de 6,8/10. O consenso crítico do site afirma que "o filme poderia ter contado sua história clássico com maior profundidade, porém a adaptação live action de Mulan é uma maravilha visual que serve como uma renovação enérgica ao seu predecessor."[69] No site Metacritic, o filme possui média avaliativa de 76/100, baseada em 51 análises, indicando "críticas majoritariamente positivas".[70]
Richard Roeper, do Chicago Sun-Times concedeu ao filme 3,5 de 4 estrelas, elogiando "o elenco refinado, ação excitante e visuais espetaculares" e escreveu que "é um belo filme, com maravilhosos cenários e ação deslumbrante e cores tão vibrantes que poderiam impressionar uma fábrica da Crayola, ainda será bem exibido em nossos monitores. Há ótimos tons de laranja e magenta, azul e amarelo, é como se estivéssemos vendo tais cores pela primeira vez."[71] Kate Erbland, da revista IndieWire, deu ao filme uma nota "B+", considerando-o "uma ação marcante que marca seu próprio caminho" e acrescentou que "Mulan talvez seja o melhor exemplo de como unir o original com o novo."[72]