Mary Douglas é filha de Gilbert Tew, funcionário do serviço colonial Britânico e sua esposa Phyllis; o nome de solteira era Margaret Mary Tew. Passou a infância em Totnes, sul da Inglaterra.
Com 12 anos a mãe morreu e teve que ficar aos cuidados dos avós.[1] Margaret e a irmã foram educadas no colégio católico "Sagrado Coração de Roehampton", distrito a sudoeste de Londres. Entre 1939 e 1943 estudou Filosofia, Ciências Políticas e Economia em Oxford onde foi aluna do antropólogo Evans-Pritchard que exerceu uma grande influência intelectual sobre ela[2].
Durante a Segunda Guerra trabalhou em um serviço colonial mas retornando a Oxford em 1947, terminou os estudos em 1949 realizando um trabalho antropológico com os Lele, uma tribo africana que vivia na época no Congo Belga; isso a levou à vida da aldeia na região entre o rio Kasai e o rio Loange, onde os Lele viviam à beira do que anteriormente era o Reino Kuba. Por fim, uma guerra civil a impediu de continuar seu trabalho de campo, mas, no entanto, isso levou à primeira publicação de Douglas, The Lele of the Kasai, publicada em 1963.[3][4]
No início dos anos 50 se casou com James Douglas e tiveram três filhos. Durante 25 anos foi professora universitária do Colégio de Londres e depois lecionou nos Estados Unidos por mais 11 anos. Na obra aparecem os temas: análise de risco, economia, economia do consumo e bem-estar, comida e ritual. Muitos dos trabalhos foram tornados populares fora dos círculos antropológicos; o livro Pureza e Perigo se tornou célebre dentro da área. Nele, a antropóloga investiga as palavras e o significado da sujeira em diferentes contextos culturais, demonstrando que o que é considerado sujeira em uma dada sociedade é qualquer questão considerada fora de lugar. Por meio de uma leitura complexa e sofisticada de ritual, religião e estilo de vida, Douglas desafiou as ideias ocidentais de poluição, deixando claro como o contexto e a história social são essenciais.
Apos quatro anos de trabalho (1977-1981) como professora de Estudos Culturais no Instituto Russel Sage de Nova York; mudou para a Universidade Northwestern como professora de Humanidades, produzindo os vínculos entre Teologia e Antropologia. Nesta época, com ajuda do economista Baron Isherwood, publica O mundo dos bens que foi uma obra pioneira na antropologia econômica.
Em 2004 perde o marido e em 16 de maio de 2007 falece em Londres aos 86 anos, por complicações associadas a um câncer.
Escritos
Em inglês
The Lele of kasai (1963)
Purity and Danger: An Analisys of Concepts of Pollution an Taboo (1966) (edição em português: Pureza e perigo)
Natural Symbols: Exploration in Cosmology (1970)
Rules and Meanings. The Anthropology of Everyday Knowledge: Selected Readings (1973)
Implicit meanings: Essays in Anthropology (1975)
The World of Goods: An Anthropological Approach of the Theory of Consuption, em coautoria com Baron Isherwood (1976)
Risk and Cultura: An Essay on the Selection of Technological and Environmental Danger (1982), em coautoria com Aaron Wildalwsky
How Institutions Think (1986)
Missing persons: a critique of the social sciences (1988) with Steven Ney
Risk and Blame: Essays in Cultural Theory (1992)
Thought styles: Critical essays on good taste (1996)
Leviticus as Literature (1999)
In the Wilderness: The Doctrine of Defilement in the Book of Numbers (2001)
Constructive Drinking: Perspectives on Drink from Anthropology (2002)
Jacob's Tears: The Priestly Work of Reconciliation (2004)
Thinking in Circles (2007)
Em português
Livros
Levítico como literatura. São Paulo: Ed. Loyola, 2019.
O mundo dos bens - para uma antropologia do consumo. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2013. ISBN 978-8571083738
Risco e cultura: um ensaio sobre a seleção de riscos tecnológicos e ambientais.Rio de Janeiro: Campus, 2012. ISBN 9788535255669
↑ROCHA, Everardo; FRID, Marina (2015). «Mary Douglas (1921- 2007)». Os antropólogos. de Edward Tylor a Pierre Clastres. Rio de Janeiro/Petrópolis: PUC RIO/Vozes. pp. p.225 !CS1 manut: Texto extra (link)