Lino António da Conceição (Leiria, 26 de novembro de 1898 — Lisboa, 23 de outubro de 1974) foi um pintorportuguês modernista. A sua variada produção inclui obras frequentemente visualizadas em espaços públicos, desenhos para livros escolares obrigatórios, uma das versões do emblema da Universidade de Lisboa e a imagem dos vitrais da Casa do Douro usada no selo fiscal das garrafas de vinho português e num selo postal de €1.
Biografia
Depois de frequentar o ateliê do seu professor e amigo Narciso Costa, ao mesmo tempo que frequentava a Escola Industrial e Comercial de Leiria, Lino António ingressou no curso de pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa, transferindo-se depois para a do Porto. Nesta última foi discípulo de João Marques de Oliveira.
Realizou um elevado número de obras para espaços públicos, incluindo o friso para a sala do Presidente da Assembleia Nacional, no Palácio de São Bento, e os frescos do arco triunfal e da varanda do coro da Igreja de Nossa Senhora de Fátima; estas foram as primeiras pinturas a fresco, com acabamentos a seco, realizadas em Portugal na época moderna, técnica por ele (re-)introduzida, e que viria a ser adotada posteriormente por Dórdio Gomes e outros artistas ao longo do século XX.
Ainda nos anos 30 ilustrou o livro Amadis, de Afonso Lopes Vieira, o La Jeunesse Portugaise à l'École, livro escolar de António Mattoso, datado de 1939, entre outros.
Professor na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, da qual foi diretor durante mais de duas décadas e ensinou artistas de gerações diversas, como Daciano Costa, Manuel Cargaleiro, Querubim Lapa ou António Garcia. Nesta Escola acolheu vários professores e alunos perseguidos pelo regime. Como bolseiro do Instituto de Alta Cultura, deslocou-se à vários países europeus.
Em 1944 voltou a expor individualmente, sendo estendida a duração do evento devido ao sucesso que obteve junto do público, seguindo-se mais um período de produção intensa para obras em edifícios, na segunda metade da década de 40; em 1945, os vitrais para a Casa do Douro; em 1946 os vitrais da Capela do Colégio das Escravas do Sagrado Coração de Jesus; em 1949 os frescos e vitrais do Salão Nobre da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, de forma semelhante à que, em 1957, executou na Câmara Municipal da Covilhã; vitrais para o Paço Ducal de Vila Viçosa.
Na década de 1950, prossegue a sua atividade em edifícios; em 1952 realiza o painel cerâmico para o átrio principal do LNEC. Em 1955 realiza e assina os 14 painéis da via sacra da Basílica de Fátima, na Cova de Iria, em colaboração com Querubim Lapa e Cargaleiro e vários alunos da António Arroio, como Luis Filipe Oliveira.
Ainda em 1951 expõe na I Bienal de São Paulo ao lado de grandes pintores internacionais, incluindo Picasso e Magritte e Giacometti.
No ano de 1959 executou a Tapeçaria Olisipo, realizada para o Hotel Ritz, em Lisboa; seguindo-se, em 1961, os vitrais e o grande pórtico da Aula Magna; em 1966, os frescos do átrio principal da Biblioteca Nacional e os vitrais do Tribunal de Seia.
Por imposição do limite oficial de idade aposenta-se do ensino em 1968, ficando impedido de continuar a dirigir a Escola António Arroio.
Morreu em 1974, vítima de um acidente vascular, quando se encontrava a trabalhar no seu ateliê na pintura Mercado.
O seu nome foi atribuído a uma galeria de arte na Escola António Arroio e a várias ruas, tendo sido também realizadas exposições retrospectivas da sua obra, em 1985 e em 1998.
Comendador da Ordem da Instrução Pública (21 de março de 1970)[1]
Família
Foi casado com Maria Helena de Noronha Tudela, vivendo alguns anos depois de casado no Palácio do Beau Sejour, em Benfica, mudando-se depois para uma casa com atelier que construiram nos jardins deste palácio. Era tio materno do historiador José Mattoso.