O bairro Moinhos de Vento ganhou este nome devido aos Caminhos dos Moinhos de Vento (que, a partir de 1939, passou a chamar-se Rua Vinte e Quatro de Outubro) e que possuía moinhos trazidos pelas famílias de açorianos que ali se estabeleceram e plantavam e moíam trigo.
O crescimento do bairro teve impulso em 1893, com a implantação pela Companhia Carris da linha de bonde Indepêndencia. A abertura do Prado Independência, em 1894, foi outro fator que colaborou para o progresso do bairro. Em 1959, o prado foi transferido para o bairro Cristal, e passou a chamar-se Hipódromo do Cristal e, o estádio do Grêmio FOOT-Ball Portoalegrense até 1954,que passou a existir o Parque Moinhos de Vento , (o "Parcão"),[3] que se tornou o maior atrativo da região.
De 1961 a 1994, o Moinhos de Vento teve um "cinema de rua" chamado Cine Coral, originalmente criado como "Cine Moinhos de Vento". Esse espaço funcionou no térreo de um prédio da Avenida Vinte e Quatro de Outubro, em frente ao Parcão, até o dia em que fechou as portas em razão da concorrência com shopping centers. Em julho de 2012, houve uma mobilização de dezenas pessoas interessadas em revitalizar o espaço do antigo Cine Coral e criar um teatro ou um centro cultural para o bairro.[6][7]
Episódios chocantes
Dois crimes envolvendo a classe política gaúcha, e ambos sem uma solução até hoje, marcaram a história do Moinhos de Vento.[8]
O primeiro deles foi o rumoroso Caso Kliemann, ocorrido em junho de 1962: Margit Kliemann, a esposa do deputado estadualEuclides Nicolau Kliemann, foi encontrada morta em seu casarão na Rua Barão de Santo Ângelo, com a cabeça despedaçada ao pé da escada. O viúvo foi acusado de ter sido o autor da morte trágica de Margit e, um ano e dois meses depois, acabou assassinado por um vereador de Santa Cruz do Sul e inimigo político.[9]
O segundo crime, mais difundido pela imprensa do que o primeiro, foi o Caso Daudt, ocorrido em junho de 1988, quando o radialista e deputado estadual José Antônio Daudt foi assassinado a tiros diante do portão de seu prédio, na Rua Quintino Bocaiúva. O principal suspeito, o médico e deputado estadual Dr. Antônio Dexheimer, acabou absolvido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, e o crime prescreveu em 2008. Comentava-se à época na imprensa gaúcha que Daudt teria tido um caso com a esposa de Dexheimer.[10]
Características atuais
Bairro de alto padrão, o Moinhos foi bastante modificado nos últimos anos, atráves da construção de muitos edifícios residenciais e com a grande expansão do comércio. Justamente por causa de sua atração para investimentos, ocorrem debates concernentes à preservação de casarões antigos do bairro e a substituição desses por outros prédios mais modernos.[11]
No início da década de 2000, construiu-se um shopping center batizado com o mesmo nome do bairro, o Moinhos Shopping, integrado ao primeiro hotel internacional de cinco estrelas da cidade, o Sheraton Hotel Porto Alegre. Embora pequeno em comparação a outros centros de compras, ele abriga mais de cem lojas, muitas sofisticadas, distribuídas em quatro pavimentos, além de quatro níveis subterrâneos de estacionamento.[12] Em março de 2012, os terrenos do shopping e do hotel foram adquiridos pelo Grupo Zaffari por R$ 220 milhões de reais.[13]
Tal qual outras ruas da cidade, as ruas do Moinhos de Vento costumam ser bastante arborizadas, sendo que algumas se enquadram nos preceitos da "Lei dos Túneis Verdes", criada para proteger vias dessa categoria.[14]
O Moinhos de Vento abriga ainda a Avenida Goethe e a Rua Fernando Gomes, conhecida como "Calçada da Fama".[15] Ambas possuem atrações da noite porto-alegrense, como bares e restaurantes. Outra rua badalada do bairro é a Rua Padre Chagas, com diversos bares, restaurantes e lojas de marcas de luxo. Outra rua que se destaca pelo comércio é a Rua Vinte e Quatro de Outubro.
Segundo o Censo 2010 do IBGE, o Moinhos de Vento é o bairro que concentra o maior número de idosos da cidade: cerca de 26,9% de seus moradores se encaixam nesse perfil.[21]
Custo de vida
Um levantamento realizado pela Exame/Ibope em 2011 revelou que o Moinhos de Vento é o bairro mais caro de Porto Alegre. Segundo o estudo, os imóveis do bairro sofreram uma considerável alta em seus preços em relação ao ano anterior. O valor do metro quadrado ficou em R$ 12,207 mil reais para imóveis considerados "novos" e R$ 14.065 para os "usados".
Noutro estudo, com foco nas ruas mais caras e valorizadas da cidade, verificou-se dos treze endereços elencados cinco correspondiam a algumas ruas do Moinhos de Vento. A primeira posicionada foi a Rua Marquês do Herval, em função dos recentes lançamentos de alto padrão. Em seguida, veio a Rua Dinarte Ribeiro por concentrar parte dos bares e cafés, dentre outros negócios. Logo depois, posicionou-se a Rua Engenheiro Álvaro Nunes Pereira, onde estão situados os apartamentos de maior tamanho da Capital, com mais de 800 m² de área útil. As demais ruas citadas foram a Santo Inácio, a Barão de Santo Ângelo e a Luciana de Abreu.[22]
Ponto inicial e final: encontro da Rua Ramiro Barcelos com a Avenida Independência; desse ponto segue pela Avenida Independência até a Rua Mostardeiro, por essa até a Rua Coronel Bordini, por essa até a Avenida Cristóvão Colombo, por essa até a Rua Ramiro Barcelos, por essa até a Avenida Independência, ponto inicial. Lei 12.112/16.
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: Guia histórico. Porto Alegre: Editora Universidade/UFRGS, 1992. p. 281-283.
SANHUDO, Ary Veiga. Porto Alegre: Crônicas da minha cidade. vol. 1. 2º edição. Porto Alegre: Ed. Escola Superior de Teologia, Instituto Estadual do Livro, Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul, 1979. p. 244-246.
MACEDO, Francisco Riopardense. Porto Alegre, história e vida da cidade. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, 1973. p. 193-196.
CARNEIRO MONTEIRO, Eunice Köhler. Moinhos de Lembranças. Porto Alegre: Palotti, 2003.