A Fábrica do Miranda, igualmente conhecido como Fábrica Miranda ou Fábrica de Moagem Miranda, é um edifício histórico na vila da Odemira, na região do Alentejo, em Portugal. É considerado como um dos principais monumentos de Odemira, simbolizando a antiga dinâmica industrial da vila.[1]
A fábrica foi fundada em 1898, pelo industrial lisboeta Manuel António de Miranda, que também esteve envolvido na construção da ponte rodoviária, nos finais do século XIX.[4] É a mais antiga estrutura industrial deste tipo no concelho, e a de dimensões mais consideráveis.[5] A instalação desta unidade afirmou a indústria da moagem como a segunda maior função económica no concelho nos principios do século XX, sendo superada apenas pela corticeira.[2] A isto se devia a abundante produção de cereais no concelho de Odemira, principalmente de trigo.[6] Com efeito, nessa época existiam 93 moinhos de água e 74 movidos a vento no concelho, que no entanto já não eram capazes de satifazer as necessidades.[5] Porém, apesar da abundância das matérias-primas e das lenhas utilizadas como combustível, as operações de moagem foram prejudicadas pelas más condições das vias rodoviárias e os preços dos transportes.[5]
Na década de 1920, o complexo foi alvo de obras, que provavelmente consistiram na ampliação e instalação de equipmentos para o descasque de arroz.[5] Com efeito, nas edições de 1935, 1943 e 1951 do Anuário Comercial de Portugal surge como uma unidade para o descasque deste cereal.[7] A fábrica encerrou na década de 1970, após ter passado por um longo período em crise.[4]
Em Abril de 2012, a Câmara Municipal de Odemira promoveu um curso sobre apicultura nas antigas instalações da fábrica.[8] Em Abril de 2014, foi organizada uma tertúlia no edifício, durante a qual se explicou a história da antiga fábrica, a importância que teve na vila durante o seu funcionamento, e a laboração das unidades industrais de moagem no concelho.[9] Este evento contou com a participação de vários antigos trabalhadores da fábrica e do historiador António Martins Quaresma, e foi organizado no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios e das comemorações da Revolução de 25 de Abril de 1974 em Odemira.[9]
Em Julho de 2019, a Câmara Municipal apresentou o Plano Estratégico e Operacional de Valorização para o Rio Mira, durante a Feira das Atividades Culturais e Económicas do Concelho de Odemira, tendo sido previsto um pacote de intervenções no património natural e histórico daquele curso de água, incluindo a reconversão da antiga Fábrica do Miranda num centro interpretativo do rio.[10] O edifício seria igualmente o ponto final de um percurso temático ligado ao rio.[11] Este plano também contemplava a reabilitação urbana da vila de Odemira, da qual a intervenção na antiga Fábrica do Miranda era considerada como o principal elemento.[12]
Em Julho de 2021, já estava em fase de contrato a empreitada para reconstruir a cobertura do edifício, que nessa altura era utilizado como sede de vários serviços municipais.[1]
↑ abcItinerário Odemira(PDF). Odemira: Câmara Municipal de Odemira. 2019. p. 18-19. Consultado em 20 de Março de 2022
↑GORDALINA, Rosário (2012). «Fábrica Miranda». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 20 de Março de 2022
↑Concelho de Odemira. Album Alentejano: Distrito de Beja. Lisboa: Imprensa Beleza. 1931. p. 169. 216 páginas. Consultado em 20 de Março de 2022 – via Biblioteca Digital do Alentejo
QUARESMA, António Martins (2009). Cerealicultura e Farinação no Concelho de Odemira: da Baixa Idade Média à época contemporânea. Odemira: Câmara Municipal de Odemira. 124 páginas. ISBN978-989-8263-02-5
Leitura recomendada
QUARESMA, António Martins (2017). Moagem industrial em Odemira: A Firma Miranda, Lda. Odemira: Câmara Municipal de Odemira. 131 páginas. ISBN978-989-8263-12-4
QUARESMA, António Martins (1989). Odemira - Subsídios para uma Monografia. Volume II. Odemira: Câmara Municipal de Odemira