Foi executada aos 24 anos de idade por ter assassinado 33 expostos, ou seja, bebés abandonados, que ela ia buscar à "roda" de Coimbra, umas vezes usando o seu nome verdadeiro, outras usando um nome falso, apenas com o intuito de se apoderar do enxoval da criança e embolsar os 600 réis que eram dados de cada vez que se ia buscar uma criança.[2]
A ré só confessou a autoria de 28 homicídios. Foi "atenazada" (mortificada, mais concretamente queimada com uma tenaz em brasa), conduzida pelas ruas de Lisboa até ao lugar da forca, com um baraço ao pescoço (garrote ou corda de forca) e um pregão (funcionário incumbido de apregoar publicamente os pormenores da sua condenação e dos crimes que cometeu).[2] Uma vez chegada ao lugar da forca, cortaram-lhe as mãos[3] e foi garrotada até morrer.[2] Posteriormente, o seu cadáver foi queimado[2], para que não fosse possível sepultar os seus restos mortais.[3]
Origens
Luísa de Jesus nasceu no seio de uma família de modesta condição, em Figueira do Lorvão, actualmente pertencente à freguesia de Penacova, se bem que na altura se encontrava sob a alçada do concelho de Coimbra.[2] Era filha de Manoel Rodrigues (também grafado sob a abreviatura «Roiz») e de Marianna Rodrigues, primos direitos.[2] Luísa não usava o apelido dos pais, prática relativamente comum, à época, entre a gente do povo de baixa condição social, por não haver qualquer imposição legal nesse sentido.[2]
Luísa trabalhara como almocreve, comprando e vendendo mercadorias, entre a cidade de Coimbra e a aldeia de Gavinhos ou entre toda a freguesia de Figueira do Lorvão.[2]
Ainda jovem, casou-se com Manoel Gomes, o qual, porém, na pendência do processo judicial, já teria desaparecido da sua vida.[2]
OLIVEIRA, António Braz de, (apresentação e notas de), As execuções capitais em Portugal num curioso manuscrito de 1844, Separata da Revista da Biblioteca Nacional, nº1, 1982, p. 116.