A Hidrografia do Ceará é o conjunto de todos os recursos hídricos do estado, composta de seus rios, riachos, açudes, lagos, lagoas, canais artificiais, etc. Destinados às mais diversas finalidades, a água é um recurso fundamental para a sobrevivência da humanidade e para a multiplicação das espécies vegetais e animais. Tal conjunto pode ser aproveitado para: dessedentação animal, abastecimento de água para consumo humano, irrigação agrícola, geração de energia elétrica, piscicultura, pesca (esportiva e de subsistência), entre outros. Durante o Século XX, muitas barragens foram construídas no estado, principalmente pelo DNOCS, com o propósito de acumular água para mitigar os efeitos das secas prolongadas, visto que o estado têm sofrido historicamente com essa questão. Recentemente, uma série de canais artificiais interligando as principais bacias hidrográficas do estado têm sido construídas.[1][2][3]
O principal rio do Ceará é o rio Jaguaribe, cuja bacia drena todo o sul, o centro e o leste do estado. O norte do estado é banhado por pequenos rios independentes, entre os quais o rio Coreaú, o rio Acaraú e o rio Aracatiaçu. Em geral, os rios do Ceará são temporários, pois durante a estação das secas, eles param de correr, só sendo possível encontrar água escavando-se o leito seco dos rios. Os principais rios perenizados são: o rio Jaguaribe, o rio Acaraú e o rio Curu.
Dentre os açudes construídos no estado, os de maior capacidade de acumulação hídrica são: o Açude Castanhão (6,7 bilhões de m³) o Açude Orós (1,9 bilhão de m³) e o Açude Banabuiú (1,6 bilhão de m³). O volume de água armazenada nos reservatórios ainda é bastante afetada pela má regularidade das chuvas. Também apontam as condições geológicas das áreas onde estão as bacias hidrográficas dos rios cearenses.[4][5]
Canais artificiais
Alguns canais artificiais foram construídos para transportar água e/ou interligar bacias hidrográficas ou reservatórios estratégicos:
Canal da Integração – Possui a finalidade de transportar água do Açude Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza por meio do Açude Pacajús e Açude Gavião.[6]
Eixão das Águas - Conjunto de obras hídricas que realiza a transposição das águas do Açude Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), reforçando o abastecimento, em uma extensão de 255 quilômetros, incluindo o Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Faz a integração das bacias hidrográficas do Vale do Jaguaribe e da Região Metropolitana, sendo beneficiado pela transposição do rio São Francisco e do Canal do Trabalhador, e beneficiando uma população de aproximadamente três milhões de habitantes. É composto por estações de bombeamento, canais, adutoras, além de sifões e túneis.[7][8] Beneficia as comunidades dos municípios de Alto Santo, Jaguaribara, Morada Nova, Ibicuitinga, Russas, Ocara, Cascavel, Pacajus, Horizonte, Itaitinga, Pacatuba, Maranguape, Maracanaú, Caucaia e São Gonçalo do Amarante.[9] A vazão máxima de dimensionamento é de 22 metros cúbicos; desses, 19 metros cúbicos destinam-se ao abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza, incluindo o Complexo Industrial e Portuário do Pecém.[10]
Cinturão das Águas - Conjunto de obras hídricas construídas e em construção no Ceará,[11] que se propõe a realizar a transferência de vazões, advindas do Eixo Norte do Projeto de Integração do rio São Francisco para as Bacias do Nordeste Setentrional (PISFNS), destinadas ao Ceará, com o objetivo de distribuí-las nas principais bacias hidrográficas do estado, alargando as áreas beneficiadas e potencializando os benefícios.[12][13]
Tem uma área de drenagem de 19.829,46 km², correspondente a 13,37% do território Cearense, sendo o Rio Banabuiú, o principal tributário do Rio Jaguaribe. São seus afluentes pela margem esquerda, o Rio Patu, Rio Quixeramobim e Rio Sitiá e pela margem direita apenas o riacho Livramento. Na Bacia do Banabuiú estão inseridos os seguintes municípios: Banabuiú, Boa Viagem, Ibicuitinga, Itatira, Madalena, Mombaça, Monsenhor Tabosa, Morada Nova, Pedras Brancas, Piquet Carneiro, Quixadá, Quixeramobim, Senador Pompeu, Milhã e Jaguaretama. Esta bacia apresenta uma capacidade de acumulação de águas superficiais de 2.816.118.936 bilhões de m³, num total de 19 açudes públicos gerenciados pela COGERH, sendo os maiores: Açude Banabuiú, Açude Pedras Brancas, Açude do Cedro, Açude Fogareiro e Açude Cipoada.[14]
Bacia do Rio Jaguaribe
A grande bacia do rioJaguaribe divide-se em três bacias hidrográficas: Alto, Médio e Baixo Jaguaribe.[15] Tal bacia compreende mais de 50% do estado com seus 633 km de extensão.[16] Os dois maiores reservatórios de água do Ceará são barragens que represam o Jaguaribe, o Açude Orós e Açude Castanhão, com as respectivas capacidades de armazenamento de 2,1 e 6,7 bilhões de metros cúbicos de água. O Açude Castanhão é, ainda, o maior açude do país. Os afluentes mais importantes do rio Jaguaribe são os rios Salgado e Banabuiú.[17]
Bacia do Rio Salgado
Essa bacia apresenta uma capacidade de acumulação de águas superficiais de 447,41 milhões m³, num total de 14 açudes públicos gerenciados pela COGERH, perenizando 270 km de trecho de rio. Os Municípios que compõem a Bacia do Rio Salgado são: Abaiara, Aurora, Baixio, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Caririaçu, Cedro, Crato, Granjeiro, Icó, Ipaumirim, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Penaforte, Porteiras, Umari e Várzea Alegre.[18]
Águas subterrâneas
No Ceará, os aquíferos cristalinos oferecem poucas possibilidades para a captação de água, devido a impermeabilidade das rochas cristalinas. As reservas existentes, nessa área, apresentam uma água de má qualidade, rica em sais, tornando-a imprópria para o consumo. A água de melhor qualidade está em regiões de rochas sedimentares, onde a permeabilidade é alta (Chapada do Araripe, Serra da Ibiapaba, Chapada do Apodi). Há uma falta de recursos para aproveitar o manancial hídrico subterrâneo.