Os Márcios Censorinos eram um ramo familiar da gente plebeia Márcia, mas Ronald Syme lembra que seu "prestígio ancestral devia pouco em precedência ao patriciado". Eles foram aliados de Caio Mário e membros consistentes da facção dos populares durante todos os conflitos nas décadas de 80 a.C. e 40-30 a.C.. O pai de Lúcio, homônimo, foi um dos inimigos de Sula em 88 a.C..[7] Uma filha de Censorino (ou, possivelmente, sua irmã) casou-se com Lúcio Semprônio Atratino, cônsul sufecto em 34 a.C..[8] Seu filho, Caio Márcio Censorino foi cônsul em 8 a.C..
Censorino celebrou um triunfo por suas vitórias na Macedônia no primeiro dia de seu mandato como cônsul em 39 a.C..[12] Já foi proposto que este triunfo teria sido realizado apenas para demonstrar uma nova "paz" (em latim: concordia), a recém-reafirmada unidade entre os triúnviros e seu poder para honrar seus aliados, com as conquistas de Censorino ficando em segundo plano.[13] Como seu colega Calvísio Sabino, Censorino começou como um partidário de Antônio, mas posteriormente navegou para o lado de Otaviano conforme ele se consolidava como o único poder em Roma.
Entre suas muitas recompensas por sua lealdade, Censorino recebeu permissão para comprar a casa de Cícero no Palatino, um imóvel que ele tinha feito grandes esforços para restaurar depois de ele ter sido confiscado durante seu exílio. Seu valor foi 3 500 000 sestércios. Embora a casa, localizada no monte Palatino, e os demais bens confiscados de Cícero depois de sua morte terem sido vendidos num leilão público, o simbolismo inerente à sua posse era importante.[5][14] Esta casa passou depois para Tito Estacílio Tauro, que, segundo Cícero, era um aliado de Calvísio.
Como cônsules, Censorino e Calvísio apresentaram uma proposta ao Senado Romano em nome dos representantes da cidade de Afrodísias, cujos habitantes gozavam da proteção de Júlio César, mas tiveram que suportar "execuções sumárias" de Marco Júnio Bruto e uma invasão de Tito Labieno durante a Guerra Civil dos Liberatores. Por conta disto, a cidade recebeu o status de "aliado independente", o que lhe garantia benefícios e privilégios específicos.[15][16]
Sacerdócio
Na inscrição que relata os quindecênviros (em latim: quindecimviri sacris faciundis)[17] que administraram os Jogos Seculares de 17 a.C., Censorino aparece na posição mais sênior, abaixo apenas de Marco Agripa.[18] É possível que ele tenha sido admitido neste colégio já em 31 a.C.[19] e, em 17 a.C., já fosse bastante idoso.
Como sabe-se que ele esteve ativo nesta época, este Censorino é por vezes identificado como sendo o Marco Censorino a quem Horácio endereçou seu quarto livro de odes. Este Censorino é também identificado como sendo o filho de Lúcio, Caio, o menos conhecido cônsul em 8 a.C..[20]
↑Ronald Syme, Sallust (University of California Press, 1964), p. 228; The Roman Revolution (Oxford University Press, 1939, 2002), p. 221 e The Augustan Aristocracy (Oxford University Press, 1986), p. 33; Anthony Everitt, Augustus (Random House, 2007), p. 127.
↑T. Rice Holmes, The Roman Republic and the Founder of the Empire (Oxford: Clarendon Press, 1928), p. 344
↑Syme, Roman Revolution p. 222.; Mary Beard, The Roman Triumph (Harvard University Press, 2007), pp. 279–281.
↑Geoffrey S. Sumi, Ceremony and Power: Performing Politics in Rome between Republic and Empire (University of Michigan Press, 2005), pp. 198–201.
↑Syme, Augustan Aristocracy p. 72 e Roman Revolution pp. 195 (nota 8) e 380; Harriet I. Flower, The Art of Forgetting: Disgrace and Oblivion in Roman Political Culture (University of North Carolina Press, 2006), p. 309, nota 50; Susan Treggiari, Terentia, Tullia, and Publilia: The Women of Cicero's Family (Routledge, 2007), p. 148.
↑Fergus Millar, Rome, the Greek World, and the East (University of North Carolina Press, 2002), vol. 1, p. 251; Josiah Osgood, Caesar's Legacy: Civil War and the Emergence of the Roman Empire (Cambridge University Press, 2006), p. 228.
↑Uma tradução para o inlgês do texto do decreto do Senado e outras evidências epigráficas estão em Naphtali Lewis and Meyer Reinhold, Roman Civilization: Selected Readings, vol. 1, The Republic and the Augustan Age (Columbia University Press, 1990), pp. 357–359.
↑Syme, Augustan Aristocracy p. 48; Jasper Griffin, "Look Your Last on Lyric: Horace Odes 4.15," Classics in Progress (Oxford University Press, 2006), [ p. 316.
Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. Volume II, 99 B.C. - 31 B.C. (em inglês). Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas
Syme, Ronald. The Roman Revolution. Oxford University Press, 1939, 2002. (em inglês)
Syme, Ronald. The Augustan Aristocracy. Oxford: Clarendon Press, 1986.(em inglês)