Hoje é um filmebrasileiro de 2011 dirigido por Tata Amaral, baseado no livro Prova Contrária de Fernando Bonassi. Estrelado por Denise Fraga e César Troncoso, o longa conta a história de Vera, uma ex-militante, que ao se mudar para um novo apartamento passa a relembrar do que viveu na época da ditadura junto com seu marido Luiz.
O filme recebeu críticas variadas, que destacaram as atuações de César Trancoso e Denise Fraga; esta última sendo elogiada pelos críticos por conseguir lidar bem com a mudança de ter que atuar em um filme drama, pois a mesma geralmente atuava apenas em comédias. Hoje também ganhou seis prêmios no 44º Festival de Brasília.
Enredo
Em 1998,[1] Vera (Denise Fraga) está se mudando para um novo apartamento, na região central de São Paulo, que conseguiu comprar devido a uma indenização que ganhou do governo brasileiro em decorrência do assassinato do marido Luiz (César Troncoso). A perda de seu companheiro ocorreu na época em que ambos eram militantes contra a ditadura militar no Brasil e, enquanto a mudança ocorre, ela vê o fantasma de Luiz, fazendo com que se recorde das torturas sofridas por ambos na época do regime militar.[2][3][4]
A atriz Denise Fraga foi escolhida pela própria diretora para o papel principal. Ela disse ter se preparado lendo sobre o relacionamento de Clara Charf com Carlos Marighella, pois, segundo a mesma, o casal tem "uma coisa parecida com o que tinha no filme". Para ajudar na preparação o elenco todo assistiu depoimentos de pessoas que foram presas e torturadas que foram compilados na série Trago Comigo, também de Tata Amaral.[6] As filmagens duraram três semanas e meia e ocorreram todas apenas em um apartamento, e o orçamento disponibilizado pela Ancine para o longa foi de 4.177.598,81 reais.[6][7]
Lançamento
Hoje foi exibido pela primeira vez na 44ª edição do Festival de Brasília, em 29 de setembro de 2011,[8] somente para a crítica e convidados; a primeira exibição para o público ocorreu em 17 de julho de 2012, no Memorial da América Latina, durante o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo.[9] O filme teve diversas pré-estreias, dentre elas uma em 15 de abril, em São Paulo;[10] outra no Cine Odeon do Rio de Janeiro, apenas para convidados, no dia 17;[11] e o Espaço Itaú de Cinema e a Folha de S. Paulo organizaram uma pré-estreia gratuita, no dia seguinte.[12] O longa estreou oficialmente no circuito nacional de cinema em 19 de abril de 2013, em doze salas.[6][13]
Recepção
Recepção crítica
Hoje recebeu criticas geralmente positivas dos críticos especializados.[14] Cássio Starling Carlos da Folha de S. Paulo comentou que "o contraste entre épocas e ideais traduz-se num diálogo rude que opõe Vera e Luiz", elogiando as atuações de Fraga e Troncoso. Ele acrescento que "a astúcia maior do roteiro, [...] consiste em não priorizar a reconstrução do passado", mas exumá-lo, o que causa mais "incômodo" do que os filmes históricos que apenas apresentam os fatos.[2] Escrevendo para o O Globo, Daniel Schenker, assim como Starling, elogiou os protagonistas, além da arte, fotografia e a música, dizendo que "as opções estéticas e técnicas referentes a um filme quase que inteiramente ambientado dentro de um apartamento também surpreendem."[15] Já Daniel Feix qualificou o filme como "muito atual. Pertinente, contundente e, além de tudo, emocionante."[3]
Por outro lado, em sua análises, a revista Rolling Stone e do site CineClick criticaram os diálogos, descrevendo-os como "monótonos" e "rançoso", respectivamente. Christian Petermann da revista disse que os atores "parecem sempre estar sobre um palco" e que há uma "inescapável teatralidade" e uma "rigorosa pontuação de cena" que prejudica o filme, enquanto o crítico Roberto Guerra avaliou negativamente o fato de não haverem grandes revelações sobra a história da personagem central, além de ter criticado a inserção dos personagens secundários "que servem apenas distrair o público".[16][17] Sérgio Alpendre, apesar de ter elogiado os efeitos visuais e comparado Hoje ao filme Afinal, uma Mulher de Negócios de Rainer Werner Fassbinder, disse que havia "ressalvas", como por exemplo, afirmando que os personagens centrais "estão sobrando nessa história" e concorda com Guerra quanto aos personagens secundários. Ele finaliza dizendo que o longa que "era para ser um drama de cortar corações acaba sendo apenas um interessante exercício de dramaturgia na clausura."[18]