Nascido na capital pernambucana, Gilvan José Meira Lins Samico era o penúltimo de seis filhos de um casal de classe média do bairro de Afogados. Na adolescência, depois de dois empregos frustrados, o pai percebeu a aptidão do filho para a ilustração e o levou ao professor, pintor e arquiteto Hélio Feijó.
Em 1971, convidado por Ariano Suassuna, passou a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular. Sua produção era particularmente voltada à recuperação do romanceiro popular e à literatura de cordel. Suas gravuras são povoadas por personagens da bíblicos, lendas e animais fantásticos, com reduzido uso da cor e de texturas.
Os quarenta anos de gravura do artista foram comemorados em 1997 com uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.
Em 2011, a Bem-Te-Vi Produções Literárias lançou o livro Samico, com texto do crítico de artes plásticas Weydson Barros Leal, apresentação de Ariano Suassuna e a reprodução de 64 gravuras, sendo uma inédita, na capa, criada especialmente para o livro, além de pinturas, a maioria jamais exposta antes. O livro recebeu o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Arte do Ano, em 2012. Em 25 de Novembro de 2013, com 85 anos, faleceu Gilvan Samico, um dos maiores talentos que a historia já teve.
Em 2015 suas obras participaram da Bienal de Artes do Mercosul e da Bienal Internacional de Curitiba. Em 2016 a 32a Bienal de São Paulo destacou o artista exibindo 51 obras suas, parte das quais compõem em 2017 o programa itinerante do evento nas cidades de Campinas e São José do Rio Preto (SP), Garanhuns (PE) e Bogotá ( Colômbia). Ainda em 2017 a exposição "Samico Between Worlds - Rumors of War in Times of Peace" mostrou suas obras na cidade de Nova York (USA).
Crítica
Ferreira Gullar em seu livro Relâmpagos dedicou um capítulo inteiro à obra de Samico, cujo texto começa assim:
É uma linguagem clara, límpida, mas plena de ecos. Ela é assim jovem e arcaica. A linha, que Samico traça, para definir as figuras é também expressiva em si mesma como linha, tem intensidade e melodia. É uma gravura sem truques, sem retórica, sem falsas emoções. É tudo gráfico: o que está ali está ali, à nossa vista.
É, então, por ter encontrado seu caminho dentro da maravilha que é a arte popular brasileira, que o mundo de Samico aparece com tanta força e novidade, harmonizados, nela, todos os contrastes e violências.