Estêvão Hagiocristoforita

Estêvão Hagiocristoforita

Morte de Hagiocristoforita em iluminura de Jean Colombe em As Passagens do Exterior (c. 1473)
Nascimento 1130
Morte 11 de setembro de 1185
Nacionalidade Império Bizantino
Religião ortodoxia cristã

Estêvão Hagiocristoforita (em grego: Στέφανος Ἁγιοχριστοφορίτης; romaniz.: Stéphanos Hagiochristophorítes; ca. 1130 (894 anos) - m. 11 de setembro de 1185) foi o mais poderoso membro da corte do imperador Andrônico I Comneno (r. 1182–1185) que foi morto por Isaac II Ângelo (r. 1185-1195; 1203-1204) quando este tentava prender Isaac.

Vida

Estêvão Hagiocristoforita teve origem humilde. O arcebispo Eustácio de Salonica registra que seu pai foi um coletor de impostos. Na segunda metade do reinado de Manuel I Comneno (r. 1143–1180), Hagiocristoforita tentou ligar-se à corte imperial, mas foi confrontado pela hostilidade da aristocracia. De fato, segundo Eustácio, quando tentou seduzir uma dama aristocrática e tomá-la como esposa para subir sua posição, foi publicamente flagelado e teve seu nariz cortado.[1][2] No entanto, sua determinação foi recompensada, e ele foi capaz de subir na hierarquia administrativa, finalmente sendo nomeado ao ofício de mestre do exército (administrador do exército), que ele aparentemente recebeu de Manuel I e reteve-o durante o curto reinado de seu filho, Aleixo II Comneno (r. 1180–1182).[3]

Hagiocristoforita continuou em seu posto quando a rebelião de Andrônico I Comneno colocou-o no trono, um evento que marcou uma mudança radical em sua fortuna. Dentro de pouco tempo, Hagiocristoforita estabeleceu-se como o novo ministro mais confiável e poderoso do imperador.[3] Junto com Constantino Trípsico e Teodoro Dadibreno, Hagiocristoforita estrangulou Aleixo II com uma corda de arco em setembro/outubro de 1183, deixando Andrônico como imperador único, um feito pelo qual foi recompensado com a posição de pansebasto sebasto e o posto de logóteta do dromo.[1][4]

Em setembro de 1185, o descontentamento em Constantinopla estava fervilhando contra o regime de Andrônico: rumores populares diziam que uma imagem celebrada de São Paulo estava derramando lágrimas, e mesmo um adivinho da corte, Esclero Sete, havia predito que o nome do sucessor de Andrônico começaria com "I".[5] Andrônico e seus apoiantes interpretaram que este indivíduo era o jovem aristocrata Isaac Ângelo, e em 11 de setembro decidiram agir: enquanto o imperador retirou-se para um palácio nos subúrbios asiáticos da cidade, Hagiocristoforita e seus apoiantes foram à casa de Isaac Ângelo próximo do Mosteiro de Periblepto. Isaac de início entrou em pânico, mas então resolveu lutar, e, empunhando uma espada e cavalgando um cavalo, atacou seus atacantes. Confrontado com este ataque inesperado, Hagiocristoforita virou-se e fugiu, mas Isaac acertou-o na cabeça e deixou-o morto. Após ferir os atacantes e forçá-los a fugir, Isaac galopou pela via Mese à Santa Sofia, gritando para a população de seu feito.[6][7] Assim conduzido por um ato aberto de sedição, e com a população na retaguarda, no dia seguinte Isaac foi corado imperador pelo patriarca Basílio Camatero, enquanto Andrônico fugiu e foi capturado e executado alguns dias depois.[8]

Reputação

A ascensão deste "mais célebre dos arrivistas" (Charles Brand) para tal poderosa posição, sua arrogância e crueldade, e sua cumplicidade no assassinato de Aleixo II e no governo cada vez mais tirânico de Andrônico, com seus expurgos sangrentos da aristocracia, fizeram Hagiocristoforita um objeto de ódio da elite tradicional, como atestado nos escritos de contemporâneos e historiadores subsequentes.[1][9] Nicetas Coniata descreve o papel de Estêvão nas proscrições como o "cabeça e chefe" dos partidários de Andrônico, "cuja voz trovejante colidiu através do palácio, varrendo [...] todos que foram considerados suspeitos por Andrônico."[10] De fato, Coniata registra que seu sobrenome, literalmente significando "Transportador do Santo Cristo" — embora provavelmente refletindo um lugar de origem dedicado a São Cristóvão[11] — foi popularmente mudado para Anticristoforita (Ἀντιχριστοφορίτης), literalmente significando "Transportador do Anticristo", pois, nas palavras de Coniata, "ele foi o mais vergonhoso dos partidários de Andrônico, cheio com toda maldade".[9][12] Da mesma forma, o irmão de Nicetas, o arcebispo de Atenas Miguel Coniata chama-o "o nervo de ferro da tirania", enquanto um "diálogo da morte" escrito após a queda de Andrônico descreve-o, com a cabeça ainda cindida em duas, tentando taxar os mortos no Hades de modo a pagar por sua passagem no barco de Caronte.[13]

Referências

  1. a b c Kazhdan 1991, p. 895.
  2. Savvides 1994, p. 348.
  3. a b Savvides 1994, p. 349.
  4. Savvides 1994, p. 349–350.
  5. Savvides 1994, p. 350–351.
  6. Savvides 1994, p. 351–352.
  7. Magoulias 1984, p. 188–189.
  8. Magoulias 1984, p. 189–193.
  9. a b Savvides 1994, p. 350.
  10. Magoulias 1984, p. 185.
  11. Savvides 1994, p. 347.
  12. Magoulias 1984, p. 162–163.
  13. Savvides 1994, p. 352–53.

Bibliografia

  • Magoulias, Harry J. (1984). O City of Byzantium, Annals of Niketas Choniates. Detroit, EUA: Wayne State University Press. ISBN 0-8143-1764-2 
  • Savvides, Alexis G. K. (1994). «Προσωπογραφικό σημείωμα για τον Βυζαντινό στρατηλάτη Νικηφόρο Ξιφία». Βυζαντινή προσωπογραφία, τοπική ιστορία και βυζαντινοτουρκικές σχέσεις (em grego). Atenas: Κριτική Ιστορική Βιβλιοθήκη. ISBN 960-218-089-7 

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