O Kyōto Shoshidai ( 京都所司代 ,Kyōto Shoshidai?) foi um posto administrativo e político responsável pela segurança da região de Kyōto no Período Edo da História do Japão[1]. A importância e eficácia do cargo foi reforçada pelo terceiro shogunTokugawa Iemitsu, que desenvolveu as criações iniciais de elementos burocráticos em um todo consistente e coerente [2].
Tinha uma função semelhante ao Rokuhara Tandai dos Séculos XIII e XIV. Tandai era o nome dado aos governadores e magistrados das cidades importantes do shogunato Kamakura. O cargo tornou-se importante sob a Regência dos Hōjō e sempre foi realizada por um membro de confiança do Clã [4].
Sua funções foram ampliadas e passaram a estar hierarquicamente ligada ao Shogunato Tokugawa. O Shoshidai, geralmente escolhidos entre os daimyōfudai , e era o representante do Shogun na região de Kyōto, responsável pela manutenção de boas relações e da comunicação aberta entre o shogunato e a corte imperial[5]. Era também encarregado de controlar o acesso dos daimyōs à Corte. Supervisionava as medidas financeiras e judiciais, e garantia a segurança pessoal do Imperador e da Corte [2]. Por exemplo, o Shoshidai orientava o Magistrado de Kyōto ou o administrador municipal (o Machi-Bugyo) na prevenção e na organização do combate a incêndios nos palácios reais [6]. Neste contexto, o trabalho do shoshidai era acompanhado pelo administrador da corte (Kinri-Zuki Bugyō) [7] e pelo administrador da Corte do ex-imperador (Sendō-Zuki Bugyō), ambos nomeados pelo xogunato [2]. Também era o cabeça de uma rede de espiões, cuja tarefa era descobrir e relatar quaisquer fontes de sedição, insurreição ou outros tipos de agitação [8].
Como Governador-Geral de Kyōto e das oito províncias vizinhas [2], o Shoshidai era responsável pela coleta de impostos nas províncias e para outras funções inerentes a este cargo [2]. Os administradores de Nara e Fushimi, além do governador (Daikan) de Kyōto, e dos funcionários do Castelo de Nijō eram todos subordinados ao Shoshidai. Este detinha também o controle de fiscalização de todos os templos e santuários [2]. O Shoshidai tinha sua própria guarda pessoal (Yoriki) além dos efetivos policiais (Dōshin) [9] sob o seu comando [2].
Além de funções administrativas, o Shoshidai deveria participar em eventos cerimoniais com o objetivo de consolidar o poder e a influência do shogunato. Por exemplo, em setembro de 1617, uma delegação coreana foi recebido por Hidetada no Castelo Fushimi, e o Shoshidai foi convocado por duas razões: (1) para os coreanos, para ressaltar a importância da missão, e (2) para os kuges da corte, para se certificar de que eles estavam devidamente impressionado [10].
Para se qualificar para este alto cargo, deveria ter sido anteriormente governador de Osaka como um pré-requisito. O próximo requisito seria uma ligação pessoal com o Shogun que era mantida através de visitas a Edo a cada cinco ou seis anos para se reportar diretamente ao Shogun[2]. A rota convencional da promoção era do Governador de Osaka (Judai) para o Kyōto Shoshidai e dessa posição para o Alto Conselho de Anciãos ( Rōjū) [2]. O Shusidai ganhava uma renda de 10.000 koku anualmente, além da renda de seu próprio daimyō[8].
Em setembro de 1862, um concorrente, um cargo com funções parecidas foi criado, o "Kyoto Shugoshoku", foi criado em uma tentativa de fortalecer a facção Kōbu-gattai ( 公武合体 ,Kōbu-gattai? , um movimento para promover a cooperação entre a Corte e o Shogunato). O Kōbu-gattai era constituído por daimyō e kuges que buscavam uma maior parcela de poder político sem destruir o shogunato, em contraste com a facção mais radical, o Tōbaku ( 倒幕 , derrubar o shogunato?) , que atraiu homens como Toshimichi Okubo. O escritório do Shugoshoku tinha essencialmente as mesmas funções que o Shoshidai, mas foi considerado hierarquicamente superior e apenas os membros do Clã Matsudaira foram nomeados para esse cargo [5].
O último Kyōto Shoshidai , Matsudaira Sadaaki , fazia parte do ramo Kuwana dos Tokugawa . Por uma questão prática, pode-se dizer que seu mandato terminou com sua renúncia em 1867, mas as questões não estavam tão calmas na época. Após o édito imperial que sancionou a restauração do governo imperial (Novembro de 1867), houve um lapso de tempo antes que o cargo de Shoshidai fosse abolido (janeiro de 1868) e os assuntos da cidade foram temporariamente confiados aos clãs de Sasayama (Aoyama), Zeze (Honda) e Kameyama (Matsudaira)[11].