Mickey Mouse (também conhecido como Rato Mickey ou apenas Mickey) é um personagem de desenho animado. Foi criado em 1928 por Walt Disney e o desenhista Ub Iwerks.[1][2] Ícone e mascote de longa data da The Walt Disney Company, Mickey é um rato antropomórfico que normalmente usa shorts vermelhos, grandes sapatos amarelos e luvas brancas. Inspirado por personalidades do cinema mudo como Charlie Chaplin e Douglas Fairbanks, Mickey é tradicionalmente caracterizado como um oprimido simpático que sobrevive com coragem e inteligência diante de desafios maiores do que ele.[3] A representação do personagem como um pequeno rato é personificada por sua estatura diminuta e voz em falsete, esta última originalmente fornecida por Walt Disney. Mickey é um dos personagens fictícios mais reconhecidos e universalmente aclamados de todo o mundo.
Criado como um substituto para um personagem anterior da Disney, Oswald, o Coelho Sortudo, Mickey apareceu pela primeira vez no curta Plane Crazy, de 1928, que não foi originalmente escolhido para distribuição; sua estreia pública foi em Steamboat Willie do mesmo ano. O personagem deveria se chamar originalmente "Mortimer Mouse", até que Lillian Disney sugeriu "Mickey" durante uma viagem de trem. O personagem apareceu em mais de 130 filmes, incluindo The Band Concert (1935), Brave Little Tailor (1938) e Fantasia (1940). Mickey apareceu principalmente em curtas-metragens, mas também ocasionalmente em longas-metragens. Dez dos desenhos animados de Mickey foram indicados ao Oscar de Melhor Curta de Animação, um dos quais, Lend a Paw, ganhou o prêmio em 1941. Em 1978, Mickey se tornou o primeiro personagem de desenho animado a ter uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, algo que ele compartilha com seu melhor amigo Pato Donald e sua namorada Minnie Mouse.
A partir de 1930, Mickey também apareceu extensivamente em tiras de jornal e revistas em quadrinhos. A tira de Mickey Mouse, desenhada principalmente por Floyd Gottfredson, durou 45 anos. Mickey também apareceu em revistas em quadrinhos como Mickey Mouse, Topolino da Disney Itália e MM – Mickey Mouse Mystery Magazine e Wizards of Mickey. Mickey também aparece em séries de televisão como The Mickey Mouse Club (1955–1996) e outras. Ele aparece em outras mídias, como videogames e também em merchandising, e é um personagem que pode ser encontrado nos parques da Disney.
Mickey geralmente aparece ao lado de sua namorada Minnie Mouse, seu cachorro de estimação Pluto, seus melhores amigos Pato Donald e Pateta e seu arqui-inimigo Bafo de Onça, entre outros. Embora originalmente caracterizado como um ladino atrevido e adorável, Mickey foi rebatizado ao longo do tempo como um cara legal, geralmente visto como um herói espirituoso, mas bem impulsivo.
O personagem Mickey foi criado em 15 de maio de 1928,[6] no curta animado mudo Plane Crazy. Todavia, antes que o trabalho pudesse ser finalizado, o som irrompeu nas telas do cinema. Desta forma, Mickey teve a sua estreia com o desenho sonoro intitulado "Steamboat Willie", que foi o primeiro desenho animado sonoro, apresentado no Colony Theatre em Manhattan, Nova Iorque, em 18 de novembro de 1928, para uma enorme plateia que aguardava ansiosamente pela primeira aparição de Mickey Mouse.[7] Sua dublagem a partir de Steamboat Willie era desempenhada pelo próprio Walt Disney (entre 1928 e 1946). Depois de Walt Disney, foi James G. MacDonald que assumiu a vocalização do Mickey e em 1977, Wayne Allwine, um aprendiz de James G. MacDonald que foi a voz do Mickey até a sua morte em 2009. Atualmente, Mickey é dublado por Bret Iwan.
Inicialmente batizado de Mortimer, o personagem teve seu nome alterado para Mickey Mouse por sugestão de Lillian Bounds, esposa de Walt Disney, que considerava o primeiro nome formal demais para o personagem. Inicialmente, Mickey bebia e fumava, mas a popularidade que ganhou em pouco tempo foi tão grande que Walt Disney resolveu torná-lo politicamente correto já em 1930.[5] Disney considerava o camundongo um amuleto, já que seu sucesso quase imediato em 1928 fez com que saísse da miséria, portanto rechaçou diversas tentativas de seus sócios e subordinados de "matar" o personagem ainda nos anos 30.[5] Ele dizia (e sua esposa concordava): "Nunca liguei para garotas e continuo não ligando. Amo Mickey Mouse mais do que qualquer mulher que já conheci."[5]
Na banda desenhada (no Brasil, histórias em quadrinhos) atual, os seus melhores amigos são Pluto e Pateta e a sua namorada é Minnie. Há uma linha de histórias em que aparece o personagem Esquálidus, criado por Floyd Gottfredson. Em certas histórias, Mickey costumava andar com o Pato Donald (segundo a tradução brasileira, ambos moram na mesma cidade, Patópolis), mas os universos dos dois são separados.
Tipicamente, Mickey surge em calções vermelhos e sapatos amarelos. Em outras linhas de histórias, são abordados variadíssimos temas; numa delas, Mickey é um detetive, e veste casaco e todo o traje costumeiro. Um dos temas mais conhecidos é o duelo constante com o inimigo Bafo de Onça e, noutro tema, também enfrenta o Mancha Negra.
Publicação e dublagens em Portugal e no Brasil
As pranchas dominicais de Mickey foram publicadas pela primeira vez no Brasil na revista O Tico Tico em 1930, nessa publicação Mickey chamava-se Ratinho Curioso.[8]
Mickey foi destacado como personagem num dos manuais Disney e no Grande Livro Disney (1977) publicado pela Editora Abril, que publicou o personagem de 1950 a 2018.[9] Em 2019, passa a ser publicado pela editora Culturama.[10][11]
Domínio público
A primeira versão de Mickey Mouse estaria sob domínio público desde 2003 — a proteção dos direitos autorais nos Estados Unidos só dura setenta e cinco anos — não fosse a aprovação pelo Congresso Estadunidense da lei de prorrogação do copyright (que se tornou conhecida como "Lei Mickey"),[12] que expandiu por vinte anos os direitos autorais de todas as obras americanas que não tivessem caído ainda em domínio público. Os desenhos animados do Mickey permaneceram protegidos por direitos autorais até 2024.[13] No entanto, alguns estudiosos de direitos autorais argumentam que os direitos autorais da Disney sobre a versão mais antiga do personagem podem ter sido inválidos devido à ambigüidade no aviso de direitos autorais de Steamboat Willie.[14]
Houve várias tentativas de argumentar que certas versões do Mickey Mouse são de fato de domínio público. Na década de 1980, o arquivista George S. Brown tentou recriar e vender cels do curta "The Mad Doctor" de 1933, sob a teoria de que eles eram de domínio público porque a Disney não conseguiu renovar os direitos autorais conforme exigido pela lei atual. No entanto, a Disney processou Brown com sucesso para impedir tal venda, argumentando que a caducidade dos direitos autorais de "The Mad Doctor" não colocou Mickey Mouse em domínio público por causa dos direitos autorais dos filmes anteriores. Brown tentou apelar, observando imperfeições nas reivindicações anteriores de direitos autorais, mas o tribunal rejeitou seu argumento como inoportuno.[15]
Em 1999, Lauren Vanpelt, estudante de direito na Universidade do Estado do Arizona, escreveu um artigo apresentando um argumento semelhante.[16] Vanpelt ressalta que a lei de direitos autorais da época exigia que um aviso de direitos autorais especificasse o ano dos direitos autorais e o nome do proprietário dos direitos autorais. Os cartões de título dos primeiros filmes do Mickey Mouse "Steamboat Willie", "Plane Crazy" e "Gallopin' Gaucho" não identificam claramente o proprietário dos direitos autorais e também identificam incorretamente o ano dos direitos autorais. No entanto, Vanpelt observa que os cartões de direitos autorais em outros filmes anteriores podem ter sido feitos corretamente, o que poderia tornar o Mickey Mouse "protegido como parte componente dos filmes maiores protegidos por direitos autorais".[16]
Um artigo de 2003 de Douglas A. Hedenkamp no Virginia Sports and Entertainment Law Journal analisou os argumentos de Vanpelt e concluiu que ela provavelmente está correta. Hedenkamp forneceu argumentos adicionais e identificou alguns erros no artigo de Vanpelt, mas ainda descobriu que, devido a imperfeições no aviso de direitos autorais nos cartões de título, Walt Disney perdeu seus direitos autorais sobre Mickey Mouse. Ele concluiu: “O confisco ocorreu no momento da publicação, e a lei da época era clara: a publicação sem o devido aviso perdia irrevogavelmente a proteção dos direitos autorais”.[17]
A Disney ameaçou processar Hedenkamp por difamação de título, mas não deu seguimento.[15] As alegações contidas nos artigos de Vanpelt e Hedenkamp não foram testadas em tribunal.
Em 1º de janeiro de 2024, os direitos autorais dos três primeiros desenhos animados do Mickey Mouse e sua representação do Mickey Mouse expiraram e eles entraram em domínio público. São os desenhos mudos Plane Crazy e The Gallopin' Gaucho, e o desenho sonoro Steamboat Willie. As versões mais recentes do Mickey Mouse permanecerão protegidas por direitos autorais.[18]
A lei de direitos autorais não é a mesma em outros países, jurisdições como a brasileira concedem domínio público setenta anos após a morte do autor, especialistas consultados afirmam que como segundo criador do Mickey, Ub Iwerks morreu em 1971, o domínio público só ocorreria em janeiro de 2042.[19][20][21]
Gallopin' Gaucho (primeira aparição de João Bafo de Onça nos curtas de Mickey Mouse, porém o personagem já havia aparecido antes nas séries Alice Comedies e Oswald the Lucky Rabbit)
The Orphan's Benefit (primeira aparição do Pato Donald nos curtas de Mickey Mouse, porém o personagem já havia parecido antes em "The Wise Little Hen", episódio da série Silly Simphonies)
Mickey Plays Papa
The Dognapper
Two-Gun Mickey
1935
Mickey's Man Friday
The Band Concert (primeiro curta com cores. Embora alguns curtas produzidos anteriormente tenham sido remasterizados com cores e relançados, suas versões originais eram em preto e branco.)
Mickey Mouse Works - 2ª temporada (série de curtas de animação para televisão, "reboot")
"Mickey Foils The Phantom Blot" (primeira aparição de Mancha Negra nos curtas de Mickey Mouse, porém o personagem já havia aparecido antes em animação em um episódio de Ducktales)
Na série de RPG Kingdom Hearts, da Square Enix, ele é o rei do Disney Castle. Mickey é um Keyblade Master, antigo aprendiz de Yen Sid (o mesmo mago de quem Mickey pegou "emprestado" o chapéu mágico). É também amigo de Riku e Sora (protagonistas da série).
No primeiro jogo, Kingdom Hearts (PS2), Mickey desaparece misteriosamente. Porém, acaba aparecendo no fim do jogo e, junto de Sora, auxilia o protagonista do jogo a completar sua missão.
Em Kingdom Hearts: Chain of Memories (GBA), jogo lançado como uma ponte entre o KH I e o KH 2, Mickey ajuda Riku a vencer os obstáculos no Castle Oblivion (Castelo do Esquecimento). Novamente, Riku e Mickey terminam o jogo juntos e Mickey decide acompanhá-lo seu caminho.
Em Kingdom Hearts II (PS2), o papel de Mickey é estendido em comparação ao primeiro jogo da série, sendo possível controlá-lo quando o jogador enfrenta alguns chefes (Ex.: Xaldin, Shan-Yu, Grim Reaper Round 1 e etc.). Nesses casos, Mickey só aparecerá no caso do jogador perder, atuando como uma "segunda chance" (embora ele possa aparecer mais vezes em uma única batalha).
Em 30 de novembro de 2010, foi lançado Epic Mickey, em que Mickey aparece dormindo e depois acorda ao ouvir um barulho, ele vai para o espelho e percebe que é possível atravessá-lo. Ao partir para o outro lado do espelho entra num lugar diferente e vê que Yen Sid (mago que aparece em Fantasia) está terminando uma maquete. Então, Mickey pinta a maquete que o mago fez, sem deixar que o próprio perceba, porém, acidentalmente, o ratinho cria um monstro de tinta (denominado Blot). Mickey suja a esponja com uma substância que apaga qualquer tinta que existe, nomeada de Thinner. E, então, ele apaga o monstro, mas não totalmente, pois ele ainda fica no jarro de tinta. Mickey tenta arrumar a maquete mas só piora o caso e derrama o Thinner na maquete. Depois de muitos meses, Blot pega o ratinho em sua casa e arrasta para o mundo em que o mago criou para os personagens esquecidos do cartoons de Walt Disney, chamada de Wasteland (em português, Refugolândia). Depois de entrar no universo paralelo de Wasteland, Mickey conhece um cientista chamado Mad Doctor e reencontra, Osvaldo, o Coelho Sortudo. Assim, a vida do Mickey muda drasticamente.
Referências
↑Kenworthy, John The Hand Behind the Mouse, Disney Editions: New York, 2001. p.54.
↑«Guia dos Curiosos - Mickey Mouse». Guia dos Curiosos. Consultado em 20 de abril de 2013. A primeira aparição do Mickey aconteceu no curta-metragem "Steamboat Willie", no dia 18 de novembro de 1928.
↑«Walt Disney archives - Biographies of 10 Classic Disney Characters» (em inglês). The Official Walt Disny Fan Club. Consultado em 20 de abril de 2013. One of the world’s most beloved personalities, the cheerful little guy made his screen debut on November 18, 1928 as star of the first synchronized sound cartoon, Steamboat Willie, at the Colony Theatre in New York. [Uma das personalidades mais amadas do mundo, o alegre baixinho fez sua estreia em 18 de novembro de 1928 como estrela do primeiro desenho animado com som sincronizado, Steamboat Willie, no Colony Theatre em Nova Iorque.]