Guido Boggiani (Novara, 20 de Setembro de 1861 — Chaco, Paraguai, 7 de Maio de 1902) foi um pintor, desenhista, fotógrafo, etnólogo italiano que em 1887 aventurou-se pelo interior de Brasil, Bolívia e Paraguai para documentar a vida dos índios da região e comercializar com peles de animais, especialmente dos cervos do Pantanal. Deixou um livro, Os Caduveo[1][2], e mais de 400 fotografias em placas de vidro com retratos de indígenas das etnias Kadiwéu, Bororo, Chamacoco, Toba, Payaguás, Angaites, Lengua, Sanapanás[3].
Nascido em Novara, ao completar 17 anos ingressou na Academia de Brera, em Milão, para estudar pintura, tornando-se discípulo de Filippo Carcano.
Em 1883 expôs pela primeira vez no Palácio de Belas Artes de Roma, nesta ocasião, sua pintura intitulada "La raccolta della castagne".
Aos 26 anos, viajou à Argentina com o objetivo de expor suas telas. Em Buenos Aires, conheceu alguns italianos que viviam no Paraguai e através dos comentários que fizeram, especialmente das áreas do Chaco e dos povos indígenas, seu fascínio pelo Paraguai teve início.
Boggiani chegou a Assunção em 1888, com o intuito de comercializar gado e peles. A seguir realizou sua primeira expedição ao grande Chaco, na qual chegou até Puerto Casado, onde teve seu primeiro contato com os grupos indígenas Guaná e Zanapaná.
Em 1893, retornou à Itália levando consigo uma coleção de interesse antropológico sobre as culturas indígenas e publicou livros referentes à sua experiência.
Retornou a Assunção em 1896, desta vez munido de uma câmera, tripé e outros elementos para o desenvolvimento de placas de vidro. Ele estava convencido de que a única maneira de estudar estes povos, seria vivendo ente eles.
Boggiani legou trinta e oito volumes à comunidade científica, mas foram suas fotografias que ganharam o interesse e a admiração de um público mais amplo, por meio da coleta de materiais da cultura indígena posteriormente enviados ao Museu Etnológico de Berlim.
A câmera serviu à Boggiani como um assistente científico extremamente útil, a qual ele emprestou toda a sensibilidade de seu treinamento artístico. Ele tirou mais de 500 fotografias que ele mesmo revelava no meio da selva.
Em 1901, Boggiani retornou à Itália; regressando em agosto daquele mesmo ano ao Paraguai para iniciar sua última expedição ao “Gran Chaco”.
O explorador registrou com sua câmera as tribos Angaites, Leguas, Sanapanas, Caduceos, Tobas, Payaguás, Bororo e Chamacocos.
Boggiani foi visto pela última vez em 24 de outubro de 1901, junto com seu peão Felix Gavilán, quando partiu de Assunção para o “Gran Chaco”.
Após seu desaparecimento a comunidade italiana de Assunção organizou uma expedição guiada pelo espanhol José Fernández Cancio, que encontrou os restos mortais do cientista e seu peão em outubro de 1904. Os seus crânios haviam sido golpeados pelos nativos e sua câmera foi encontrada enterrada.
Atualmente seus restos mortais estão depositados em um túmulo no Cemitério Italiano de Assunção.
A Sociedade Fotográfica Argentina de Aficionados (SFAA), em 1904, publicou uma série de retratos enviados por Boggiani. Eles também foram publicados pelo Museu de Antropologia de La Plata.
Bibliografia
- BERTELLI, Antônio de Pádua. Os índios cavaleiros Guaycurús: fatos e acontecidos entre 1526 - 1986 no Pantanal do Mato Grosso. São Paulo: Uyara, 1987. (com ilustrações de Guido Boggiani)
Referências
Ligações externas