Isaque I, o Parta

Isaque I, o Parta

Isaque por Stepanos Nersissian (1815–1881)
Nascimento 338[1]
Morte 05 de setembro de 439
Etnia Armênio
Progenitores Mãe: Sanductes Mamicônio
Pai: Narses I, o Grande
Filho(a)(s) Isaacanus
Religião Catolicismo

Isaque I, o Parta (em armênio/arménio: Սահակ Պարթև; romaniz.: Sahak Part’ev) ou Isaque I, o Grande (338-05 de setembro de 439) foi católico entre 387 e 428 e é celebrado como santo pela Igreja Armênia, com festa em 5 de setembro.

Nome

Isaque ou Isaac são formas lusófonas derivadas do latim (Isaac) e grego (Ἰσαάκ, Isaák). Originaram-se no hebraico Ixaque (יצחק, Yiṣḥāq), "que Ele o estime".[2] Foi registrado em armênio como Saaque (Սահակ, Sahak).[3]

Vida

Relações familiares

Pertencia a uma verdadeira dinastia sacerdotal, que quase permanentemente ocupou a sé da Armênia desde a sua criação. Era filho de Narses I, o Grande e Sanductes, filha de Vardanes I Mamicônio,[4] o líder do partido pró-persa na corte da Armênia sob o reinado do rei Ársaces II (r. 350–368).[5] Seu pai era filho de Atanágines e Bambishn, irmã de Tigranes VII (r. 339–350); Atanágines era filho de Hesíquio I, filho de Vertanes I, filho de Gregório, o Iluminador.[6] Isaque casou-se com uma mulher de nome desconhecido com quem teve Isaacanus, a esposa de Amazaspes I Mamicônio em 439.[7]

Católico da Armênia

Iluminura de Isaque e Mastósio. 1651

Órfão muito cedo, recebeu em Constantinopla excelente educação literária, sobretudo línguas orientais.[1] Com a morte de Aspuraces de Manziquerta (r. 381–386),[8] Isaque foi entronizado em 387 pelo rei Cosroes IV (r. 387–392), que notou suas virtudes. De fato, Isaque viveu com 60 discípulos em grande mosteiro. Tal comunidade, dedicada à vida religiosa e à qual pertencia o futuro Mastósio, praticava vida austera. Após a remoção de Cosroes IV em 392 e sua substituição por seu irmão Vararanes Sapor (r. 392–414), Isaque foi mantido em sua posição.[1]

Após sua eleição, devotou-se ao treinamento religioso e científico de seu povo. Com Mastósio, inventou o alfabeto armênio e começou a tradução a Bíblia; a tradução do siríaco Pexita foi revisada com a Septuaginta e o texto hebreu (entre 410 e 430). A liturgia, até então siríaca, foi traduzida ao armênio com elementos da liturgia de Basílio de Cesareia. Estabeleceu escolas de ensino superior com ajuda de discípulos que enviou para estudar em Edessa, Melitene, Constantinopla, etc. Através deles, as principais obras da literatura grega e siríaca cristã foram traduzidas, por exemplo, os escritos de Atanásio de Alexandria, Cirilo de Jerusalém, Basílio, João Crisóstomo, Efrém da Síria, Gregório de Nazianzo, Gregório de Níssa, etc.[1]

Através de seus esforços, as igrejas e mosteiros destruídos pelos persas foram reconstruídos, a educação foi cuidada generosamente, o culto pagão de Ormasde que Isdigerdes I (r. 399–420) tentou estabelecer foi expulso e 3 concílios foram realizados para restabelecer a disciplina eclesiástica. Diz-se que foi autor de hinos litúrgicos. Duas cartas escritas por ao imperador Teodósio II (r. 408–450) e Ático de Constantinopla (r. 406–425) foram preservadas. Uma terceira, dirigida a Proclo de Constantinopla (r. 434–446), não foi escrita por ele e data do século X. Nem teve qualquer parte, como foi erroneamente atribuído, no Primeiro Concílio de Éfeso (431), embora, em consequência de disputas que surgiram na Armênia entre os seguidores de Nestório e os discípulos de Acácio de Melitene e Rábula de Edessa, Isaque e sua Igreja apelaram a Constantinopla e através de Proclo obtiveram as explicações desejadas.[1]

Era homem de piedade iluminada e vida muito austera. Em 428, o rei Artaxias IV (r. 422–428) foi deposto por Vararanes IV (r. 420–438) a pedido nos príncipes da Armênia e Isaque foi afastado.[9] Após dois sucessores impopulares, em 432 Vararanes permite que reassuma sua posição, porém apenas exerce o poder espiritual; o poder secular foi dado a Samuel, o Sírio.[10][11] Em sua extrema idade avançada, parece ter se retirado à solidão, morrendo aos 110 anos de idade. Nem o ano exato nem o mês preciso de sua morte são conhecidos, mas parece ter ocorrido entre 439 e 441. Vários dias são consagrados a sua memória na Igreja Armênia.[1]

Ver também

Precedido por
Aspuraces de Manziquerta
Católico de todos os armênios
387 a 428
Sucedido por
Sormaco
Precedido por
Aspuraces de Manziquerta
Católico de todos os armênios
432 a 438
Sucedido por
Mesrobes Mastósio
(lugar-tenente)

Referências

  1. a b c d e f Vailhé 1910.
  2. «Isaac». Infopédia 
  3. Ačaṙyan 1942–1962, p. 348-349.
  4. Toumanoff 1990, p. 243-244.
  5. Grousset 1973, p. 137-139.
  6. Moisés de Corene 1978, p. 313.
  7. Toumanoff 1963, p. 208, nota 236; 209.
  8. Mahé 2007, p. 179.
  9. Toumanoff 1963, p. 153.
  10. Dédéyan 2007, p. 186.
  11. Grousset 1973, p. 185.

Bibliografia

  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Սահակ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot 
  • Mahé, Jean-Pierre (2007). «Affirmation de l'Arménie chrétienne (vers 301-590)». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Éd. Privat. ISBN 978-2-7089-6874-5 
  • Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Imprensa da Universidade de Harvard 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Imprensa da Universidade de Georgetown 
  • Vailhé, S. (1910). «Isaque of Armenia». Enciclopédia Católica. Nova Iorque: Robert Appleton Company 

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