Esquadra de Evoluções foi uma esquadra naval da Armada Imperial Brasileira composta dos melhores navios de sua época em diversas características. Foi criada no ano de 1884 com o intuito de desenvolver novas táticas navais inspiradas nas táticas austríacas na Batalha de Lissa (1866) onde sua força naval enfrentou e derrotou a esquadra italiana, que era muito superior.
Antecedentes
Após o fim da Guerra do Paraguai o Brasil, preocupou-se em reparar os danos causados nas suas embarcações, reequipando-as e transformando a Armada na quarta mais poderosa marinha de guerra do mundo.[1] A partir de 1870, com a também possibilidade de um conflito com a Argentina, o Império brasileiro teve por objetivo fortalecer ainda mais a sua Armada. Em 1873 adquiriu uma canhoneira e uma corveta; um encouraçado e um monitor em 1874 e logo em seguida dois cruzadores e mais um monitor.[2][3] Na década de 1880, a marinha continuou com seu programa de fortalecimento da mesma com diversos arsenais brasileiros construindo dezenas de navios de guerra.[4] Quatro torpedeiros foram comprados, foi criada a Escola Prática de Torpedos para praças e instalou-se uma oficina de fabricação e reparo de torpedos e aparelhos elétricos no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro em 30 de novembro de 1883.[5] Este mesmo Arsenal construiu as canhoneiras a vapor: Iniciadora, Carioca, Camocim, Cabedelo e Marajó, além do patachoAprendiz, todos com cascos de ferro e aço, e não mais de madeira (os primeiros do tipo construídos no país).[4] Contudo, o ápice da Armada Imperial ocorreu com a incorporação dos encouraçados de alto mar Riachuelo e Aquidabã (ambos dotados de tubos lança-torpedos) em 1884 e 1885, respectivamente. A obtenção destes navios possibilitou o Brasil permanecer “entre as potências navais do universo”.[6]
Com todo esse reaparelhamento a marinha se preocupou em ter entre seus oficiais comandantes o mais alto grau de eficiência em comunicações e manobra de seus navios.[7]
A esquadra
No dia 19 de agosto de 1884, com o intuito de fortalecer ainda mais a armada brasileira, tendo como um dos objetivos se tornar uma das mais poderosas forças navais da América do Sul,[8] foi criada a Esquadra de Evoluções pelo Aviso n° 1541A. Os navios da esquadra concretizavam todo o avanço que a mecânica, a termodinâmica, a ótica e a eletricidade emprestavam à estrutura dos navios, à sua artilharia e à sua mais nova arma: o torpedo.[7] A Alta Administração da Marinha Imperial estudou a possibilidade de por em prática as táticas empregadas pelos austríacos na Batalha de Lissa em 1866. Mesmo em menor número (sete encouraçados e 20 navios de madeira com 532 canhões) conseguiram impor uma derrota às forças navais italianas (doze encouraçados e dezenove navios de madeira com 641 canhões).[9] Tais táticas demonstravam a dominação dos mares pelas armadas encouraçadas, agrupadas em esquadras compostas por unidades com alto grau de eficiência em comunicações e manobra.[7] O primeiro comandante da esquadra foi atribuído ao Chefe-de-Esquadra (posto que hoje corresponde a Vice-Almirante) Artur Silveira da Mota, Barão de Jaceguai. Os objetivos da esquadra eram:
- Habilitar os Oficiais da Armada na aplicação dos princípios da moderna tática naval;
- Exercitar Oficiais e Praças no uso das armas ofensivas e defensivas da guerra marítima e nas operações de desembarque e ataque de fortificações;
- Estudar a melhor tática a ser adaptada nas Flotilhas de Torpedeiras, quer operem estas isoladamente, quer por combinação com os navios de combate;
- Organizar um novo regimento de sinais adaptados à tática naval moderna;
- Manter, em toda a Esquadra, o mais vivo espírito militar e a mais severa disciplina.
A Esquadra de Evoluções teve vida curta. Logo após a ascensão de João Maurício Wanderley, Barão de Cotegipe, como chefe de gabinete (1885-1888), alegando razões de ordem econômica, dissolveu a esquadra naval, tendo grande oposição de seu comandante o Barão de Jaceguai. Este último alegou perseguição por parte de Cotegipe, visto que Jaceguai era abolicionista e Cotegipe escravocrata.[8] Cotegipe foi o único senador do Império a votar contrariamente à aprovação da Lei Áurea e, ao cumprimentar a princesa Isabel logo após a assinatura dela, profetizou: "A senhora acabou de redimir uma raça e perder o trono!"'
Após mais de 130 anos, a Marinha do Brasil ainda se preocupa em aparelhar e atualizar a técnica de seus serviços. Nas áreas tradicionais como o campo marítimo ou terrestres e celestes e mais recentemente a guerra cibernética os marinheiros cumprem com os seus deveres, assim levando o sucesso às operações.[10]