Um farol ou faro[1] é uma estrutura elevada, habitualmente uma torre, equipada com um potente aparelho ótico dotado de fontes de luz e espelhos refletores, cujo facho é visível a longas distâncias.[2]
São instalados junto ao mar, na costa ou em ilhas próximas, tendo o objetivo de orientar os navios durante a noite.
As fontes de alimentação da luz foram melhorando, tendo sido o azeite substituído pelo petróleo e pelo gás, e posteriormente pela electricidade. Paralelamente, foram inventados vários aparelhos óticos, que conjugavam espelhos, refletores e lentes, montados em mecanismos de rotação, não só para melhorar o alcance da luz, como para proporcionar os períodos de luz e obscuridade, que permitiam distinguir um farol de outro.
Historicamente, este tipo de construções ganhou características temporais e sociais, sendo dotados de características distintas de zonas para zonas.
Atualmente são construções de alvenaria que incluem para além da torre (geralmente redonda para minimizar o impacto do vento na estrutura), a habitação do faroleiro, armazéns, casa do gerador de emergência, a "casa da ronca" (onde estão instalados os dispositivos de aviso sonoro que são utilizados em dias de nevoeiro).
Frequentemente associado aos faróis e aos faroleiros surge um outro personagem: os afundadores. Este termo designa aqueles que criavam falsos faróis com o intuito de atrair os navios para zonas perigosas, causando o seu afundamento, para posteriormente saquearem os destroços. Em Portugal esta prática nunca assumiu a dimensão que teve no norte da Europa, pois ao contrário do que aí acontecia, os salvados de um naufrágio em Portugal pertenciam à Coroa e não a quem os recuperasse.
Nos tempos antigos, o farol era uma lâmpada a óleo ou, com menos frequência, uma lâmpada a gás. Com o tempo, a lâmpada elétrica assumiu quase completamente.
Lâmpada a óleo
Em lâmpadas maiores, é importante para uma boa queima constante que o óleo esteja a uma certa altura no queimador. Esta condição é satisfeita na lâmpada de nível, onde a altura do óleo no queimador é regulada automaticamente. O óleo vai de um recipiente maior para o recipiente de nível — o nível — e desta parte para o queimador. A altura do óleo no queimador e o nível tornam-se constantes pelo fato de que a entrada de óleo do tanque maior só ocorre quando o óleo no tanque de nível é abaixado durante o estado normal e cortado novamente quando este foi alcançado. Para queimadores menores, geralmente são usadas lâmpadas, cujo recipiente é achatado para que o nível do óleo não varie muito durante a queima. O queimador tem de 1 a 10 pavios — de acordo com a ordem do farol — colocados um ao redor do outro para que o ar possa ter livre acesso entre os pavios. Cada pavio é ligado a um suporte de pavio, equipado com cremalheiras engatadas com engrenagens em parafusos de ajuste. A chaminé de vidro está disposta fora das mechas, que, para subir ainda mais a tiragem, é continuada em cima de um cano metálico, no qual há amortecedores para regular a tiragem. O queimador não é aparafusado, mas um tubo da borda inferior do queimador é colocado frouxamente sobre o tubo do recipiente. A vedação é fornecida por uma trava de mercúrio. Desta forma, é assegurada uma rápida mudança de queimador. Para lareiras menores colocadas em locais de difícil acesso, use lamparinas a óleo com recipiente grande e plano e pavio especialmente preparado que pode queimar por vários meses sem necessidade de supervisão.
Lâmpadas a gás
O gás de carvão comum encontrou pouco uso em faróis maiores. A razão para isso são os grandes custos para a construção de gasodutos e para o atendimento. Apenas na Irlanda o gás de carvão tem sido usado em maior medida. A lâmpada para esses queimadores está equipada com um grande número de queimadores a gás comuns divididos em grupos; o grupo do meio ainda está queimando, enquanto os outros grupos podem ser adicionados quando o estado da atmosfera requer uma luz mais brilhante. Os queimadores de gás podem ser concebidos como "queimadores de flash" e "queimadores de queimador fixos" abrindo e fechando o gás e usando um aparelho de lente de queimador fixo. Além disso, o gás de carvão tem sido utilizado em faróis portuários com gasoduto da usina de gás da cidade. Somente com o advento do gás comprimido e da rede de incandescência a gás o gás passou a ter um uso cada vez maior na iluminação do farol. A compressibilidade permitia que o gás pudesse ser transportado em contêineres relativamente pequenos, de modo que não fosse necessário instalar usinas de gás especiais em cada farol, mas estas poderiam ser fornecidas a partir de algumas usinas maiores, de onde os recipientes de gás podem ser transportados por mar ou por terra até o local de uso. Além disso, pode-se usar a pressão do gás como uma força motriz para abrir e fechar o gás, através do qual se pode automaticamente dar personalidade aos caras, pois os períodos de luz e escuridão podem ser variados de maneiras diferentes, assim como o consumo de gás pode ser economizado e constante supervisão evitada. Além disso, o gás pode ser usado para desempenho automático de outras funções, como sinais de neblina.
A lâmpada elétrica
A lâmpada elétrica para faróis tem sido a tendência atual, já que a eletricidade pode ser gerada por alternadores, que, juntamente com os geradores eólicos ou placas solares podem ser instaladas no edifício do farol ou construções anexas. Com instalação elétrica adequada a energia gerada é conduzida para lanterna. Devido à grande intensidade da luz de lâmpadas elétricas em relação ao tamanho da chama obtida por combustão, o aparelho de lente para um queimador elétrico pode ser consideravelmente menor do que com um queimador de óleo.
A luz emitida pelos faróis pode ser de vários tipos:
Fixa (F) — Luz contínua com intensidade e cor constante
Ocultações (Oc) — A duração da luz é maior que a duração da obscuridade
Isofásica (Is) — A duração da luz e da obscuridade são iguais
Relâmpagos (R) — A duração da luz é menor que a duração da obscuridade
Cintilante (Ct) — A duração da luz e da obscuridade são iguais, mas com relâmpagos muito rápidos, (mais de 50 relâmpagos/minuto)
Alternada (Alt) — Luz que apresenta alternadamente cores diferentes
O alcance da luz dos faróis varia de acordo com vários fatores, tais como a potencia do aparelho ótico, localização do observador, etc, pelo que é expresso de duas formas diferentes:
Alcance luminoso — distância máxima que a luz pode ser vista em função da potência da luz do aparelho, da transparência atmosférica e da capacidade ótica do observador;
Alcance nominal — é o alcance "oficial" do farol, aquele que vem indicado nas carta hidrográfica, Lista de Faróis e outras publicações oficiais (Expresso em milhas náuticas — nM ). É o alcance luminoso de um farol verificado num determinado momento de homogeneidade atmosférica e com visibilidade média de 10 milhas náuticas.
Para o cálculo do alcance é fundamental ter conhecimento da altura (a distância entre a base e a luz) e a altitude (a diferença entre o nível médio do mar e o plano focal da luz).
Cor
A cor da luz dos faróis pode variar de acordo com convenções:
Branco (br) — é a cor tradicional, mais usada, na luz dos faróis
Encarnado (e) — o vermelho é utilizado em faróis na entrada de barras, canais, rios, portos e docas, indicando que a embarcação tem de dar bombordo à luz
Verde (v) — o verde é utilizado em faróis na entrada de barras, canais, rios, portos e docas, indicando que a embarcação tem de dar estibordo à luz
Nota: o texto entre parêntesis é válido para as indicações em língua portuguesa Nota: a indicação do bordo a dar é válido para a Região A (IALA A) do Sistema de Balizagem Marítima. No Brasil é adotado o sistema IALA B (em que o vermelho/encarnado mostra que a embarcação tem de dar boreste à luz e o verde mostra que a embarcação tem de dar bombordo à luz).
Luzes de navegação
Luzes de navegação ou luzes de bordo. Um veleiro tem uma vermelha (vm) a bombordo e uma luz verde (vd) a estibordo além de uma luz branca (farol de mastro). Ao cruzarem-se fazem-no a ver a luz vermelha do outro.[3]
Código Internacional de Luzes
Cor
Amarela (Y) — Yellow
Azul (Bu) — Blue
Branca — (W) — White
Laranja (Or) — Orange
Verde (G) — Green
Vermelha — (R) — Red
Violeta (Vi) — Violet
Classe da Luz
Tabela I
Classe da Luz
Característica
Abrev.
Definição
Exemplo
1. FIXA Fixed
F
Luz que se apresenta contínua e uniforme e de cor constante
F R
2. OCULTAÇÕES Occulting A duração total da emissão luminosa em cada período é maior do que a duração total da obscuridade e os intervalos de obscuridade (ocultações) têm habitualmente a mesma duração.
2.1 OCULTAÇÕES SIMPLES Single-occulting
Oc
Uma ocultação repete-se regularmente.
Oc R 6s
2.2 OCULTAÇÕES AGRUPADAS Group-occulting
Oc(x)
Grupos de um determinado número de ocultações repetem-se regularmente.
Luz semelhante à de Ocultações Agrupadas, com a exceção de que grupos sucessivos, no mesmo período, contêm números diferentes de ocultações.
Oc(2+3) W 18s
3. ISOFÁSICA Isophase
Iso
A duração da emissão luminosa e a duração da obscuridade são iguais.
Iso R 4s
4. RELÂMPAGOS Flashing A duração total da emissão luminosa em cada período é menor que a duração total da obscuridade e as aparições de luz (relâmpagos) têm habitualmente a mesma duração.
4.1 RELÂMPAGOS SIMPLES Single-flashing
Fl
Luz de relâmpagos em que um relâmpago se repete regularmente (a uma frequência inferior a 50 relâmpagos por minuto).
Fl G 5s
4.2 RELÂMPAGOS LONGOS Long-flashing
LFl
Uma emissão luminosa, de duração igual ou superior a 2 segundos (relâmpago longo) repete-se regularmente.
LFl W 10s
4.3 RELÂMPAGOS AGRUPADOS Group-flashing
Fl(x)
Grupos de um determinado número de relâmpagos, repetem-se regularmente.
A sequência dos relâmpagos é regularmente interrompida por intervalos de obscuridade de duração longa e constante.
IUQ R 6s
8. CÓDIGO MORSE Morse Code
Mo(x)
As emissões luminosas têm durações nitidamente diferentes e estão agrupadas de modo a formar um ou mais caracteres do código MORSE.
Mo(K) G 6s
9. FIXA DE RELÂMPAGOS Fixed and flashing
FFl
Luz que combina uma luz fixa com uma luz de relâmpagos com uma intensidade luminosa mais forte. A luz de relâmpagos pode ter qualquer das características descritas em 4.
FFl Y 5s
10. ALTERNADA Alternating
Al
Luz que apresenta alternadamente cores diferentes. NOTA — As luzes alternadas podem ser usadas em conjunto com a maioria das classes de luzes anteriores.
Portugal tem uma notável história marítima. Velejadores Portugueses lançaram e lideraram a Idade das Descobertas Europeias e os navios Portugueses têm vindo a encontrar o seu caminho de regresso a casa, a partir dos longínquos cantos do mundo, desde há cerca de 600 anos. Não surpreende que os faróis tenham desempenhado um papel importante na cultura Portuguesa, e que sejam hoje monumentos nacionais muito acarinhados.
Desde 1892 que está atribuída à Marinha Portuguesa a responsabilidade pela manutenção da rede de faróis na costa de Portugal.
A Direcção de Faróis (DF) foi criada em 1924. É o organismo da DGAM que tem por missão a direcção técnica das ajudas à navegação, coordenando o estudo, instalação, manutenção e extinção das mesmas a nível nacional.
Referências
↑S.A, Priberam Informática. «faro». Dicionário Priberam. Consultado em 20 de maio de 2023
↑Portugal. Instituto Hidrográfico (2003). Ajudas à Navegação. Lista de Luzes, Bóias, Balizas e Sinais de Nevoeiro. 1 6ª ed. Lisboa: I.H. 154 páginas. ISBN972-8486-23-5