José Maria Pereira CoutinhoComM (em chinês: 高天賜; Macau, 22 de Julho de 1957 - ) é um jurista e político macaense, de nacionalidade portuguesa e natural de Macau, China. Actualmente é deputado à Assembleia Legislativa de Macau eleito por sufrágio directo (2005-presente) e Presidente da Direcção da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (1998-presente).[1][2][3] Entre 2003 e 2021, foi Conselheiro das Comunidades Portuguesas.[4]
José Maria Pereira Coutinho nasceu em Macau, em 22 de Julho de 1957, sendo filho de Basílio Câncio Coutinho, um chefe de polícia, e de Maria Ida Lourdinha Julieta Pereira Coutinho, uma dona de casa. Os seus pais nasceram ambos no então território português de Goa, sendo goeses católicos.[5]
Ele licenciou-se em Direito pela Universidade de Macau, no curso de 1990, que é o terceiro curso da Faculdade de Direito da Universidade de Macau. Tornou-se funcionário público dos Quadros da Direcção dos Serviços da Economia (DSE), tendo exercido o cargo de Chefe do Departamento da Propriedade Intelectual (1999-2001). Também foi Secretário-Geral do Centro de Arbitragem Voluntários do WTC de Macau. Desde 1998, é o Presidente da Direcção da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), que é a maior organização de defesa dos interesses dos funcionários públicos de Macau.[1][6]
Em 2003, Pereira Coutinho apresentou uma lista para concorrer às eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas pelo círculo eleitoral de China/Japão/Tailândia. A sua lista ganhou estas eleições, derrotando as outras 3 listas lideradas por Fernando Gomes, Nuno Lima Bastos e Carlos Morais José. Logo, a sua lista obteve os 3 lugares em disputa e os eleitos foram José Maria Pereira Coutinho, Mário Gabriel e José Silveira Machado.[6][7]
Em 2008, Pereira Coutinho voltou a ganhar as eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas e a sua lista, que é a única a concorrer pelo círculo eleitoral de China/Japão/Tailândia, conseguiu assim obter os 3 lugares em disputa, sendo os eleitos José Maria Pereira Coutinho, Armando de Jesus e Fernando Gomes. Durante o seu mandato (2008-2015), Fernando Gomes foi também presidente do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas.[8][9][10][11][12]
Em 2015, Pereira Coutinho voltou a ganhar as eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas e a sua lista, que é a única a concorrer pelo círculo eleitoral de China/Macau/Hong-Kong, conseguiu assim obter os 3 lugares em disputa, sendo os eleitos José Maria Pereira Coutinho, Rita Botelho dos Santos e Armando de Jesus.[13][14][15] A sua lista obteve 2158 votos, num total de 2320 votos contabilizados neste círculo eleitoral.[16]
Em 2021, Pereira Coutinho renunciou ao cargo de Conselheiro das Comunidades Portuguesas. Gilberto Camacho, que era suplente da lista de 2015, substituiu-o no cargo.[4]
Assembleia Legislativa de Macau
José Pereira Coutinho concorreu às eleições legislativas de 2001 pela lista "Nova Esperança" (NE), que foi fundada pelo próprio. Nestas eleições, a sua lista, por sufrágio directo, conseguiu apenas 4551 votos (5,62%), não conseguindo assim eleger nenhum deputado à Assembleia Legislativa de Macau (AL).[17] Nesta sua primeira estreia eleitoral, Pereira Coutinho esteve a pouco mais de 400 votos de ser eleito.[6]
Nas eleições legislativas em Macau em 2005, ele voltou a concorrer pela lista "Nova Esperança" (NE). Nestas eleições, a sua lista, por sufrágio directo, conseguiu 9974 votos (7,99%), assegurando-lhe a eleição para deputado.[18] Sendo deputado, ele deixou de ser funcionário público.[1]
Nas eleições legislativas em Macau em 2009, ele voltou a concorrer pela lista "Nova Esperança" (NE). Nestas eleições, por sufrágio directo, a sua lista conseguiu 12908 votos (9,10%), assegurando-lhe novamente o lugar de deputado. Mas, falhou a eleição de um segundo deputado através da sua lista.[19] Nestas eleições, a "Nova Esperança" subiu a votação em cerca de 30%. Apesar dos principais membros desta lista serem macaenses (ou luso-descendentes), esta associação tem também membros chineses e a sua base de apoio ultrapassa a comunidade lusófona, centrando-se mais no grande número de funcionários públicos em Macau.[2]
Nas eleições legislativas em Macau em 2013, Pereira Coutinho voltou a ser o cabeça de lista da "Nova Esperança" (NE), que conseguiu 13130 votos (8,96%) e, pela primeira vez, isto significou a atribuição de dois mandatos à sua lista. Logo, Pereira Coutinho e o seu colega Leong Veng Chai foram eleitos deputados à Assembleia Legislativa, por sufrágio directo. Pela primeira vez, a "Nova Esperança" passou a ser uma força política com dois deputados no parlamento local.
Nas eleições legislativas em Macau em 2017, Pereira Coutinho voltou a ser o cabeça de lista da "Nova Esperança" (NE), que conseguiu 14386 votos (8.33%), assegurando-lhe novamente o lugar de deputado. Porém, a lista não conseguiu re-eleger Leong Veng Chai.[20]
Nas eleições legislativas de 2021, Pereira Coutinho voltou a ser o cabeça de lista da "Nova Esperança" (NE), que conquistou 18 232 votos populares (13.80% do total), e dois dos catorze assentos a serem eleitos por sufrágio directo, a serem ocupados por José Maria Pereira Coutinho e Che Sai Wang.[21]
Actualmente, Pereira Coutinho é o único deputado português e macaense (ou luso-descendente) eleito à Assembleia Legislativa por sufrágio directo. No hemiciclo, algumas das suas intervenções são em língua portuguesa.[2] Actualmente, Pereira Coutinho é um dos mais incómodos e mediáticos deputados, tendo levantado algumas questões sensíveis. Existem vozes críticas ao seu estilo frontal, acusando-o de ser demagogo e populista.[2] Este estilo frontal de oposição revelou-se, como por exemplo, nas eleições por sufrágio indirecto para o Chefe do Executivo de Macau, em 2009. Nestas eleições, ele foi o único de entre os 300 membros/eleitores da Comissão Eleitoral que não votou, porque o boletim de voto não previa o voto contra Fernando Chui Sai-on, o único candidato para estas eleições, não sendo o candidato preferido dele.[2][22]
Em consonância com as posições da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), as principais propostas e políticas defendidas por Pereira Coutinho na Assembleia Legislativa, no ano de 2010, são basicamente as seguintes:[23][24]
a melhoria e o aumento dos salários, condições de vida, direitos e subsídios dos funcionários públicos e do pessoal de segurança pública;
a uniformização dos contratos de trabalho na Função Pública;
a reabilitação do regime de pensões para o pessoal dos Quadros da Função Pública;
aumento da frequência na auscultação das associações;
a responsabilização dos titulares dos principais cargos do Governo;
a implementação do regime de previdência obrigatório;
a utilização do português na Administração Pública;
a alteração das leis eleitorais, com o objectivo de aumentar o número de deputados eleitos por sufrágio directo;
a implementação da legislação da lei sindical e negociação colectiva.
Para além das reivindicações relacionadas com o bem-estar dos funcionários públicos, a lei sindical e a negociação colectiva são as outras duas reivindicações principais de Coutinho. Inclusivamente, em 2007 e em 2009, ele apresentou dois projectos de lei para regulamentar o direito fundamental de associação sindical, defendido pelo artigo 27.º da Lei Básica de Macau e pela Convenção n.º 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que Macau subscreveu. Mas, nestas duas tentativas, o seu projecto de lei foi chumbado na Assembleia Legislativa, por um hemiciclo constituído maioritariamente por deputados pró-empresariais.[25][26][27]