É considerado um herói romano do século IV a.C. e lutou contra diversos inimigos da República, tendo supostamente se aposentado como fazendeiro e vivido até os cem anos.[1][2] Possui uma imensa lista de realizações como militar e político. O cronistaValério Antias é considerado como criador de boa parte dos exageros sobre Corvo.
Corvo
Político e tribuno militar romano, Marco Valério acompanhou, em 349 a.C., Lúcio Fúrio Camilo em sua campanha contra os gauleses. Na principal batalha, ganhou seu cognome "Corvo" (em latim: "Corvus") por causa de um duelo contra um inimigo gigantesco, que teria vencido com a ajuda de um corvo:
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Um gaulês se adiantou na linha inimiga, notável tanto pela estatura quanto pelas armas, e, batendo no escudo com sua espada, desafiou [...] um dos romanos ao combate. [...] M. Valério, um tribuno militar ainda adolescente [...] se adiantou armado [...] quando um corvo desceu do céu e pousou virado contra o inimigo. O fato foi interpretado como auspicioso. O corvo manteve sua posição e, quando o combate começou, alçou voo e se atirou, com bico e garras, contra os olhos do inimigo. Derrotado o gaulês, a vitória coube aos romanos.
Em 346 a.C., foi eleito novamente, desta vez com Caio Petélio Libo Visolo.[4] Marco Valério cuidou da campanha contra os volscos, que tentavam atrair os latinos para uma guerra contra Roma. Eles foram derrotados numa batalha campal e os romanos em seguida capturaram a cidade de Satrico, que foi arrasada. Em seu triunfo, Marco Valério exibiu 4 000 soldados presos em Satrico.
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A cidade foi arrasada até o chão e incendiada. O único edifício que não foi incendiado foi o Templo de Mater Matuta. O butim foi integralmente entregue aos soldados. Os quatro mil soldados que foram presos não foram incluídos no butim: o cônsul os fez caminhar em fila à frente de sua própria carruagem durante o triunfo. Vendidos em seguida, renderam uma grande quantidade de dinheiro ao tesouro estatal
Em 342 a.C., foi nomeado ditador pela primeira vez e escolheu como mestre da cavalaria (magister equitum) Lúcio Emílio Mamercino Privernato. Sufocou, com medidas brandas e conciliatórias, uma tentativa de revolta por parte da guarnição de Capua durante a Primeira Guerra Samnita, evitando que ela se transformasse numa guerra civil.[9] Durante a crise, Corvo foi nomeado ditador para lidar com os amotinados[10]. Os revoltosos marcharam contra Roma e encontraram as tropas de Marco Valério a cerca de 130 quilômetros de Roma. Fazendo uso de suas relações com o exército no passado, conseguiu chegar a um acordo com os rebeldes,[11] Concordou e apoiou a aprovação de leis (conhecidas como "ne cui militum fraudi secessio fuit")[12] que concediam imunidade aos soldados revoltosos, impediam a remoção do nome do soldado do serviço ativo sem seu consentimento e proibia que um tribuno militar fosse demovido à patente de centurião.[13] Marco Valério se recusou, porém, a concordar com a diminuição dos salários dos cavaleiros e com a execução imediata dos decênviros.[14] Já se sugeriu também que, durante a crise da aprovação das "Leges Genuciae", Corvo a tenha sugerido que o Senado concordasse com as demandas da plebe pela abolição da escravidão por dívida, mas teria sido rejeitado sem maiores discussões[15]. Alguns historiadores, como Gary Forsythe e S. P. Oakley, consideram que os alegados eventos de motim tenham sido invenções literárias, embora as leis aprovadas em seu mandato sejam corretas.[16]
Quarto consulado (335 a.C.)
Foi eleito cônsul pela quarta vez em 335 a.C., com Marco Atílio Régulo.[17] Os sidicínios se aliaram aos ausônios de Cales e o Senado estava ansioso para escolher alguém com uma comprovada reputação militar. Em um rompimento com a tradição, os cônsules não tiraram a sorte por suas províncias e o Senado designou a área ao redor de Cales diretamente a Corvo. Ele cercou e conquistou a cidade; depois da conquista, os romanos criaram ali uma colônia de 2 500 homens.[18] Por esta vitória, Corvo conseguiu seu segundo triunfo, e os dois cônsules, a honra de portar o agnome "Caleno" ("Calenus").[19]
Foi interrex por duas vezes, em 332[21][22] e 330 a.C.[23][24] É possível que ele tenha sido ainda um legado na época do ditador Lúcio Papírio Cursor (325 a.C.), durante a Segunda Guerra Samnita.[25] Em 313 a.C., Marco Valério foi nomeado um dos "Triumviri coloniae deducendae", que receberam o poder de fundar uma colônia em Satícula.[26] Em 310 a.C., foi novamente um legado sob Lúcio Papírio Cursor e participou de uma grande batalha em "Longulae" contra os samnitas.[27] Em 308 a.C., foi eleito pretor pela quarta vez, principalmente pelo seu serviço em "Longulae".[28][a]
Segunda ditadura (302-1 a.C.)
Corvo foi nomeado ditador novamente em 302 a.C.[29] para enfrentar uma revolta entre etruscos e marsos em Arretium e Carseoli.[30] Os romanos se voltaram primeiro contra os marsos, desbaratando-os numa única batalha:
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Depois de conseguirem se fortificar no interior da cidade, no decurso de uns poucos dias conquistou Milionia, Plestina e Fresília. Condenando os marsos à perda de parte de seu território, renovou em seguida o tratado de aliança com eles.
Os marsos tentaram conseguir a paz e, Marco Valério, por suas vitórias, recebeu seu terceiro triunfo.[32] No ano seguinte, 301 a.C., foi nomeado novamente ditador, desta vez para combater os etruscos[33][34] e este foi o último ano ditatorial da história de Roma, no qual não se elegeram cônsules. Enquanto Corvo estava em Roma consultando os arúspices, seu mestre da cavalaria (provavelmente Marco Emílio Paulo[35]) foi emboscado pelo inimigo e forçado a abandonar seu acampamento, perdendo, no processo, uma parte de seu exército. Marco Valério, que veio rapidamente para ajudá-lo, encontrou e combateu os etruscos, o que lhe valeu um novo triunfo.[36][b] Depois de evitarem uma nova emboscada, romanos e etruscos se enfrentaram numa batalha campal. Aos etruscos foi concedida uma trégua de dois anos e o ditador celebrou um triunfo pela vitória.[38]
Quinto consulado (300 a.C.)
Marco Valério foi cônsul pela quinta vez em 300 a.C. com Quinto Apuleio Pansa.[39] Coube a ele conduzir uma campanha militar de pouca importância contra os équos.[40][41]
O Senado chegou a considerar nomeá-lo ditador pela quarta vez,[45] mas ele acabou eleito cônsul sufecto depois da morte de Tito Mânlio Torquato, que estava à frente da guerra contra os etruscos. Corvo o substituiu e, a partir de então, os etruscos evitaram o combate direto e permaneceram seguros em suas cidades fortificadas. Embora Corvo tenha incendiado vilas inteiras para atraí-los, os etruscos teimosamente se recusaram a lutar contra Marco Valério Corvo, apesar de seus 72 anos de idade.[46][47]
↑As datas do segundo e terceiro pretorados de Corvo permanecem envoltas em mistério. É provável que o segundo tenha sido depois de 345 a.C. e o terceiro, antes de 308 a.C..
↑Os relatos dos eventos em 302-1 a.C. são contraditórios e muitos dos detalhes, muito duvidosos. É possível que Corvo tenha sido ditador por apenas um ano e que as batalhas contra os etruscos uma invenção literária posterior[37].
T. Robert S., Broughton (1951). The Magistrates of the Roman Republic. Volume I, 509 B.C. - 100 B.C. (em inglês). I, número XV. Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas
Oakley, S. P., A Commentary on Livy, Books 6-10 Vol. IV (2007) (em inglês)
Forsythe, Gary, A Critical History of Early Rome from Prehistory to the First Punic War (2005) (em inglês)