Embora o pensamento especulativo possa ser traçado na história chinesa desde a dinastia Xia,[1] a filosofia chinesa corresponde ao pensamento filosófico que foi desenvolvido na China no século XIX.[2] Se caracteriza pelo aspecto prático, procurando orientar o ser humano sobre como se portar com harmonia em sua vida cotidiana, em oposição à especulação teórica pura típica da filosofia grega. O conceito de união com a natureza e o conceito de forças opostas Yin Yang do taoismo também são elementos capitais na filosofia chinesa, bem como a ênfase na benevolência, justiça, retidão e respeito à autoridade. Como uma de suas obras fundamentais, cita-se o "Livro das Mutações", ou I Ching.[3]
Precedentes
A filosofia chinesa tem seus primórdios em priscas eras, com tratados e prolegômenos sobre ética e política. Uma das obras mais antigas, e que veio a influenciar toda a filosofia chinesa posterior, foi o I Ching (Livro das Mutações), um oráculo que foi criado antes de 1000 a.C. e que veio a ser adicionado de vários comentários ao longo dos séculos. A idade de ouro da filosofia chinesa aconteceu no final da dinastia Zhou (século X a.C. - século III a.C.), que foi um período de grande instabilidade social no país. Nesse período, surgiram muitas escolas filosóficas que procuravam explicar e encontrar uma saída para o caos social do período. Essas escolas costumam ser agrupadas sob a denominação cem escolas de pensamento, e abrangem os principais ramos da filosofia chinesaː confucionismo, taoismo, moísmo, escola dos nomes (ou escola dos lógicos), legalismo e yin yang.
Durante a dinastia Han (206 a.C.-220), o confucionismo se tornou a ideologia de estado. A filosofia chinesa se expandiu a partir dos estudos dos doutos confucianos, e seu conhecimento, a par da benevolência e justiça, se tornou capital para a escolha dos mandarins e administradores imperiais chineses. Os livros mais estudados no período foram os chamados Cinco Clássicos. Destacou-se o nome de Dong Zhongshu.
Os que preconizam a inexistência de uma filosofia de bases não gregas apontam, como principal justificativa, que todos os sistemas de pensamento de origem oriental (inclusive a filosofia chinesa) e africana, seriam, sempre, especulações acerca de conceitos teológicos, a não constituir uma filosofia dita com propriedade.[5] Outros estudiosos, no entanto, consideram, este, um argumentofalacioso e incorreto. Segundo estes estudiosos, as filosofias não europeias também estiveram fora da esfera exclusivamente teológica, abordando temas de ética, estética, entre outros, de modo que dizer que somente o Ocidente possui filosofia seria usar de um argumento não apenas logicamente falho, mas também eurocêntrico.[6] Apesar disto, o termo filosofia em chinês só aparece em 1874 como uma importação cultural advinda do Japão.[7]