As eleições gerais no Equador foram marcadas para agosto e outubro de 2023. O processo eleitoral foi iniciado após o presidente Guillermo Lasso invocar a Muerte cruzada, convocando eleições antecipadas para a presidência e a Assembleia Nacional. Lasso decidiu não concorrer à reeleição.
Os políticos eleitos, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo, cumprirão o restante dos atuais mandatos presidencial e legislativos (2021-2025). Espera-se que uma eleição regular para um mandato completo de quatro anos ocorra no início de 2025.
No segundo turno, realizado em 15 de outubro, o deputado Daniel Noboa foi eleito presidente.
No segundo turno da eleição de 2021, o empresário Guillermo Lasso foi eleito presidente ao derrotar Andrés Arauz, ex-ministro no governo de Rafael Correa.[1] Na campanha, Lasso defendeu o livre mercado e menor intervenção do Estado na economia, enquanto Arauz priorizava uma intervenção estatal mais ampla.[2] Apesar da vitória, a coligação de Lasso elegeu uma minoria na Assembleia Nacional, com 30 de 137 assentos.[3] Em março de 2023, a Assembleia aprovou com 88 votos a continuidade do processo de impeachment contra Lasso, sob a acusação de ter sido leniente com desfalques pactuados por empresas estatais, no que ficou conhecido como Caso Encuentro.[4] Lasso apresentou sua defesa pessoalmente em 16 de maio, declarando: "o que está em jogo não é a viabilidade de um governo, mas do Equador como Estado. Estamos arriscando a alma de nossa democracia, com suas regras de conduta e instituições."[5]
Em 17 de maio, Lasso invocou o artigo 148 da Constituição, dissolvendo a Assembleia Nacional e convocando eleições legislativas e presidencial. Foi a primeira vez que o mecanismo, conhecido como Muerte cruzada, foi utilizado.[6] Lasso anteriormente havia descartado que dissolveria o parlamento, de modo a preservar a estabilidade do país. No entanto, o presidente justificou a convocação de novas eleições pois "todos os esforços do legislativo estão voltados para desestabilizar o governo com um julgamento político infundado. Neste momento estão promovendo um suposto crime de peculato por omissão que não existe em nossa legislação, com o qual querem garantir que eu seja politicamente responsável por não ter agido contra um caso de corrupção."[7]
Processo eleitoral
O Conselho Nacional do Equador convocou as eleições extraordinárias para 20 de agosto de 2023. Os eleitos ocupariam o cargo até 24 de maio de 2025.[8] A legislação eleitoral estabelece a eleição do presidente em dois turnos caso nenhum candidato atinja mais de 50% dos votos válidos, ou 40% e uma vantagem de 10% sobre o segundo colocado.[9] O mandato dura quatro anos, e há a possibilidade de reeleição para outro mandato consecutivo.[10] A campanha eleitoral iniciou em 13 de julho.[11]
Os membros da Assembleia Nacional são escolhidos através de três métodos. Dos 137, 15 são eleitos pelo voto proporcional a nível nacional, 6 pelos eleitores no exterior (2 pelo Canadá e Estados Unidos, 2 pela América Latina e 2 pela Ásia, Europa e Oceania) e 116 por representação proporcional de lista fechada, em distritos que elegem vários parlamentares, com todos os assentos alocados usando o método Webster.[12][10]
Em 22 de maio, o CNE aprovou a realização simultânea com as eleições gerais de uma consulta popular sobre a proibição da exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuní. Foi a primeira consulta popular demandada pelos eleitores, representados pelo Coletivo Yasunidos. No Distrito Metropolitano de Quito, foi autorizada uma consulta popular sobre a proibição da mineração de metais.[13][10]
Candidatos à presidência
O Conselho Nacional do Equador aprovou as seguintes candidaturas:
Candidato
Último cargo
Vice
Partido
Detalhes biográficos
Bolívar Armijos
Presidente da CONAGOPARE (2014-2019)
Linda Espinoza
Movimento AMIGO
Advogado e líder rural de esquerda. Trabalhou com a exploração de madeira e venda de terras. Presidiu o Conselho Nacional de Governos Paroquiais Rurais no governo de Rafael Correa, do qual é próximo.[14][15]
Candidata do correísmo. Possui como candidato a vice-presidente Andrés Arauz, que perdeu no segundo turno de 2021. Formada em Direito, González foi eleita deputada pela Província de Manabí em 2021. No governo Correa, foi ministra da Produção e do Turismo e ocupou ainda funções diplomáticas.[16] Classificou seu movimento político como "progressismo baseado na justiça social."[17]
Xavier Hervas
Nenhum cargo público exercido
Luz Conejo
RETO
Empresário. Fundou seis empresas nos setores de exportação, alimentos, agricultura, indústria, transporte e comércio. Foi candidato à presidência em 2021 pela Esquerda Democrática e alcançou o quarto lugar, com 16,3% dos votos.[18] Na campanha eleitoral, prometeu que seu governo focaria na segurança, obras emergenciais e saúde.[19]
Daniel Noboa
Deputado (2021-2023)
Verónica Abad
ADN
Filho de Álvaro Noboa. Trabalhou como empresário. Foi eleito deputado em 2021, representando a Província de Santa Elena. No Legislativo, presidiu a Comissão de Desenvolvimento Econômico.[20][21] Na campanha presidencial, se negou a classificar sua posição ideológica, afirmando acreditar "na responsabilidade social, na livre iniciativa, na existência de um sistema tributário progressivo para as pessoas mas competitivo nos negócios."[22]
Doutor em Direito.[23] Líder indígena de esquerda,[24] Pérez alcançou a terceira colocação na eleição presidencial de 2021, sendo superado por Lasso por pouco mais de trinta mil votos.[25] Integrou a oposição ao governo Correa e foi detido enquanto participava de protestos, o que aumentou sua popularidade. Elegeu-se prefeito da Província de Azuay em 2019, com 29% dos votos.[23]
Otto Sonnenholzner
Vice-presidente (2018-2020)
Erika Sánchez
Actuemos
Esquerda Democrática
Economista. Trabalhou em meios de comunicação. Foi vice-presidente do Equador de 2018 a 2020. Chegou ao cargo ao ser nomeado pelo presidente Lenín Moreno. O pleito eleitoral de 2023 foi o primeiro em que participou como candidato.[26] Descartou o foco em ideologias, afirmando que tratava-se de uma "candidatura cidadã voltada para a solução de problemas."[27]
Jan Topić
Nenhum cargo público exercido
Diana Silva
Por um País Sem Medo
Empresário. Sendo a primeira vez que disputou um cargo público, reforçou a imagem de "outsider" que não possui um rótulo ideológico. Sua campanha enfatizou temas da segurança pública, prometendo uma "mão firme" contra a insegurança.[28][29]
Jornalista designado para substituir Fernando Villavicencio, que fora assassinado onze dias antes do primeiro turno. Atuou no jornalismo investigativo, com foco em temas envolvendo corrupção, crime organizado e narcotráfico.[30] Coautor do livro El Gran Hermano, pelo qual Rafael Correa foi levado a julgamento.[31]
O candidato a seguir foi assassinado durante a campanha eleitoral:
Jornalista investigativo e sindicalista. Eleito para a Assembleia Nacional em 2021. Ficou conhecido por investigar casos de corrupção e violência, inclusive o narcotráfico. Exilou-se no Peru durante o governo Correa e foi alvo de processos judiciais. Declarava-se de esquerda e defendia a adoção de medidas anticorrupção. Foi assassinado em 9 de agosto de 2023, após participar de um evento de campanha.[32][33]
Houve especulações sobre as candidaturas das personalidades abaixo relacionadas, mas estas se negaram a disputar a presidência:
Carlos Rabascall, candidato a vice-presidente em 2021.[38]
Pesquisas de opinião
Nesta seção, apresenta-se a lista das pesquisas de opinião conduzidas com as candidaturas que foram oficialmente registradas, de acordo com a tabela a seguir: