Ismael, filho de Netanias, filho de Elisama, foi um homem da família real de Judá que assassinou Gedalias, o governador de Judá colocado por Nabucodonosor após a destruição de Jerusalém.
Narrativa bíblica
Em 588 a.C.,[1] Gedalias foi nomeado por Nabucodonosor II governante do país, após a destruição de Jerusalém.[2]
No sétimo mês [Nota 1] de 588 a.C.,[1] Ismael, da família real, e mais dez homens, vieram a Gedalias, em Mispa, e comeram pão com ele. Em seguida, Ismael e os dez homens mataram Gedalias, além dos judeus que estavam com ele, e os caldeus, homens de guerra.[3] Segundo Ussher, os judeus rememoram este assassinato com um jejum, em todo dia 3 do mês Tizri.[1][Nota 2] Em outro dia, vieram oitenta homens de Siquém, Silo e Samaria, com as barbas raspadas, vestes rasgadas e carnes cortadas, trazendo oblações e incensos, para levar à casa do Senhor. Ismael veio, de Mispa, recebê-los, e convidou-os para se encontrarem com Gedalias. Ismael e seus companheiros mataram quase todos os homens, poupando apenas dez, que disseram que tinham escondido no campo depósitos de trigo, cevada, azeite e mel.[4]
Ismael levou cativos todo o povo, incluindo as filhas do rei, que havia sido confiado à guarda de Gedalias por Nebuzaradã, e tentou se dirigir a Amom.[5] Joanã, filho de Careá, e os capitães que estavam com ele, ouviram o mal que Ismael havia feito, e foram lutar contra Ismael. Eles se encontraram próximos das águas que há em Gibeom, e o povo cativo fugiu e se refugiou com Joanã.[6]
Ismael, e mais oito companheiros, escaparam de Joanã e se refugiaram em Amom.[7]
Comentários
Segundo Calvino, o ato de Ismael foi uma crueldade destável e bárbara, pois ele matou Gedalias após este havê-lo recebido, violando todas as regras sagradas da hospitalidade. Além disso, Ismael havia jurado lealdade a Gedalias, que ainda era uma figura paterna. O ato também foi uma traição ao povo, porque traria a ira de Nabucodonosor contra o povo miserável, que ele havia poupado. Um dos motivos da traição foi que Ismael era da família real, mas Gedalias não era, e o assassinato foi motivado por ambição e orgulho.[8]
Segundo Adam Clarke, Ismael, provavelmente, havia se refugiado com Baalis, rei dos amonitas, durante o cerco de Jerusalém, e havia sido empregado por Baalis para assassinar Gedalias.[9] O ato de comer juntos o pão, citado em Jeremias 41:1, era uma forma de fazer uma aliança sagrada de amizade. Ismael pretendia levar os cativos para Amom e vendê-los como escravos; o grupo incluía mulheres, crianças e eunucos, possivelmente oriundos do harém de Zedequias.[10]
Segundo Albert Barnes, Elisama, listado como pai de Netanias, o pai de Ismael, seria provavelmente o filho de Davi citado em II Samuel 5:16.[11]
Notas e referências
Notas
Referências
- ↑ a b c James Ussher, The Annals of the World [em linha]
- ↑ II Reis 25:22, Jeremias 40:5, Jeremias 52:16
- ↑ Jeremias 41:1–3
- ↑ Jeremias 41:4–9
- ↑ Jeremias 41:10
- ↑ Jeremias 41:11–14
- ↑ Jeremias 41:15
- ↑ Calvino, Calvin's Commentaries, Vol. 20: Jeremiah and Lamentations, Part IV, Jeremias 41 [em linha]
- ↑ Adam Clarke, Commentary on the Bible (1831), Jeremiah 40 [em linha]
- ↑ Adam Clarke, Commentary on the Bible (1831), Jeremiah 41 [em linha]
- ↑ Albert Barnes, Notes on the Bible (1834), Jeremiah Chapter 41 [em linha]