João Bonança nasceu na cidade de Lagos, em 1836.[2] A sua família forçou-o a estudar numa instituição eclesiástica, tendo concluído o curso com distinção.[2]
Carreira eclesiástica e profissional
Durante o início da sua carreira como padre, começou a escrever artigos em defesa da liberdade e do progresso, especialmente pela erradicação da pena de morte.[2] Neste período, ainda apresentava uma atitude de moderação e conciliação com a Monarquia e a igreja católica, embora já começasse a revelar uma atitude de descrença para com a religião, o que se reflectiu em alguns artigos mordazes que publicou na imprensa.[2] Em 1862, desloca-se para Lisboa, tendo escrito artigos no periódico Algarviense, onde atacou a pena de morte.[2] Colaborou igualmente no Arquivo Comercial, onde publicou estudos sobre a planeada obra História da Civilização em Portugal, que foi no entanto interrompida devido ao fim daquele periódico.[2] Também colaborou nos jornais Diário de Notícias, onde editou um romance em folhetins, Independência Nacional, e Revolução de Setembro, onde publicou o estudo Fisiologia dos Ladrões.[2] Escreveu igualmente sobre a defesa do Código Civil, junto a Alexandre Herculano, quando este documento esteve a ser discutido nas Câmaras Legislativas, em 1866.[2]
No entanto, a partir de 1868 entrou numa fase de crítica mais acesa contra o estado e a igreja, acusando-as de serem apáticas em relação à pobreza das classes populares, tendo defendido uma nova organização social, com os ideais do socialismo e da república.[2] Nesse mesmo ano, publicou a obra As Questões da Actualidade, onde acusou os asilos de serem focos de pobreza em vez de ajudarem na sua erradicação, tendo aconselhado a instalação de colónias agrícolas.[2] Atacou igualmente a tentativa de vender a província de Moçambique, em artigos no periódico Nacional.[2] Esteve em contacto com vários nomes da Geração de 70, especialmente Antero de Quental e Teófilo de Braga.[3]
Em 1870, deixou a carreira eclesiástica, passando a criticar implacavelmente a igreja, que considerava estar sujeita a uma corrupção interna e estagnação moral.[2] Esta mudança nos seus ideais reflectiu-se principalmente na obra O Século e o Clero, de 1872.[2] Posteriormente, publicou o livro Religião e a Política, obra que foi reeditada, pela primeira vez, em 1871.[2] Enquanto trabalhava noutras reedições, também fundou o periódico O Trabalho, e colaborou na República Federal, os primeiros dois primeiros jornais de índole republicana em Portugal.[2] No ano de 1875, publicou a obra Reorganização Social em Coimbra.[2]
No âmbito do Ultimato Britânico de 1890, atacou violentamente a Grã-Bretanha na terceira parte do seu livro Lutas e Progressos das Ciências, acusando-a de atacar a nação portuguesa desde a Restauração da Independência, e sugerindo a instituição de uma federação das nações latinas.[2] Em 1899, editou o livro A História da Lusitânia e da Ibéria, cujo lançamento foi bem recebido pela imprensa.[2]
Integrou-se no directório do Partido Republicano, e após a Implantação da República, formou o partido Integridade Republicana.[2] Em 1911, candidatou-se à presidência da república, mas não obteve um resultado notável.[2] Nos finais da sua vida, afastou-se da política, tendo publicado a obra Enciclopédia de Aplicações Usuais.[2]
Falecimento
João Bonança faleceu em Lisboa, no dia 13 de Abril de 1924.[2]
↑«Freguesia de Santa Maria»(PDF). Câmara Municipal de Lagos. Consultado em 22 de Dezembro de 2018. Arquivado do original(PDF) em 22 de Fevereiro de 2014
↑VASQUES, José Carlos. «A Grande Casa do Catalão». Centro de Estudos Marítimos e Arqueológicos de Lagos. Consultado em 7 de Janeiro de 2012. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015
Bibliografia
FERRO, Silvestre Marchão (2002). Vultos na Toponímia de Lagos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 358 páginas. ISBN972-8773-00-5