Ao longo de sua vida, Greene esteve em vários países bem distantes da Inglaterra, aos quais ele se referia como lugares selvagens e remotos do mundo. Em 1935, visitou a África (especialmente Serra Leoa e Libéria), onde, além de buscar material para seus artigos do Times e para um futuro livro (Journey Without Maps), também prestou serviços à Anti-Slavery and Aborigines' Protection Society[1][2]
As viagens o levaram a ser recrutado pelo MI6, o serviço secreto britânico, por meio de sua irmã, Elisabeth, que trabalhava para a organização, e ele foi enviado para Serra Leoa durante a Segunda Guerra Mundial.[3] Assim, de 1941 a 1943, ele trabalhou para a inteligência britânica, em Freetown. Muitos de seus romances, a partir de então, tiveram como tema ou pano de fundo a espionagem. Kim Philby (que posteriormente descobriu-se ser um agente duplo, ao serviço da KGB) era seu supervisor no MI6 e seu amigo.[4][5] Posteriormente, Greene escreveria o prefácio do livro de memórias de Philby, My Silent War (1968).
Em seus romances, o escritor retrata pessoas que encontrou e lugares onde viveu. Deixou a Europa pela primeira vez aos 30 anos de idade, em 1935, rumo à Libéria. Essa viagem seria a inspiração para o livro Journey Without Maps.[6] Sua viagem ao México em 1938, para observar os efeitos da campanha anticatólica do governo, que promovia a secularização forçada, foi paga pela editora Longman[7] e assunto de dois livros.
O seu primeiro livro de sucesso foi O Expresso do Oriente (1932). Dentre outras obras, incluem-se O Poder e a Glória (1940), Our Man in Havana (1958, "Nosso homem em Havana"br e "O Nosso Agente em Havana"pt) e O Fator Humano (1978). Muitas de suas obras foram transformadas em filmes, como por exemplo O Ídolo Caído. Suas obras falam muito de situações políticas de países pouco conhecidos e aos quais viajava frequentemente, como Cuba e Haiti.
Outra temática frequente em sua obra é a religião. Tendo se convertido ao catolicismo em 1926, os dilemas morais e espirituais de sua época eram representados por intermédio de suas personagens. Graham Greene era considerado o maior 'escritor católico' da Grã-Bretanha, apesar de sua resistência em ser retratado dessa maneira.
Existem peças teatrais de sua autoria, como "O amante complacente" (The Complaisant Lover), 1959, publicado no Brasil em 1966 pela Editora Itatiaia, "O galpão do jardim" (The potting shed — 1956–1957), "O living room" (The linving room), 1958, "Esculpindo uma estátua", em espanhol Tallando una estatua (Carving a statue), 1964.
Foi também autor de quatro livros infantis: O Pequeno Comboio (1946), O Pequeno Carro de Bombeiro (1950), O Pequeno Ônibus a Cavalos (1952) e O Pequeno Rolo Compressor a Vapor (1953).
Greene e Shirley Temple
Em 1937, Greene era editor da revista literária britânica Night and Day e escreveu uma crítica sobre o filme Wee Willie Winkie (1937), estrelado por Shirley Temple, então com oito anos. O texto assinalava a coqueteria da pequena atriz e o efeito que ela provocava entre homens de meia idade e clérigos. Em consequência desse comentário, Greene foi alvo de um processo judicial movido pela Twentieth Century Fox.[8] Temendo ser preso, o escritor refugiou-se no México, país que não permitia a extradição — e que inspiraria seu livro The Power and the Glory. Afinal, a justiça decidiu em favor do estúdio — concordando com o advogado dos demandantes, que se referiram à resenha de Greene como "uma das calúnias mais horríveis que se pode imaginar". Assim, foi fixada uma indenização de 3 500 libras, das quais £ 500 saíram do bolso de Greene. O restante foi pago pela revista.[9]
A obra The lost childhood and other essays[24] possui a seguinte divisão:
nº série
Título
trecho de páginas
PART 1: Personal Prologue
(# 01)
The lost childhood
11 a 17
PART 2: Novels and Novelists
(# 02)
Henry james : the private universe
19 a 30
(# 03)
Henry James : the religious aspect
31 a 40
(# 04)
The portrait of a lady
41 a 46
(# 05)
The plays of Henry James
47 a 51
(# 06)
The lesson of the master
52 a 54
(# 07)
The young Dickens
55 a 62
(# 08)
Fielding and Sterne
63 a 72
(# 09)
From feathers to iron
73 a 75
(# 10)
François Mauriac
76 a 80
(# 11)
The burden of childhood
81 a 84
(# 12)
Man made angry
85 a 86
(# 13)
Walter de la Mare’s short stories
87 a 92
(# 14)
The Saratoga trunk
93 a 95
(# 15)
The poker-face
96 a 97
(# 16)
Ford Madox Ford
98 a 101
(# 17)
Frederick Rolfe edwardian inferno
102 a 104
(# 18)
Frederick Rolfe: from the devil’s side
105 a 107
(# 19)
Frederick Rolfe: a spoiled priest
108 a 110
(# 20)
Remembering Mr Jones
111 a 113
(# 21)
The domestic background
114 a 115
(# 22)
Isis idol
116 a 118
(# 23)
The last Buchan
119 a 121
(# 24)
Beatrix Potter
122 a 128
(# 25)
Harkaway's Oxford
129 a 132
(# 26)
The unknown war
133 a 138
PART 3: Some Characters
(# 27)
Francis Parkman
139 a 144
(# 28)
Samuel Butler
145 a 147
(# 29)
The ugly act
148 a 150
(# 30)
Eric Gill
151 a 153
(# 31)
Invincible ignorance
154 a 156
(# 32)
Herbert Read
157 a 163
(# 33)
George Darley
164 a 175
(# 34)
An unheroic dramatist
176 a 178
(# 35)
Dr Oates of Salamanca
179 a 181
(# 36)
A hoax on Mr Hulton
182 a 185
(# 37)
Don in Mexico
186 a 188
(# 38)
Portrait of a maiden lady
189 a 191
(# 39)
Mr Cook’s century
192 a 194
(# 40)
Great dog of Weimar
195 a 199
PART 4: Personal Postscript
(# 41)
The revolver in the corner cupboard
201 a 205
(# 42)
Vive le roi
206 a 209
(# 43)
Film lunch
210 a 212
(# 44)
Book market
213 a 216
(# 45)
Bombing Manoeuvre
217 a 220
(# 46)
At home
221 a 228
Observação: No quadro "Obras", as informações quanto ao título em português e nome do(a) tradutor(a) foram pesquisadas em exemplares dos próprios livros ou ainda em registros disponibilizados on-line pela Biblioteca Nacional do Brasil, seja da Biblioteca Nacional de Portugal.
↑Butcher, Tim (2010). «Graham Greene: Our Man in Liberia». History Today Volume: 60 Issue: 10. Consultado em 13 de novembro de 2019. insisted this trip, his first to Africa and his first outside Europe
↑Consta que seria o nº 3 da Coleção Máscaras, da Editora Itatiaia, conforme página 5 no nº 1 dessa coleção, O galpão do jardim, do mesmo Graham Greene - não tendo sido localizado nenhum exemplar para conferir, e, nos registros da Biblioteca Nacional consta que o nº 3, da Coleção máscaras, da Editora Itatiaia é Oh! Oh! Oh! Minas Gerais, de Jonas Bloch e Jota Dângelo, de modo a levar à conclusão que não chegou a ser publicado naquela oportunidade
↑Greene, Graham, A última palavra e outras histórias, Editora Record, Rio de Janeiro-São Paulo: 1990, p. 4
↑ISBN 85-01-04463-6, Record, Rio de Janeiro/São Paulo, tradução de Raffaella de Filippis, 1995
↑Foi transformado em filme com o título Went the Day Well? (No Brasil Quarenta e oito horas), em 1942, pelo cineasta brasileiro Alberto Cavalcanti (1897-1982), segundo nota da tradução no prefácio da obra, bem como nas "orelhas" do livro, assinadas por João Domenech Oneto
↑Publicado antes também em Nineteen stories, de 1947, segundo o prefácio do livro
↑Publicado originalmente em 1929 no Oxford Outlook
↑ Livros do Brasil, Lisboa/Portugal, tradução de Miguel Freitas da Costa, 2019
↑ Perfil Libros Bitácora, Buenos Aires/Argentina, tradução de Carlos Gamerro, 1998, 98 p.
↑ ISBN: 848130073X, pela Colección 'Las novelas del verano' do jornal El Mundo e pela revista Unidad, volume 37, Madrid. 1998, 95 p., Traducción de Jorge Casellas, Antonio Padilla, Carles Serrat.