História do Cristianismo (título original inglês: A History of Christianity) é um estudo de 1976 da história do Cristianismo pelo historiador britânico Paul Johnson. O autor pretende apresentar uma história abrangente e factual da religião cristã, de seus primórdios como uma seita judaica até seu papel no mundo secularizado moderno.
A obra caracteriza-se pela monumentalidade (517 páginas densas na edição original, expandidas para 955 páginas na edição em box brasileira), abrangência enciclopédica e imparcialidade. Se por um lado não é apologética, não pretendendo converter ninguém ao cristianismo, tampouco é uma obra anticristã, de crítica ao Cristianismo ou ao sentimento religioso como um todo. Embora seja um católico, autor de uma “biografia” de Jesus Cristo,[1] Johnson não esconde as “falhas, deficiências e distorções institucionais” (perseguição aos judeus e hereges, caça às bruxas, guerras de religião, apoio ao nazismo, etc.) da história do Cristianismo,[2] a ponto de precisar lembrar, no epílogo, que, não obstante essas distorções, “não é por acaso que todas as implantações da liberdade pelo mundo têm, em última análise, uma origem cristã”. O Cristianismo “fornece uma esperança. É um agente civilizador. [...] Oferece vislumbres de liberdade real.[3]
No Prólogo, Johnson escreve:
Durante esses dois milênios o Cristianismo se mostrou, talvez, mais influente em moldar o destino humano do que qualquer outra filosofia institucional, mas existem agora sinais de que seu período de supremacia está chegando ao fim, convidando assim a uma retrospectiva e um balanço. O Cristianismo é essencialmente uma religião histórica. Baseia suas alegações nos fatos históricos que afirma. Se esses fatos são demolidos, não resta nada. Um cristão com fé nada tem a temer dos fatos."
A narrativa começa com Paulo de Tarso a caminho da Antioquia para Jerusalém, provavelmente em 49 d.C., a fim de se encontrar com os seguidores remanescentes de Jesus.[4]
Conteúdo
Parte 1. Ascensão e resgate da seita de Jesus (50 a.C - 250 d.C.) Discute o mundo cultural judaico romano, o Concílio de Jerusalém, os essênios, São João Batista, a evidência textual de Jesus, o ministério e os ensinamentos de Jesus, sua crucificação e aparições pós-ressurreição, a ascensão da Igreja, São Paulo, os zelotes, a queda de Jerusalém, Valentino, Marcião, Irineu, Tertuliano, Orígenes, predominância vindoura da Igreja Romana e do bispo de Roma.
Parte 2. De mártires a inquisidores (250 a 450 d.C.) – A perseguição de Diocleciano, a conversão de Constantino, primeira Igreja oficial, Arianismo, Pelagianismo, São Jerônimo, Santo Ambrósio, Santo Agostinho.
Parte 3. Senhores mitrados e ícones coroados (450 a 1054) – Queda do Império Romano do Ocidente, Cristianismo da Idade das Trevas, monasticismo, relíquias cristãs, ascensão do papado, era carolíngia, Igreja Ortodoxa Oriental.
Parte 4. A sociedade total e seus inimigos (1054 a 1500) – Apogeu do Papado, teologia da Idade Média, sociedade cristã total, pagamento de penitência, corrupção da Igreja, Cruzadas, revoltas milenaristas, Inocêncio III, São Francisco de Assis.
Parte 5. A Terceira Força (1500 a 1648) – Reforma e Contrarreforma, com ênfase no pensador humanista Erasmo.
Parte 6. Fé, razão e desrazão (1648 a 1870) – O conflito do Cristianismo com o Iluminismo, início do recuo da Sociedade Cristã total, Pascal, Voltaire, Protestantismo, Revolução Francesa, ressurgimento do Papado.
Parte 7. Povos quase escolhidos (1500 a 1910) – Missionários cristãos, conversão da América Latina, Cristianismo do Leste Asiático, São Francisco Xavier, Alessandro Valignano, perseguição ao Cristianismo japonês, Cristianismo norte-americano, trabalho missionário do século XIX, Cristianismo africano.
Parte 8. O Nadir do triunfalismo (1870 a 1975) – Papado Moderno, Modernidade, Cristianismo e Segunda Guerra Mundial, Nazismo, declínio da Igreja no Ocidente, Concílio Vaticano II, Humanae Vitae.
Referências
- ↑ Paul Johnson (2023). Jesus: Uma biografia de Jesus Cristo para o Século XXI. [1].
- ↑ ”A impressão que o leitor obtém ao percorrer seu longo catálogo de perseguições, julgamentos de heresias, caças às bruxas e guerras religiosas deve certamente ser que o Cristianismo tem sido uma força maior para o sofrimento e o mal que o nazismo e o comunismo combinados”. Lars Walker. «'A HISTORY OF CHRISTIANITY,' BY PAUL JOHNSON». Consultado em 29 de maio de 2024
- ↑ Paul Johnson, História do Cristianismo, Epílogo.
- ↑ Paul Johnson (2023).
História do Cristianismo (box). [2].