Era filho legítimo de José de Araújo, um homem branco, e de Francisca Maria da Conceição, uma mulher parda.[2] Durante a idade adulta, foi descrito como "homem pardo claro de ordinária estatura, cheio de corpo tem a cabeça redonda, e examinando-a lhe não achei coroa, ou sinal dela, e sim o cabelo que é preto, crescido por igual, tem orelhas pequenas, rosto comprido, testa alta, olhos pretos, e pequenos, nariz afilado, boca pequena, e barba serrada."[2]
Estima-se que João deixou sua cidade natal para morar em Salvador por volta de 1790. Acredita-se que na nova cidade conheceu sua futura esposa Luiza Francisca de Araújo.[1][2] Era pai de cinco filhos.[2] Teve um caso extraconjugal com Ana Romana Lopes do Nascimento, com quem assumiu um compromisso e possivelmente custeou seu aluguel e lhe sustentou.[2] Mais tarde, Ana afirmou ter acabado com o relacionamento pois João a havia espancado.[2]
Trabalhos
Trabalhava como mestre alfaiate em sua loja, situada na Rua Direita do Palácio, onde trabalhava e residia junto com a esposa e os
filhos. Seus clientes abrangiam desde a elite baiana até os militares.[2]
Também trabalhou como cabo de esquadra do Segundo Regimento de Milícias de Salvador.[1][2]
Conjuração Baiana
Inconformado com a situação de miséria da colônia, em meados da década de 1790, começa a participar de reuniões secretas, juntamente com estudantes, comerciantes, proprietários, intelectuais, soldados, artesãos e funcionários.[2]
Toma conhecimento da Revolução Francesa, discute os ideais liberais e sua possível aplicação no Brasil.[2]
Foi preso em 16 de setembro de 1798,[1] após o aparecimento de folhetos clandestinos em Salvador anunciando a chagada de tempos de liberdade, criticando a monarquia portuguesa, reivindicando aumento do soldo dos soldados e reiterando a situação política da França.[2]
Acusado de ser um dos autores dos textos anônimos, fingiu demência e negou a autoria.[2] No entanto, em 11 de setembro, segundo declaração registrada nos autos do processo, confessa "ter entrado no projeto, em que se tentava levantar uma revolução nesta cidade."[nota 2]
O coronel Dom Carlos Balthazar da Silveira o classificou como "insolente, atrevido e despejado, pronto para toda ação má", enquanto o deputado Francisco Gomes de Souza o definiu como "muito petulante, altivo e insolente, capaz de empreender qualquer projeto mau, e ruinoso."[2]
Condenado à morte e enforcado pelo crime de lesa majestade, seu corpo é repartido em pedaços e exposto em praça pública, em 8 de setembro de 1799, aos 27 anos.[1][2]
Homenagens
É considerado um mártir do Movimento Revolucionário de 1798.[1]
Em 1932, a Rua João de Deus, localizada em Salvador, recebeu este nome em sua homenagem. Posteriormente também recebeu um busto na Praça da Piedade.[2]
Em 2011, foi incluído no Livro dos Heróis da Pátria, juntamente com outros líderes da Conjuração Bahiana, de acordo com a Lei nº 12.391.[3] A inserção dos revolucionários era uma luta antiga do movimento negro baiano.[2]
Notas
↑Na época, chamava-se Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira.[1]
↑De acordo com Flávio Márcio Cerqueira do Sacramento, "a 11 de setembro, no entanto, estufa o peito e assume fazer parte do projeto revolucionário. Pelo depoimento das testemunhas, é possível perceber o seu espírito aguerrido, altivo e revolucionário."[2]