João de Souza Lisboa (? - Vila Rica, 1778) foi um negociante e contratador das Minas Gerais colonial. Por seu prestigio comercial recebeu o cargo de coronel de ordenança e cavaleiro da Ordem de Cristo. Foi o responsável pela construção da Casa da Ópera de Ouro Preto.[1]
Negócios
João de Souza Lisboa constituiu-se como um dos maiores dizimeiros à serviço da coroa portuguesa. Seus contratos diziam respeito à captação de tributos nas Minas Gerais, no período áureo da mineração, de 1740 a 1770.[2]
A menção mais antiga de sua pessoa, data de 20 de março de 1745. Ele é descrito como negociante, vendedor de escravizados e de secos e molhados, na região mineira. Neste mesmo ano, ele é descrito como capitão da Companhia das Ordenanças de Pé da Vila de São João del Rei, demonstrando que já era um comerciante de renome.[2]
Seus primeiros contratos são de 1749, quando recebeu o privilegio sobre três passagens: a do Rio das Mortes, a do Rio Grande e a do Rio Verde. Por meio desses contratos ele pode coletar os impostos aduaneiros, de quem se dirigia à capitania de Minas Gerais. A partir de 1750 adquiri para si outros contratos. Um contrato em sociedade ao capitão Pedro Teixeira de Carvalho e ao sargento-mor João de Sequeira, de arrecadação de dizimos, valendo de 1750 a 1753, novamente arrematado em 1762 e 1765, agora com uma sociedade com João de Sequeira, o capitão José Caetano Rodrigues de Horta, Manoel Teixeira Sobreira, Manoel Machado e João da Costa Carneiro. Entre 1762 e 1764 também arrematou o contrato das entradas. Paralelamente, entre 1763 e 1765 foi arrematado o contrato das passagens do Rio Paraíba e do Rio Paraíbuna.[2]
Em 1761, por seu prestígio e importância economica, foi nomeado ao posto de Coronel do Regimento da Nobreza Privilegiada e Reformados desta Villa, e seu termo. Nesse mesmo ano ele recebeu duas sesmarias em Sete Lagoas, uma das entradas de gado para as Minas Gerais.[2]
Em 1764, todavia, é decretada a prisão e o confisco de seus bens, pelo não cumprimento das condições dos contratos. Possivelmente a Guerra Ibérica (1762 - 1763), envolvendo conflitos na bacia do Prata, nas fronteiras entre Portugal e Espanha, teria sido o motivo das dificuldades do comerciante. A principal alegação de Souza Lisboa era a demora de 15 meses da frota do Tio de Janeiro, que comprometeu o seu abastecimento de escravizados da África, e de generos manufaturados europeus e africanos. A argumentador do contratador é aceita, e ele é inocentado.[2]
Além dos contratos, ele também possuia opulentas casas alugadas em Vila Rica, e alugava os camarotes da Casa da Ópera, construida por ele em 1769, sendo um dos primeiros Teatro-Ópera das Américas. Teria custado 16 mil cruzados a Souza Lisboa, que a construiu com o apoio do Conde de Valadares, governador da capitania de Minas Gerais, e Claudio Manoel da Costa, secretário de Valadares.[3]