Nota: Este artigo é sobre o termo filosófico e teológico. Para o livro gnóstico, veja Hipóstase dos Arcontes.
Hipóstase (em grego clássico: ὑπόστᾰσις - hypostasis, "substância"[1]) é um termo grego que pode se referir à natureza de algo, ou a uma instância em particular daquela natureza. Durante as controvérsias cristológicas e trinitárias nos séculos III e IV, o segundo significado prevaleceu no uso da doutrina. O termo passou a ser um sinônimo da palavra latina persona, o indivíduo de uma natureza racional.[2] A partir do século IV passou a ser contrastado com o termo ousia como significando 'realidade individual' nos contextos cristológicos e trinitários.[1]
O termo ainda é utilizado em grego moderno com o significado de "existência", juntamente com o termo ὕπαρξις (hýparxis) e τρόπος ὑπάρξεως (tropos hypárxeos), este último significando "existência individual".
Teologia cristã
Nos concílios ecumênicos, a terminologia do termo foi clarificada e padronizada para que a fórmula "Três hipóstases em uma ousia (essência)" fosse aceita como a epítome da doutrina ortodoxa sobre a Trindade: de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três diferentes hipóstases em uma única divindade. A palavra também é utilizada para se referir à divindade de Cristo, na chamada união hipostática de suas naturezas - divina e humana - em uma única hipóstase.
A palavra em si foi tema de grande controvérsia e confusão ao longo dos anos, especialmente no debate entre os críticos da doutrina da Trindade e seus defensores.
Cristianismo primitivo
Nas obras do cristianismo primitivo, o termo é utilizado para denotar o "ser" ou a "realidade substantiva" e nem sempre é possível distinguir seu significado da palavras ousia (essência). Ele foi utilizado desta forma por Tatiano, Orígenes e no anátema anexo ao Credo de Niceia (325).
Concílios ecumênicos
Foi principalmente sob a influência dos Padres Capadócios que a terminologia foi padronizada para ser utilizada na definição ortodoxa da Trindade. Este consenso, porém, não foi conquistado facilmente. Os teólogos no ocidente traduziam "hypo-stasis" como "sub-stantia" (substância) e entendiam que os teólogos orientais, quando falavam em "três hipóstases" na divindade estariam falando de três "substâncias", gerando confusão e acusações de triteísmo. A partir de meados do século IV em diante, a palavra passou a ser contrastada com ousia e utilizada para significar "realidade individual", especialmente nos contextos trinitários e cristológicos.
Filosofia
Na filosofia de Plotino, Deus se deriva em três hipóstases - uno, nous (inteligência) e alma -, que ele comparava, respectivamente, à luz, ao sol e à lua. Mas o termo foi utilizada por diferentes tradições filosóficas com significados totalmente diferentes daquele adotado por Plotino. Também é encontrado entre os gnósticos. Um dos livros da biblioteca de Nag Hammadi se chama "A Hipóstase dos Arcontes".
Para alguns, a Filosofia aparece como um meio homogêneo: os pensamentos nascem e morrem nele, os sistemas nele se edificam para nele desmoronar. Outros consideram-na como uma certa atitude cuja adoção estaria sempre ao alcance de nossa liberdade. Ainda para outros, é vista como determinado setor da cultura. Em nossa opinião, a Filosofia não existe; sob qualquer forma que seja considerada, essa sombra da ciência, essa eminência parada da humanidade não passa de uma abstração hipostasiada. De fato, existem várias filosofias. Ou melhor - porque nunca encontrareis, em determinado momento mais do que uma que seja viva -, em certas circunstâncias bem definidas, uma filosofia se constitui para dar expressão ao movimento geral da sociedade; e, enquanto vive, é ela que serve de meio cultural aos contemporâneos. Esse objeto desconcertante apresenta-se, simultaneamente sob aspectos profundamente distintos, cuja unificação opera constantemente.
Nesse parágrafo, Sartre demonstra como a ideia de uma Filosofia, normalmente designada por nós como a Filosofia, na verdade, só existe em nossa mente. O que a história demonstra é que cada período possui a sua filosofia, não podendo unificar tudo isso ao nome de a Filosofia.