A Guerra Civil na República Dominicana de 1965, também conhecida como Revolução de Abril de 1965, é um dos eventos mais importantes da história recente da República Dominicana. O conflito começou quando partidários civis e militares do presidente constitucionalmente eleito Juan Bosch depuseram o presidente Donald Reid Cabral. Esse grupo pretendia restaurar o governo do presidente Juan Bosch, deposto por um golpe de Estado em setembro de 1963, o primeiro governo democraticamente eleito pelas urnas depois da execução do ditador Rafael Leónidas Trujillo. O golpe de Estado de 1965 levou o general Elías Wessin y Wessin a organizar milícias leais ao presidente Reid (conhecidas como lealistas), iniciando uma campanha contra os chamados rebeldes constitucionalistas.[3] As alegações de apoio estrangeiro aos rebeldes levariam a uma intervenção dos Estados Unidos no conflito sob o pretexto de impedir o estabelecimento de outro governo comunista do hemisfério ocidental,[4] que mais tarde se tornaria uma ocupação da Organização dos Estados Americanos (OEA) no país. Eleições foram realizadas em 1966, nas quais Joaquín Balaguer seria eleito para a presidência. Mais tarde, no mesmo ano, tropas internacionais se retiraram do país.
Histórico
Após um período de instabilidade política depois do assassinato do ditador dominicano Rafael Trujillo em 1961, o candidato Juan Bosch, um fundador do Partido Revolucionário Dominicano (PRD), foi eleito presidente em dezembro de 1962 e empossado em fevereiro de 1963. Suas políticas inclinadas a esquerda, incluindo a redistribuição de terras e a nacionalização de certas explorações estrangeiras, levaram a um golpe militar sete meses mais tarde por uma facção militar de direita liderada pelo General Elías Wessin y Wessin.
O governo de Bosch foi muito peculiar na história dominicana até então: um governo livremente eleito, liberal e democrático que expressava preocupação com o bem-estar de todos os dominicanos, particularmente aqueles de circunstâncias modestas, cujas vozes nunca tinham sido ouvidas antes no Palácio Nacional. A constituição de 1963 separou a igreja e o estado, garantiu direitos civis e individuais, e endossou o controle civil dos militares. Essas e outras mudanças, como a reforma agrária, atingiram os latifundiários e os oficiais militares conservadores como radicais e ameaçadoras, particularmente quando justapostas contra três décadas de autoritarismo sombrio sob Trujillo. A hierarquia da Igreja Católica Romana também se ressentia da natureza secular da nova Constituição, em particular a sua disposição para o divórcio legalizado. A hierarquia, juntamente com a liderança militar e a elite econômica, também temiam a influência comunista na república e advertiram sobre o potencial de "outra Cuba". O resultado dessa preocupação e oposição seria um golpe militar em 25 de setembro de 1963.[5]
O golpe efetivamente renegou as eleições de 1962, instalando uma junta civil, conhecida como Triunvirato. O chefe inicial do Triunvirato, Emilio de los Santos, renunciou em 23 de dezembro e foi substituído por Donald Reid Cabral. O Triunvirato nunca conseguiu estabelecer sua autoridade sobre as facções conservadoras concorrentes dentro e fora das forças armadas; também nunca convenceu a maioria da população de sua legitimidade. A insatisfação generalizada com Reid e seu governo, juntamente com a persistente lealdade a Bosch, produziu uma revolução em abril de 1965.[6]
A vanguarda da revolução de 1965, os perredeistas (membros do PRD) e outros apoiantes de Bosch, autointitularam constitucionalistas (uma referência ao seu apoio à constituição de 1963). O movimento contou alguns jovens oficiais militares entre suas fileiras. Uma combinação de militares reformistas e combatentes civis tomaram às ruas em 24 de abril, capturou o Palácio Nacional, e instalou Rafael Molina Ureña como presidente provisório. A revolução assumiu as dimensões de uma guerra civil, quando forças militares conservadoras, lideradas pelo general do exército Elías Wessín y Wessin, contra-atacaram os constitucionalistas em 25 de abril. Essas forças conservadoras se chamavam legalistas. Apesar dos ataques de tanques e dos bombardeios pelas forças legalistas, no entanto, os constitucionalistas mantiveram suas posições na capital; e pareciam estar preparadas para assegurar o controle de todo o país.[6]
Intervenção dos Estados Unidos
Em 28 de abril, os Estados Unidos intervieram na guerra civil. O presidente Lyndon B. Johnson ordenou forças que, eventualmente, totalizaram 20 mil, para assegurar Santo Domingo e restaurar a ordem. Johnson havia agido na crença declarada de que os constitucionalistas eram dominados por comunistas e que, portanto, não poderiam ser permitidos tomar o poder. A intervenção subsequentemente recebeu alguma medida de aprovação hemisférica pela criação de uma força de paz patrocinada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) - a Força Interamericana de Paz - que completou a presença militar dos Estados Unidos no país. Um governo interino inicial foi chefiado pelo assassino de Trujillo, Antonio Imbert Barrera; Héctor García Godoy assumiria a presidência provisória em 3 de setembro de 1965. As escaramuças violentas entre lealistas e constitucionalistas prosseguiriam esporadicamente até que as eleições fossem organizadas.[6]
Referências
Bibliografia
- Moreno, Jóse (1973). «El Pueblo en Armas». Revolución en Santo Domingo. [S.l.]: Editoria Madrid, Editorial Tecnos
- Grimaldi, Víctor (1985). «El diario secreto de la intervención norteamericana de 1965». Revolución en Santo Domingo. [S.l.]: Editoria Amigo del Hogar, Santo Domingo
- Taveras, Fafa (1990). «Abril, la liberación efímera». (testimonio y análisis). [S.l.]: Ediciones Bloque Socialista