Jano (em latim: Iānvs) é o deusromano das mudanças e transições, como pode ser visto nas citações "Jano tem poder sobre todos os começos (…)"[1] e “Em poder de Jano estão os inícios”,[2] em relação às mudanças (inícios, começos), e nas citações "(…) Duas portas haver, bélicas ditas,/Que santo horror defende e o cru Mavorte:/Barras, ferrolhos cem de bronze as trancam;/Sempre ao limiar de sentinela Jano"[3] e "(…) Então deposta a guerra,/Se amolgue a férrea idade; a encanecida/Fé com Vesta, os irmãos Quirino e Remo/Ditem leis; Jano trave as diras portas/Com trancas e aldrabões",[3] em relação às tradições (leis). A figura de Jano é associada a portas (entrada e saída), bem como a transições. A sua face dupla também simboliza o passado e o futuro. Jano é o deus dos inícios, das decisões e escolhas. O maior monumento em sua glória se encontra em Roma e tem o nome de Iānvs Geminus ("gêmeos Jano").
Jano tinha duas faces, uma olhando para a frente e outra para trás, e dele derivam os nomes do monte Janículo e o rio Jano, pois ele viveu na montanha.[4] Ele foi o inventor das guirlandas, dos botes, e dos navios, e foi o primeiro a cunhar moedas de bronze; por isto que em várias cidades da Grécia, Itália e Sicília, em suas moedas, trazem em um lado um rosto com duas faces e no outro um barco, uma guirlanda ou um navio.[4]
Ele se casou com sua irmã Carmese, e teve um filho chamado Aethex e uma filha chamada Olistene.[4] Desejando aumentar o seu poder, ele navegou até a Itália e se instalou em uma montanha próxima de Roma, chamada Janículo por causa dele.[4]
Representações artísticas
Nas representações artísticas, Jano é muitas vezes representado como uma figura masculina com barba e outra sem ela. Comum é o fato deste estar constantemente representado por duas faces que olham em direções opostas. Existem porém outros modelos com quatro faces.
A figura de Jano aparece em muitas mídias contemporâneas, como no filme O Turista, de 2010,[5] quando Elise explica a Frank o significado de seu bracelete: "É o deus romano Jano. Minha mãe me deu quando eu era pequena. Ela queria me ensinar que as pessoas têm dois lados". No animeCavaleiros do Zodíaco (1986-1989),[6] o mito de Jano comparece na construção dos Cavaleiros de Gêmeos, cuja armadura apresenta duas máscaras colocadas em lados opostos. Na saga do Santuário, o Cavaleiro de Gêmeos sofre de transtorno dissociativo de identidade, manifestando-se ora bondoso, ora malvado. Ele é também o inimigo final da saga do Santuário, marcando a transição entre a guerra e a paz. O mito volta a precipitar em Os Cavaleiros do Zodíaco: Ômega (2013).[7] No primeiro anime, o Cavaleiro de Gêmeos original é Saga de Gêmeos, o que é posteriormente substituído por seu irmão Kanon. No segundo, a Amazona de Gêmeos original é Paradox, posteriormente substituída por Integra.
↑Santo Agostinho (1996). Cidade de Deus. 2a ed. Trad. de J. Dias Pereira, baseado no original latino de Dombart, B. e Kalb, A. De Civitate Dei. 353-430. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. ISBN972-31-0543-8
↑Santo Agostisnho (1996). Cidade de Deus. 353-430. Lisboa: [s.n.] p. 634. ISBN972-31-0543-8
↑ abVirgílio (2005) [70AC-19AC]. A Eneida. Ano de tradução 1854. [S.l.: s.n.] p. 25-26, linhas 307-311; 214, linhas 612-615